24/02/2022

TÁ NO LIVRO, COM PAULO JORGE #27



Por: Paulo Jorge


RENÚNCIA E SOLUÇÃO NO BONSUCESSO

A Tribuna de Imprensa, em 1945, trazia no seu periódico a surpreendente renúncia do então presidente Afonso Lobo Leal, figura importantíssima para a construção do novo estádio. Perante o cenário, o Conselho Deliberativo do Bonsucesso reuniu-se para definir quem seria o novo presidente.

Em 9 de agosto daquele ano, o CODE definia que Domingos Vassalo Caruso, grande personagem da Zona da Leopoldina, seria o substituto (temporário) até que se chegasse ao novo nome em consenso. Na quarta-feira seguinte, optou-se por Manoel Valentim Cabalero, o novo presidente rubro-anil.

Cabalero era um uruguaio radicado no Rio de Janeiro e com alta capacidade de negociação para o clube no século passado e grandes serviços prestados ao Bonsucesso. Foi ele quem ao lado de Aníbal Bastos, então diretor de futebol, contratou Leônidas da Silva. Cabalero também foi responsável pela aquisição de Gentil Cardoso para comandar o time e sob sua influência, em pouco tempo o time já possuía sete jogadores negros, algo muito descriminalizado à época.

Não nos esqueçamos que Gradim, outro ídolo da história do Bonsucesso, também foi contratado por interferência de Manoel Cabalero após o jogador chegar ao clube para disputar apenas um torneio de três partidas.

Porém, engana-se quem acredite que Manoel Cabalero tenha sido apenas um dirigente na história centenária do Bonsucesso. Ele também dirigiu a equipe na década de 30. No antigo estádio na Praça de Desportos da Estrada Norte em 6 de abril de 1930, o Bonsuça perderia para o Flamengo por 3 a 1, na estreia do Carioca (AMEA). Cássio, China, Nilton e Vicentino fizeram os gols da partida. 

Flamengo: Amado, Hermínio e Cassilandro; Penha, Darcy Martins e Pedro Fortes; Nilton, Vicentino, Eloy, Agenor e Cássio (Rochinha). Técnico: Amado Benigno.

Bonsucesso: Medonho, Ary II e Heitor; Nico, Eurico e Cláudio; Arubinha, Badu (Neco), Gradim, Bida e China. Técnico: Manoel Valentim Cabalero.   



Fonte: Tribuna de Imprensa (11 de Agosto - Página 7) / Livro: Consagrado no Gramado: A História dos 110 anos do Futebol do Flamengo (Roberto Assaf)

22/02/2022

"O BONSUCESSO ESTÁ COM TUDO..."


Revista Placar destaca bom início de trabalho do clube em 1975
Foto: Reprodução

O Bonsucesso está na 4ª Divisão do Campeonato Carioca atualmente, mas em 1975 a conceituada Revista Placar destacava a importância do clube no cenário estadual e que incomodava o rival Olaria na Leopoldina e o colocava no pelotão de frente do Rio de Janeiro.

A manchete da matéria destacava que o Rubro-Anil tinha 21 mil sócios! Isso mesmo: 21 mil sócios! O que representava a força do Bonsuça no século passado na Zona Norte. Além disso, a publicação informava que o clube tinha em caixa 700 mil cruzeiros para investimentos. 

Em março (1975), a Placar dizia que o Bonsucesso tinha um departamento de futebol qualificado e com as despesas devidamente programadas até agosto. Com uma categoria de base imponente e reforços pontuais, o time começara aquele Campeonato Carioca invicto nos três primeiros jogos e via o Olaria mal das pernas: "O Bonsucesso está com tudo e não está prosa".

Tamanha era a expectativa por aquela temporada que o clube era tido como um dos postulantes a vaga no Campeonato Brasileiro, mas a questão política com a antiga CBD colocou água no chope.

"Os convites são e continuarão a ser políticos. Eu jamais farei pedidos à CBD. Ela tem obrigação de observar os clubes, como observou o Guarani. Falo de futebol, de time, não de clube ou patrimônio. Por que convidar o Americano, de Campos. Por quê? É um convite político. O Americano entra  no lugar do Olaria. E quem vai mostrar contra os clubes dos centros maiores? Vamos trabalhar sério. Talvez a CBD entenda o nosso propósito", disse Paulo Ribeiro, ex-diretor de futebol à Placar.

