Bonsucesso terá novas eleições para mandato tampão até 2023
Foto: Raphael Santos A ata da reunião da Assembleia Geral que destituiu Nilton Bittar e Roberto Pinto foi registrada e eles não são mais presidente e vice-presidente do Bonsucesso. Ao longo dos próximos dias, o documento será apresentado à Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro. Pelo rito do clube, novas eleições serão convocadas em 30 dias para que haja um 'mandato tampão' até o fim de 2023.
O Fanáticos pelo Cesso entrevistou com exclusividade o presidente do Conselho Deliberativo, Marcelo Etiene, que irá comandar interinamente o Rubro-Anil durante o período de vacância do cargo administrativo (presidente e vice-presidente geral). Após escândalos internos, Etiene vai sugerir um manifesto, que obrigará o futuro presidente se responsabilizar pela saúde financeira do Bonsuça, muito abalada pelas gestões anteriores.
"A ideia de se lançar um manifesto se faz diante de um estatuto que hoje apresenta uma série de falhas por conta da mudança constante de legislação e também por vermos que não houve compromisso de presidentes anteriores ao se estabelecer um conselho forte, que funcionasse, fosse ativo e se reunisse para deliberar coisas de cada um. Essa vitória que se ratificou hoje se deu basicamente pelo poder do Conselho Deliberativo e que pesou única e exclusivamente pela Assembleia Geral, único poder que pode cassar presidente e seu vice administrativo. A proposta que irei lançar e faço questão de fazê-la publicamente com reuniões de conselhos, os candidatos antes de assumirem, assinarão o manifesto concordando com itens que serão trabalhados com os associados e pessoas que fazem parte do movimento de renovação do clube. Não digo um lado ou outro. Ressalto que todos foram importantes para que isso acontecesse. Espero que eles registrem esse aceite em cartório para que, caso descumpram ou ignorem isso, possam sofrer sanções e serem até cassados por malversação", afirmou Marcelo Etiene complementando.
"A principal (norma) é respeitar as finanças do clube e mantê-la ativa. Hoje, nosso CNPJ está inapto por falta de declarações à Receita Federal há mais de seis anos. Houve uma renegociação em 2021, mas foi no começo do ano apenas para liberar provavelmente esses pagamentos do Mônaco-FRA e em seguida, não foi cumprido, voltando a condição de inapto. Estou tendo um trabalho complicado de reestabelecer uma comunicação com a Receita Federal para que o Bonsucesso tenha reativado o CNPJ e tenha uma boa convivência com empresas, governo, parcerias e compras. O CNPJ é a alma tributária de qualquer empresa", disse.
Marcelo Etiene comentou se a justiça foi feita com a cassação do mandato da última administração do Bonsucesso e se servirá de exemplo para futuros presidentes após mais um dirigente que foi destituído em um curto período.
"Quando se fala em exemplo, temos que entender que as coisas feitas não foram às claras. Demorou-se um tempo para se identificar os problemas. No começo, ele foi muito mais cuidadoso em esconder porque estava sendo desleixado com os próprios passos. O que pode servir de exemplo é a bravura de todos os associados nessa odisseia de tirá-lo de lá praticamente como réu confesso, que criou todas essas situações e depois quis expor as pessoas a situações absurdas e humilhantes já que acreditava que com bons argumentos seria inocentado, ficaria impune e tentaria até uma reeleição. Não permitirei tapetão de ninguém nesta gestão curta que estou fazendo. Quer ganhar? Vai ganhar no voto, na opinião, vai ganhar no projeto, implantação e demonstração do que sente pelo clube. Vamos partir do pressuposto que estejam todos aptos e todos irão concorrer de igual para igual. Inclusive, vamos liberar os canais do Youtube (Bonsucesso TV) e 'O Rubro-Anil' no Facebook e Instagram, para que os candidatos apresentem suas propagandas de vídeos ou fotos com os programas e intenções de governança."
Marcelo Etiene, presidente do Conselho Deliberativo
Foto: Divulgação
O presidente do Conselho Deliberativo comentou se a 'briga política' que paira na Teixeira de Castro por longos anos pode ser dissipada a partir desse novo momento de eleição com transparência.
"É fato que eu seja situação, ainda sou situação, no entanto, partiu de mim tirar o presidente. Não é uma questão de briga politica e sim, juízo de caráter. A briga que existe, sendo claro, não ajudou em nada o Bonsucesso até hoje. Não vejo vantagem para nenhum dos lados. O clube continua lá se deteriorando. Nesse período, não vi ninguém chegar e querer ajudar a pagar a luz, água ou doar um balde de tinta para ajudar o clube..."
Marcelo Etiene explicou o processo que o Bonsucesso terá pela frente até que novas eleições sejam realizadas.
"É necessário entender como está a casa. Sou um ilustre estranho dentro da estrutura do clube. Não fui o eleito (presidente administrativo). Não devo me sentir confortável uma vez que não fui eleito pra isso, fui alçado a isso contra a vontade de algumas pessoas. Não há unanimidade e não quero ser. Quero ser aquele que vai estabelecer critérios de transparência. Quero assegurar que o Bonsucesso terá eleições limpas, abertas e disputadas para que os novos mandatários assumam um compromisso com as próximas gerações. Em 30 dias, quero tornar a torcida rubro-anil um patrimônio imaterial do clube. O nosso hino já começa saudando a torcida, mas a torcida perdeu espaço dentro do Bonsucesso. Ela é um termômetro e precisa acompanhar os jogos, os times, estar juntos, reclamar, ter seu direito de se manifestar. Não existe clube sem torcida. Depois, verificar as questões de licitude. Quem está apto ou não para votar e manter a secretaria blindada. Não quero embaixadas na secretaria. Acho que tenho galardão suficiente para garantir que as coisas serão feitas com lisura. Aqueles que não concordarem comigo, cabe me procurar para conversar", finalizou.
Novas eleições serão convocadas em um prazo de 30 dias. O Bonsucesso estreia na Taça Waldir Amaral, dia 11 de setembro, contra o Barra da Tijuca, no Leônidas da Silva, na Série B2 do Campeonato Carioca.