13/12/2020

NILTON BITTAR É ELEITO O NOVO PRESIDENTE DO BONSUCESSO SOB DESCONFIANÇA NESTE SÁBADO


Nilton Bittar foi eleito o novo presidente do Bonsucesso em uma eleição realizada neste sábado sob desconfiança. A decisão judicial, na última sexta-feira, permitiu a realização do pleito com chapa única, apesar da ação de sócios que tentam a inelegibilidade do conselho administrativo. A eleição teve 95 votos para a Chapa Verde, um nulo e um branco. 

Ao longo do dia, na sede da Teixeira de Castro, houve bate-boca, reclamações da lista incompleta de sócios aptos para o voto e incerteza se o mandato pelo próximo triênio será cumprido.

O então presidente da Assembleia Geral, Brazelino Vieira não compareceu ao clube. O vice, André Bittar, também não presidiu as eleições. Um outro responsável teria sido colocado à frente do pleito, desrespeitando o estatuto. O
'Fanáticos pelo Cesso' recebeu uma foto do suposto substituto pelas eleições, porém, não conseguimos identificá-lo.

Em contato, Brazelino Vieira confirmou a informação que trouxemos ao longo da semana de que ele está com suspeita da COVID-19.

"Estou em quarentena e não posso sair de casa. Não sei quem presidiu as eleições. Só liguei ao fim da tarde para saber se tudo ocorreu bem e foi tudo certo, mas o resto eu não sei. Não assinei a ata, não pude ir. Tem que ligar para o (Nilton) Bittar ou o pessoal lá. O André Bittar é o vice (da Assembleia), mas estou por fora. Estou mais perdido do que não sei o que com o Bonsucesso", afirmou. 

Pela manhã, antes da chegada da Polícia Militar, o sócio César Augusto e o candidato à presidência tiveram uma áspera discussão.

"Fui votar com as mensalidades pagas, carteirinha do clube e identidade. Porém, o Brazelino Vieira (então presidente da Assembleia Geral) que deveria estar à frente das eleições não compareceu. Perguntei quem estava comandando o pleito, mas jamais vi aquele senhor no Bonsucesso (disse se referindo a quem capitaneou a eleição sem citar o nome). Enquanto eu estava na sede, fui confrontado pelo Nilton Bittar, que me disse que eu não poderia ficar ali. Disse pra ele que pago em dia e frequentava o clube desde a barriga da minha mãe. Portanto, eu tinha direito a permanecer no clube a hora que eu quisesse. Avisei que ninguém me tiraria do Bonsucesso. Ele disse que chamaria a polícia. Avisei pra chamar já que o acusaria de uma série de irregularidades", disse César Augusto.

O sócio proprietário Vitor Maia afirmou que o seu direito a voto também foi decidido de última hora já que seu nome não constava na lista, apesar de estar em dia com as mensalidades.

"Sou sócio proprietário desde 2016, porém, meu nome não estava na ata de votação. Estou com todos os pagamentos na mão. O candidato Nilton Bittar chamou a Dona Olga (Ribeiro), secretária do clube, que assinou atrás do meu recibo, dando direito a participar. É uma bagunça. Eles não têm o número de eleitores no Bonsucesso", garantiu.

Comprovante assinado no verso pela secretária do clube
Foto: Reprodução

O juiz Ricardo Cyfer, da 10ª Vara Cível do Rio de Janeiro, aguarda o posicionamento do clube e do então presidente Ary Amâncio e de Nilton Bittar até a próxima segunda-feira, antes de dar a decisão na ação movida por beneméritos do clube, que tentam a anulação do pleito por supostas irregularidades e gestão temerária.

Caso o processo seja deferido, a justiça deve promover um interventor que convocará novas eleições. Resta saber quem assinou a ata da eleição? O 'Fanáticos pelo Cesso' tentou contato com o presidente eleito Nilton Bittar, porém ele não atendeu nossas ligações.

11/12/2020

ELEIÇÕES DO BONSUCESSO ESTÃO NAS MÃOS DO JUIZ RICARDO CYFER


As eleições do Bonsucesso acontecerão neste sábado, das 9h às 16h, com chapa única de Nilton Bittar, mas o pleito ainda pode ser anulado pelo juiz Ricardo Cyfer, da 10ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, após a ação movida por beneméritos que pedem a inelegibilidade dos integrantes do conselho administrativo por supostas irregularidades no mandato.

Nesta sexta-feira, o juiz indeferiu o pedido de tutela provisória, que suspenderia as eleições amanhã (12). Segundo a decisão, Ricardo Cyfer irá aguardar o prazo dado de 72h, ou seja, até segunda-feira (14), para que o clube se manifeste em juízo depois do mandado.