Com um departamento de futebol autônomo, o Bonsucesso foi com tudo no mercado em busca de reforços. E não foram quaisquer nomes. Sob o comando do técnico Velha, os dirigentes trouxeram jogadores como Samarone, Adãozinho, Marco Antonio, Mickey e Valdir, todos com passagens pelos grandes clubes do Rio de Janeiro.

A Revista Placa destacou que Paulo Ribeiro tinha três pilares para o sucesso do Bonsucesso e um deles era acreditar que a torcida abraçaria a causa pelo alto número de sócios, que poderiam prestigiar os jogos dentro e fora de casa e que os juízes não praticariam 'má fé' contra o Leão da Leopoldina. Inclusive palestras foram feitas com árbitros, entre eles, Arnaldo Cézar Coelho.

O início realmente foi animador. Apesar do empate com o Campo Grande, na Teixeira de Castro, por 1 a 1, o Bonsucesso venceu o Vasco em São Januário, 1 a 0, na 2ª rodada (estreias de Samarone e Marco Antonio) e no jogo seguinte, empatou com o Flamengo em 0 a 0 (estreias de Adãozinho e Mickey).

Incomodados com o estilo de jogo do Bonsuça, Velha, que começou sua carreira como auxiliar de Gentil Cardoso em 1956, se defendeu: 

"Sei e todos sabem que Flamengo, Fluminense, Vasco, America e Botafogo têm mais valores do que o Bonsucesso. Então, se me atacam, tenho de me defender. Antes, o Bonsucesso era atacado sem bola. Ano passado, Abel (Braga), zagueiro do Fluminense, fez dois gols de cabeça na gente. Por quê? Porque ninguém se preocupava com o nosso ataque. Por isso todos nos atacavam com oito ou até nove jogadores. E nossa defesa que se virasse. Agora, temos atacantes que resolvem. Se a defesa adversária sair, leva gol. O que me irrita é ouvir certos treinadores nos acusarem de jogar na retranca. Ora, isso é desculpa. O Jouber disse que o Bonsucesso se realizara com o empate, que somos time pequeno. O melhor que ele poderia fazer seria corrigir os erros do seu time. Ele precisa é ter mais respeito pelo Bonsucesso. 

Raul Quadros que escrevera a matéria retratava: "Mais do que nunca certo de que é um clube grande. Um clube que não atrasa salários - tem até data certa para pagá-los: o dia dez de cada mês - e nada deixar faltar aos seus jogadores".

A realidade atual é diferente. Com muitos problemas financeiros e dívidas nas costas, o clube se mantém de pé por ser uma associação sem fins lucrativos, mas carrega processos trabalhistas incontáveis e uma queda vertiginosa no quadro de sócios ao longo das décadas.

Em 1975, o Bonsucesso terminou o 1º Turno do Carioca em 6º, mas no 2º Turno acabou em penúltimo entre 12 times. No ano passado, na Série B2, o clube foi o 7º sem avançar às semifinais e amarga uma triste realidade distante dos holofotes da elite.  

16/02/2022

VAI COMEÇAR A SÉRIE A2 DO CARIOCA

Rubens Lopes convoca arbitral do Carioca da Série A2
Foto: Úrsula Nery/FFERJ


A FERJ convocou os clubes da Série A2 do Carioca para participarem da Reunião do Conselho Arbitral a ser realizada no dia 22 de fevereiro (terça-feira), às 15h, na sede da entidade, no Maracanã, com o objetivo de analisar, debater e votar os temas constantes da seguinte ordem do dia: 

1) Campeonato Estadual de Profissionais da Série A2 de 2022: 

a) Regulamento;
b) Tabela;
c) Transmissões;
d) Protocolo de segurança e operação dos jogos;

2) Assuntos Gerais.

Os filiados deverão se fazer presentes mediante o comparecimento de apenas um representante, preferencialmente seu presidente, ressaltando-se que além das medidas já adotadas de sanitização ambiental, distanciamento, uso de máscaras, disponibilização de álcool gel e outras, de acordo com as recomendações das autoridades de saúde no combate à disseminação da COVID-19, todos os participantes deverão, ao chegar à FERJ, ser submetidos ao questionário clínico epidemiológico, sendo imperativo para a entrada nas dependências a ausência de dados sugestivos de contagiosidade.

