09/04/2021

FANÁTICO, CÉSAR AUGUSTO NÃO MEDE ESFORÇOS PARA TORCER PELO CESSO: "VOU DE CARONA, JEGUE E CARROÇA"

César Augusto abraçado com a bandeira no Engenhão durante a final  da Copa Rio
Foto: João Carlos Gomes

O Bonsucesso vivenciou um dos piores capítulos da sua história no ano passado ao ser rebaixado para a 4ª Divisão, mas até pouco tempo, o clube se sagrava campeão inédito da Copa Rio sobre a Portuguesa, no Engenhão, por 1 a 0, em 2019. Quem esteve ao lado do clube em todos os momentos e é um 'fanático' de carteirinha é César Augusto, de 59 anos. Sócio rubro-anil há décadas, o torcedor já viveu bons e maus momentos acompanhando o centenário time em diversas partes dos 43.696 km² de extensão do Rio de Janeiro.

César Augusto, que não mede esforços nem mesmo na pandemia para acompanhar o Bonsucesso (acredite se quiser), concedeu uma entrevista exclusiva ao Fanáticos pelo Cesso e contou muitas boas histórias dessa relação com o Bonsuça que vai muito além do futebol. Para César, o Bonsucesso é como um filho e faz parte do seu dia a dia. 

"Eu tinha carro, moto e ia do meu jeito, mas perdi a habilitação após uma blitz da Lei Seca. Agora, vou de carona, ônibus, trem, jegue, carroça...", disse um bem humorado torcedor.

Personagem da reportagem da TV Globo na Copa Rio, César Augusto também foi protagonista da dor de ter sido testemunha ocular do W.O para o Artsul, na Bariri, dias após o aniversário do Bonsucesso de 107 anos. Esse episódio ele considera uma das maiores manchas da história.

"Fui ao clube no dia anterior porque sabia que o antigo gestor tinha atrasado os pagamentos. Estava um disse me disse danado. Vi alguns jogadores um dia antes da partida na Teixeira de Castro conversando com um funcionário. Não cheguei perto porque não me dizia respeito. Sou apenas torcedor. Na saída, perguntei a um deles se teria jogo. Ele me respondeu que sim porque tinham se comprometido a ir. Mas, no dia da partida, um amigo do clube me avisou que o time não entraria em campo. Achei muito estranho porque ajudei a descarregar o material da delegação na Bariri. Na porta do vestiário, um dos atletas que esteve no estádio brincou comigo: 'Quer jogar? Tem chuteira, short e camisa...'. Pensei comigo que isso não poderia ser sério. Saí do vestiário e fui para a cabine porque tinha sido convidado para comentar o jogo por uma rádio web. O tempo foi passando e realmente veio o W.O. Foi a página mais triste que eu vi do Bonsucesso."

César Augusto ainda viveu um episódio curioso nesse 'jogo' já que foi cobrado pela FERJ quanto aos custos da realização do confronto.

"No final, ainda passei constrangimento. Uma funcionária da FERJ veio me cobrar despesas, mas eu não tinha nada a ver com isso. Posteriormente, o clube pagou, mas eu não era dirigente. Sempre fui torcedor. Quem deveria pagar tinha ido embora. Até os responsáveis pelo Olaria me contaram que o Bonsucesso não havia quitado o aluguel do campo. É tudo muito triste."

César sente uma ponta de frustração e indignação até hoje ao relembrar o episódio na Bariri.

"Acompanho o Bonsucesso há muitos anos. Sabemos que o Bonsucesso é um time de bairro e com gestões muito mal feitas, porém, é um clube bem localizado e que está na paixão de muitas pessoas. Saí da arquibancada vendo que tudo estava acabando. Me aborreci muito. É o fundo do poço um W.O. O antigo gestor cometeu um erro imensurável. Ele deixou de pagar jogadores que dependiam daquele salário. Ouvi de um jogador que ele estava trabalhando em obras para colocar o sustento na sua casa já que o clube estava atrasando salários. O pior é que ninguém colocou a cara para responder. Só transferem a culpa. A culpa é da presidência, sim."