"A realização das eleições designadas para amanhã, na forma como se apresenta todo o conjunto fático que as caracteriza, com apenas a chapa da situação concorrendo, a eventual vitória dessa chapa apenas fará se prolongar no tempo a situação que hoje se apresenta, contra a qual se levantam os autores.

Ou seja, sagrando-se vencedores os atuais administradores do 1.º réu, a administração destes continuará sendo exercida pelas mesmas pessoas que hoje o fazem, e o objetivo primeiro da presente ação continuará em voga, aguardando-se a regular citação do 2.º e do 3.º réus, o decurso do prazo para manifestação destes sobre o pedido de tutela provisória, para que, enfim, se possa apreciá-lo adequadamente", diz parte da decisão do juiz Ricardo Cyfer.

Na véspera das eleições, a sede na Teixeira de Castro estava fechada e sem movimentação para receber a votação nas próximas horas.


BOCA MIÚDA

O candidato da oposição, Jorge Ribeiro Marques, que teve a chapa impugnada por certidões fora da validade, foi informado pela esposa do então presidente da Assembleia Geral, Brazelino Vieira, que o mesmo estava com sintomas da COVID-19 e que não poderia encontrá-lo para uma nova reunião nesta quinta-feira, após no dia anterior não informá-lo sobre o problema de saúde. 

"Boa noite! Eu sou a companheira do Brazelino, ele está doente. Tá com suspeita de covid 19, está em casa em isolamento. Por encanto (sic) está com tosse, dor no corpo e febre baixa, estou monitorando", diz a mensagem que o Fanáticos pelo Cesso teve acesso.

Jorge Ribeiro Marques alegava prazo curto para entrega de novos documentos para participar das eleições marcadas para a segunda quinzena de dezembro já que sua inscrição era para concorrer em setembro, seguindo a ordem judicial.

Caso não possa participar do pleito, Brazelino Vieira deve ser substituído pelo então vice-presidente da Assembleia Geral, André Estácio Bittar.


NO MUNDO DA BOLA

O juiz Ricardo Cyfer já esteve envolvido em outro episódio ligado ao futebol esse ano. Foi ele o responsável por indeferir o pedido de liminar da Globo, que tentava impedir que o Flamengo transmitisse os jogos na reta final do Campeonato Carioca, baseado na Medida Provisória assinada pelo presidente Jair Bolsonaro.

Em junho, a 'Revista Veja' informou que, o juiz Ricardo Cyfer é rubro-negro e já publicou fotos no Maracanã com a camisa do clube, sendo inclusive, um admirador do ex-jogador rubro-negro, Vagner Love.

10/12/2020

SEDE DO BONSUCESSO SOFRE COM PROBLEMAS ESTRUTURAIS


O próximo presidente do Bonsucesso terá muitos problemas ao assumir tamanha responsabilidade em um clube deficitário. O 'Fanáticos pelo Cesso' recebeu vídeos que demonstram diversas falhas estruturais na sede do clube, na Avenida Teixeira de Castro. Fechado durante os meses mais críticos da pandemia, o conselho administrativo continuou cobrando uma taxa de R$60,00 aos sócios, que procuraram o Blog para reclamar da falta de zelo com uma instituição centenária. O estádio Leônidas da Silva só foi reaberto para receber o elenco, que treinava no local para a disputa da Série B1 do Campeonato Carioca.

Recentemente, o Bonsucesso recebeu uma feira de roupas, acessórios e artesanatos, como forma de captar recursos para reduzir as despesas já que a energia elétrica segue cortada por inadimplemento.

Pelas imagens, o muro dos fundos da sede está deteriorado com acúmulo de lixo, a arquibancada social apresenta mato, o telhado tem falhas, o banheiro está com condições inapropriadas, o ginásio (leiloado) está abandonado e a piscina continua interditada com a água apresentando uma coloração esverdeada. 

Nos últimos dias, funcionários recolocaram o escudo do Bonsucesso na torre da fachada. Parte da arquibancada, onde encontram-se as históricas cabines de rádio, iniciou uma pintura, mas a diretoria alegou que nos últimos dias, as chuvas e um problema com o funcionário responsável pela obra atrasou o andamento da revitalização.


Por ora, as eleições estão mantidas para o próximo sábado com chapa única, encabeçada por Nilton Bittar. O então presidente da Assembleia Geral, Brazelino Vieira, tornou inelegível a chapa de oposição de Jorge Ribeiro Marques, alegando que as certidões entregues estavam fora da validade.

Beneméritos do clube tentam suspender o pleito na justiça alegando supostas irregularidades no mandato, que foi estendido até o fim do ano. O juiz da 10ª Vara Cível do Rio de Janeiro, Ricardo Cyfer, cobrou esclarecimentos de Ary Amâncio, Nilton Bittar e do clube, em um prazo máximo de 72 horas. Todos já foram notificados. Caso ocorra a eleição, os sócios pretendem anulá-la.