Vão disputar a competição em 2022: Cabofriense, America, Americano, Angra dos Reis, Artsul, Friburguense, Gonçalense, Macaé, Maricá, Olaria e Sampaio Correa. Apenas um dos clubes se garante na elite do futebol carioca no ano seguinte. 

A Segunda Divisão do Estadual tem previsão para começar no mês de maio.

15/02/2022

TÁ NO LIVRO, COM PAULO JORGE #26



Por: Paulo Jorge


O DIA QUE O BONSUÇA “AMASSOU” O VASCO!

Em 1953, Sylvio Pirillo aceitou o enorme desafio de ser treinador do Bonsucesso. Segundo as reportagens da época (Jornal Flan), o salário do novo treinador rubro-anil era considerado extremamente baixo para os padrões do futebol naquela década. De acordo com a publicação, Pirillo recebia apenas 12 mil cruzeiros mensais.

A passagem pelo clube durou até 1955, quando começou a rodar o Brasil por outros times. Na chegada à Teixeira de Castro, Pirillo apostou alto em um elenco disposto a dar a vida para conseguir bons resultados e mostrar valor no futebol carioca.

Exemplo disso foram alguns resultados contra os gigantes clubes do nosso estado. Um empate em São Januário contra o Vasco ganhou destaque nos recortes de jornais. E não foi qualquer jogo. Foi uma partida muito movimentada e com muitos gols. Seis para ser mais exato!

O Vasco jogou muito bem, mas para Pirillo foi o Bonsucesso que teve um jogo perfeito e a igualdade acabou sendo até injusta naquele dia. Pelo Carioca, Soca, duas vezes, e Nicola fizeram os gols do Leão da Leopoldina. Alvinho, duas vezes, e Sabará marcaram para os donos da casa. O jogo foi apitado por Mário Vianna, que posteriormente - no fim da década de 60 - se tornaria comentarista de arbitragem na Rádio Globo. Confira abaixo a ficha do jogo: 

VASCO 3X3 BONSUCESSO

Campeonato Carioca: 1º Turno - 7ª Rodada
Data: 23/08/1953
Local: São Januário
Público:
Renda: Cr$ 39.191,00
Árbitro: Mário Gonçalves Vianna

Vasco: Ernâni, Mirim, Bellini, Ely, Danilo, Jorge, Sabará, Maneca, Ipojucan, Pinga e Alvinho.
Técnico: Flávio Costa

Bonsucesso:
Ari, Duarte, Mauro, Urubatão, Décio, Serafim, Nicola, Jofre, Simões, Soca e Bené. Técnico: Sylvio Pirillo

Gols do Vasco: Alvinho (2) e Sabará
Gols do Bonsucesso: Soca (2) e Nicola



Fonte: Jornal Flan (1953)

03/02/2022

TÁ NO LIVRO, COM PAULO JORGE #25


Por: Paulo Jorge
 

BONSUCESSO NA SELEÇÃO

A seleção Brasileira de Futebol que representou o país pela primeira vez nas Olimpíadas de Helsinki, na Finlândia, em 1952, foi formada basicamente por jogadores amadores. Mas, onde o Bonsucesso se encaixa nessa história? Pois bem, o zagueiro Waldir foi o representante do clube da Leopoldina no torneio.

A campanha foi até considerada boa. Foram duas vitórias e um empate. O Brasil ganha na fase preliminar da Holanda por 5 a 1 e passa por Luxemburgo por 2 a 1, mas quando enfrenta a Alemanha Ocidental, pelas quartas de final, mesmo abrindo 2 a 0 no tempo normal, os alemães buscaram o empate no fim do jogo e venceram na prorrogação por 4 a 2.

O time era formado por Carlos Alberto, Mauro e Waldir; Edson, Adesio e Zózimo; Milton Bororó, Humberto, Larry, Vavá e Jansen. Seis anos depois, Zózimo, Vavá e Humberto Tozzi conquistaram o bicampeonato mundial com a Seleção Principal.

Oficialmente todos os atletas eram amadores, por isso, integravam a Seleção Brasileira, mas muitos deles já tinham uma ”ajuda de custos” e contratos de “gaveta”.