Um ano antes, César Augusto tinha motivos para comemorar. Em uma campanha surpreendente, o Bonsucesso levantou o troféu da Copa Rio após derrubar outros favoritos ao título durante a trajetória até a final, no Nilton Santos, o Engenhão. O rubro-anil sempre foi otimista em acreditar ser possível conquistar aquela taça e levá-la para à Teixeira de Castro. 

"Quando o Caio foi expulso e o Emerson (zagueiro) pegou três pênaltis contra o Maricá, nas quartas de final, eu percebi que estávamos com muita sorte. Passamos pelo Boavista também nas penalidades. Depois daquela semifinal ninguém tiraria o nosso título. No dia da final, eu nem dormi direito. Chego até a me... (chora) É muita emoção. Fomos de ônibus para o estádio. Muita gente mesmo. Fomos em peso. Estava muito contente com aquele momento. A Portuguesa estava melhor  no jogo, mas vencemos com um golaço do Denilson acertando a forquilha. Já torci muito para o Bonsucesso nos acessos, mas esse foi o ponto alto da história. Foi algo inédito. Uma emoção fora do comum."

César acompanha o jogo do Bonsucesso na Bariri
Foto: Arquivo Pessoal

César Augusto só lamenta a pouca importância dada pelos dirigentes ao título inédito logo após a conquista.

"Por incrível que pareça, os meninos da torcida fecharam a Teixeira de Castro comemorando o título, mas o clube campeão da Copa Rio estava completamente fechado como se nada tivesse acontecido. Uma conquista memorável, que daria direito a Copa do Brasil, e os caras não abriram o Bonsucesso para nada. O mínimo era abrir a nossa sede para comemorar. Tivemos que comemorar em um bar em frente como se fosse um time de pelada. É inacreditável", salientou.

César Augusto não esconde que a sua paixão pelo Bonsucesso vem desde pequeno e que jamais mediu esforços para estar na arquibancada, por algumas vezes, até mesmo sozinho, mas sempre uma voz ativa para apoiar os jogadores em campo.

"Eu fui morar em Bonsucesso ainda criança. Meus avôs eram daqui. O primeiro estádio que eu entrei foi a Teixeira de Castro. Eu ia a jogos do Merci (supermercado que hoje é o Guanabara) na sexta-feira à noite só pra você ter uma noção do tempo que eu prestigio o clube. Quando eu era menino, os coleguinhas me sacaneavam por eu ser Bonsucesso. Então, como meu tio era Vasco, passei a dizer que era cruzmaltino. Mas, eu não saio da minha casa para ver o Vasco. Saio só para ver o Bonsucesso. Já estive em muitos locais. O último (jogo) foi em Avelar, em Paty do Alferes. Minha paixão é grande e por várias décadas. Já fui a todos os locais: Casemiro de Abreu, Resende, Itaperuna, Cardoso Moreira, Campos... Tudo muito longe (risos)."

César também tem histórias curiosas e até mesmo engraçadas para acompanhar o Bonsucesso nos quatro cantos do estado. 

"Fui uma vez com a delegação quando era adolescente e tive que empurrar o ônibus do Bonsucesso que enguiçou após um jogo contra o Campo Grande, no Italo Del Cima. Era um ônibus de carreira. Saltou todo mundo para empurrar. Apesar do fato inusitado, foi uma farra", disse já recordando de outra lembrança.

"Passamos um sufoco maior contra o Audax. na Sendolândia. Foi uma chuva horrível que pegamos porque os donos da casa não deixaram a gente ir para uma parte coberta. Foi uma tempestade inacreditável. Foi um sufoco a nível de torcer."

César Augusto também sempre foi reconhecido pelas torcidas de massa do Rio de Janeiro e enfatizou que sempre foi bem recebido por todos devido sua paixão pelo clube do bairro.