09/12/2020

SÓCIOS PEDEM A SUSPENSÃO DAS ELEIÇÕES NO PRÓXIMO SÁBADO


A eleição do Bonsucesso continua tumultuada. Nesta quarta-feira, a oficial de justiça, Ana Cristina Reddo, esteve no endereço da filha do presidente Ary Amâncio Pereira para entregar a intimação para que ele preste esclarecimentos sobre o processo ajuizado pelos beneméritos Cláudio Menezes, Ronaldo Nascimento e George Joaquim Machado, que transcorre na 10ª Vara Cível do Rio de Janeiro, por suposta gestão temerária e prorrogação indevida do mandato à frente do Bonsucesso. Outros ofícios também foram expedidos para o vice-presidente Nilton Bittar e ao próprio clube, todos réus citados na ação.

Como descrito no documento abaixo, a filha de Ary Amâncio, Alba Valéria, informou que o dirigente não estava na residência já que tem um quadro de saúde delicado e encontrava-se na casa de outros parentes. De qualquer modo, a citação ficou sob posse de Alba Valéria para entregar ao genitor.


Até a publicação dessa reportagem, não conseguimos apurar se Nilton Bittar também foi notificado hoje (9). O clube recebeu a intimação. Todos tem um prazo de até 72h para se pronunciarem antes da decisão do juiz Ricardo Cyfer, que pode torná-los inelegíveis.

Ciente do tempo curto até as eleições agendadas para o próximo sábado, o advogado Marcelo Santiago, que defende os sócios do Bonsucesso, ingressou com uma petição pedindo validade na citação do presidente Ary Amâncio e solicitou a suspensão do pleito.

"Eles estão se escondendo das citações para dar tempo para as eleições acontecerem", afirmou Marcelo Santiago.


'DEU CANO'

Em outra linha, Jorge Ribeiro Marques agendou uma reunião no escritório de Brazelino Vieira, em Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro, para apaziguar o cenário tenso das eleições. Porém, o então presidente da Assembleia Geral não compareceu.  O candidato da oposição tentará encontrá-lo novamente nesta quinta-feira. 

O 'Fanáticos pelo Cesso' apurou que Jorge Ribeiro Marques irá apresentar as novas certidões com um recurso, exigindo a participação no pleito, após Brazelino Vieira descartar os documentos no último dia 2, alegando que estavam fora da validade.

Entre uma das contestações está o prazo curto para entrega das declarações já que o edital para as eleições foi publicado no 'Jornal Expresso' no dia 7 de novembro, cinco dias antes do 'deadline' para inscrição das chapas.

A Chapa Azul apresentou a documentação necessária para participar das eleições que poderiam ocorrer três meses atrás, mediante a ordem judicial que tornou Ary Amâncio o último presidente do Bonsucesso até 3 de setembro de 2020. 

A ação dos sócios contesta a prorrogação do mandato até 31 de dezembro de 2020, como o blog já trouxe informações anteriormente. Discute-se a viabilidade de acionar a Polícia Civil, caso não considerem a inclusão da oposição nas eleições.

08/12/2020

FERJ CONSIDERA REABRIR PROCESSO DE RECONHECIMENTO DO TÍTULO DO CESSO NA LIGA SUBURBANA DE 1919

Revista trazia o time campeão do Bonsucesso em 1919
Foto: Reprodução Revista Excelsior

Já imaginou gritar novamente 'É campeão' pouco mais de 100 anos depois? O Bonsucesso aguarda até hoje a solicitação na FFERJ para reconhecer o título da 1ª Divisão da Liga Suburbana de Futebol de 1919. Para entender o contexto é necessário saber o que a história representa.

A competição que abrangia clubes de zonas menos favorecidas do Rio de Janeiro e contava com equipes como Bonsucesso F.C, Engenho de Dentro A.C, Dois de Junho F.C, Confiança A.C, Cascadura F.C, Mavillis F.C, Dramático de Realengo e C. A. Central acontecia paralelamente a Liga Metropolitana de Desportos Terrestres, que possuía os times que mais tarde seriam considerados grandes do Rio de Janeiro.

Perante um esporte ainda elitista, a LSF seguia na contramão e abraçava os jogadores menos favorecidos no futebol desde 1916. O Bonsucesso chegou à elite da Liga após conquistar a Segunda Divisão em 1918. No ano seguinte, em uma edição extremamente politizada e marcada pela desistência de algumas equipes, como o Engenho de Dentro (era o tricampeão) que perdeu jogadores para o Vasco da Gama, o Rubro-Anil da Leopoldina 'passou o trator' para faturar o caneco. Foram oito vitórias, cinco empates e apenas duas derrotas na campanha.