Vavá, pelo que consta, ganhava 4 mil cruzeiros como amador; Jansen sempre foi amador, mas sua transferência custou caro como se fosse um passe; Larry, outro incluído no “amadorismo", tinha mordomias para a época através de sócios do Fluminense. Já Waldir, como militar não tinha contrato, entretanto, recebia um “presente mensal.”

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JOGOS OLÍMPICOS DE 1952


BRASIL 5x1 HOLANDA

Data: 16 de julho de 1952

Local: Estádio Municipal, em Turkku (Finlândia).

Público: 9.809 pagantes.

Árbitro: Giorgio Bernardi (Itália).

Gols: Van Roessel, aos 14; Humberto Tozzi, aos 25; Larry (pênalti), aos 32; Larry, aos 35; Jansen, aos 81; Vavá, aos 85.

BRASIL: Carlos Alberto (Vasco da Gama-RJ), Waldir (Bonsucesso-RJ), Mauro Rodrigues (Fluminense-RJ) e Zózimo (Bangu-RJ); Adesio (Vasco da Gama-RJ) e Édson (Bangu-RJ); Mílton
(Fluminense-RJ), Humberto Tozzi (São Cristóvão-RJ), Larry (Fluminense-RJ), Vavá (Vasco da Gama-RJ) e Jansen (Vasco da Gama-RJ). Técnico: Newton Alves Cardoso.

HOLANDA: Peter Kraak, Johannes Odenthal e Jacques Alberts; Abraham Wiertz, Marinus Terlouw e Louis Biesbrouck; Piet van der Kuil, Marinus Bennars, Johannes Van Roessel, Johannes Mommers e Mathisj Clavan. Técnico: não disponível.



BRASIL 2x1 LUXEMBURGO

Data: 20 de julho de 1952

Local: Park Stadium, em Kotka (Finlândia).

Público: 6.776 pagantes.

Árbitro: Marijan Matancic (Iugoslávia).

Gols: Larry, aos 42; Humberto Tozzi, aos 49; Julien Gales, aos 86.

BRASIL: Carlos Alberto (Vasco da Gama-RJ), Waldir (Bonsucesso-RJ), Mauro Rodrigues (Fluminense-RJ) e Zózimo (Bangu-RJ); Adesio (Vasco da Gama-RJ) e Édson (Bangu-RJ); Mílton
(Fluminense-RJ), Humberto Tozzi (São Cristóvão-RJ), Larry (Fluminense-RJ), Vavá (Vasco da Gama-RJ) e Jansen (Vasco da Gama-RJ). Técnico: Newton Alves Cardoso.

LUXEMBURGO: Fernand Lahure, Camille Wagner e Leon Spartz; Jean Jaminet, Michel Reuter e Fernand Guth; François Muller, Joseph Roller, Julien Gales, Victor Nuremburg e Leon
Letsch. Técnico: não disponível.



BRASIL 2x4 ALEMANHA OCIDENTAL

Data: 24 de julho de 1952

Local: Estádio Olímpico, em Helsinki (Finlândia).

Público: 11.451 pagantes.

Árbitro: Arthur Ellis (Inglaterra).

Gols: Larry, aos 12; Zózimo, aos 74; Schröder, aos 75; Klug, aos 89.

Prorrogação: Zeiter, aos 96; Schröder, aos 119.

BRASIL: Carlos Alberto (Vasco da Gama-RJ), Waldir (Bonsucesso-RJ), Mauro Rodrigues (Fluminense-RJ) e Zózimo (Bangu-RJ); Adesio (Vasco da Gama-RJ) e Édson
(Bangu-RJ); Mílton (Fluminense-RJ), Humberto Tozzi (São Cristóvão-RJ), Larry (Fluminense-RJ), Evaristo (Flamengo-RJ) e Jansen (Vasco da Gama-RJ). Técnico: Newton Alves
Cardoso.

ALEMANHA OCIDENTAL: Rudolf Schönbeck, Hans Eberle, Herbert Jaeger, Kurt Sommerlatt e Herbert Schäfer; Alfred Post e Ludwig Hinterstocker; Georg Stollenwerk, Johann Zeitter, Willi Schröder e Karl Klug. Técnico: não disponível.


Fonte: O Globo, CBF e Flan - Jornal da Semana