O 'scratch' do Bonsucesso tinha: Mingote; Alamiro (um dos fundadores do clube) e Sinhô; Mathias, Bacharel e D. Julia; Flávio, Caballero, Doca, Martins e Basilio.

Historiador do clube, George Joaquim Machado já trouxe informações sobre a competição no Blog Fanáticos pelo Cesso através da coluna 'Resgatando a História' em 2010 (confira no link). Em contato novamente com a página, o torcedor demonstra tristeza com a falta de resposta da FERJ.

"
Publiquei matérias sobre o cenário preconceituoso do futebol carioca, da conquista do Bonsucesso e a crítica contra a Federação de Futebol do Rio de Janeiro por não reconhecer nosso clube em sua galeria de campeões da primeira divisão. Em 2010, comecei essa campanha pelo reconhecimento de nosso título e em 2011, o presidente José Simões abraçou a causa. O presidente Rubens Lopes nos atendeu gentilmente para receber o ofício do Bonsucesso na sede da entidade. Era um requerimento para que a Federação aceitasse o titulo suburbano como título carioca", frisou George Joaquim que complementou.

"A Federação tinha um link dentro de seu site que organizava por ano um quadro de campeões. E dentro desse quadro havia até o título 'fantasma' de 1912 do Botafogo. Então, se a Federação reconhecia títulos fantasmas de outras equipes, deveria também reconhecer os títulos suburbanos. Rubinho aceitou o ofício e prometeu que seria criada uma comissão para estudar o nosso pedido. Depois desse encontro com o presidente da FERJ, nunca mais se falou no assunto", garantiu o elaborador do requerimento que também é benemérito do clube.

Em entrevista ao jornalista Silvio Barsetti, do Estado de São Paulo, em 2011, o ex-presidente José Simões afirmou que tentaria resgatar a história legítima do clube, documentada em arquivos da época já que o próprio Bonsucesso não tinha subsídios para sustentar o pedido.

"Os troféus estão espalhados, a história, fragmentada. Quero recuperar a memória do clube", disse o ex-dirigente.

Em contato recente, Zeca Simões afirmou que a FERJ até hoje não se posicionou, mas cobra a legitimidade do título estadual.

"Lamentavelmente a FERJ não se posicionou, apesar de nos reunirmos à época com o presidente Rubens Lopes pedindo o reconhecimento do título."

Na entrevista ao Estado de São Paulo, Sassá, meio-campo que carregou a braçadeira de capitão do Rubro-Anil, ficou empolgado com a possibilidade de reconhecimento do título estadual de 1919.

"Já pensou? Se (o título) for confirmado, isso vai nos valorizar. Estaríamos jogando num clube campeão carioca."

Tivemos acesso ao documento do Bonsucesso que foi entregue à FERJ em 25 de abril de 2011. Confira abaixo:










Procurada, a FERJ encaminhou a seguinte nota oficial: "A Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro reabrirá o processo de postulação do título de 1919, feito pelo Bonsucesso Futebol Clube, mediante a atualização dos documentos pertinentes."

A entidade só não explicou por qual motivo não houve resposta ao longo de nove anos. Caberá ao novo presidente do clube lutar pelo direito do Bonsucesso. O jornalista Silvio Barsetti recolheu notícias da época para comprovar a veracidade do torneio e a importância dada pelos veículos de comunicação. Veja abaixo:


"No espaçoso e bem tratado ground do primeiro (Cascadura), encontrar-se-ão no próximo domingo, 5 do corrente, em disputa do campeonato da 1ª Divisão da Liga Suburbana de Football, as valorosas equipes dos disciplinados clubes (Cascadura e Bonsucesso)..."

Gazeta de Notícias  (03/10/1919)


"Realizou-se no domingo... o jogo de campeonato entre os dois clubes (Dois de Junho x Bonsucesso)... O aspecto da bella praça de sports do Riachuelo era deslumbrante; pois as archibancadas estavam apinhadas de centenas de apreciadores do sport bretão, que applaudiam a cada instante os passes emocionantes dos litigantes... Terminou assim a pugna com um empate de 2 x 2."

Correio da Manhã  (11/11/1919)


"Finalizou domingo último o campeonato da Liga Suburbana de Football com a victoria do Bonsucesso, que obteve 21 pontos, tendo derrotado os clubes Modesto, Central, Cascadura, Dois de Junho, Dramático e Mavilles e empatado com o Riachuelo e Confiança e perdido para o Engenho de Dentro no 1.º turno (...). Assim, na próxima sessão do conselho dessa entidade suburbana será proclamado campeão da 1.ª divisão o Bonsucesso FC."

Jornal do Brasil (12/11/1919)


Fonte: Estado de São Paulo