"Fui assistir Vasco e Bonsucesso com a nossa camisa no meio deles. Levei dois sacos de papel picado. Quando o time entrou, joguei papel picado para o alto. O pessoal ria e me aplaudia. Outros me chamaram de maluco, bêbado... Eu era e sempre fui fanático pelo Bonsucesso."

Em 2015, César relembrou outra passagem da ansiedade em chegar cedo aos estádios para acompanhar cada detalhe da preparação do time para os jogos.

"Fui assistir um jogo Botafogo e Bonsucesso, no Engenhão (derrota por 4 a 0, em 2015) e ao chegar na bilheteria me deparei com a funcionária cochilando. Não entendi bem porque e ela me explicou que minha esposa e eu éramos os primeiros a comprar um ingresso como visitante naquele dia. Botafoguenses me pararam para tirar fotos comigo. Eu sempre prestigiei os jogos com a minha bandeira. Passei inúmeras vezes no meio da torcida do Flamengo e jamais tive problema com torcedor. Pelo contrário. Sempre brincava que não queria brigar com eles."

César Augusto ao lado da esposa Angela
Foto: Arquivo Pessoal

Há mais de dez anos com a inseparável Ângela, César Augusto carrega a esposa para assistir os jogos do Bonsucesso.

"Nós já fomos para rodoviária para esperar um ônibus rumo a Cabo Frio para uma partida às 9 e 30 da noite. Fui com minha esposa. Ela sempre me acompanhou. Ela gosta muito. Minha mãe também já foi comigo aos estádios", disse o filho da dona Maria do Céu.

Uma de suas alegrias era acompanhar as partidas no estádio Leônidas da Silva, que está fechado desde 2014 para partidas oficiais. Ele lembra muito bem como era torcer atrás do gol à esquerda da arquibancada social.

"Fazíamos uma algazarra atrás do gol. O Cortez, do Grêmio, e o William Barbio, ex-Vasco, já sofreram aqui no Leônidas da Silva quando estavam no Nova Iguaçu, por exemplo. Sempre sacaneávamos os goleiros durante o jogo. Tinha goleiro que pedia por favor para pararmos com as brincadeiras. Uma vez, sacaneamos um jogador adversário que tinha uma bunda enorme. De tanto a gente zoar, ele abaixou o calção pro lado da arquibancada. Ele caiu na gargalhada durante o jogo. Era uma diversão. Muita gente também entrava na pilha. Um goleiro saiu correndo atrás de mim para me agredir. Ele tinha sido barrado porque atuou mal contra a gente. No jogo seguinte, na entrada do time, ele me viu quando gritei que ele não agarrava nada. Foi o suficiente para ele vir na minha direção. Estou correndo até agora na Teixeira de Castro. Se ele me pegasse eu estava ferrado!"

Ciente de todos os problemas que atravessa o Bonsucesso, César Augusto não abandona o clube e promete acompanhar novamente o time na Série B2 e na Copa Rio, mesmo se for preciso enfrentar a pandemia novamente e não acredita que a centenária agremiação esteja caminhando para o seu fim. 

"Acabar não acaba porque há apaixonados pelo clube. O problema é a gestão. Até hoje, você paga a mensalidade no papelzinho. Não é bobagem. Não digo que falta capacidade, mas sim, condição de comandar o Bonsucesso. São presidentes que entram pela janela e não conhecem nada do clube. São gestores que prometem e não cumprem. O momento é muito conturbado. Eu estive na eleição e vi o quão difícil tem sido todas as movimentações internas. Meu nome não estava na lista de aptos a voto. Sou sócio adimplente há décadas. Jeito tem, mas precisa colocar pessoas com capacidade", concluiu.

Confira abaixo o emocionante relato de César Augusto na transmissão da Rádio Jovem Carioca, durante o jogo do W.O entre Bonsucesso x Artsul, pela Série B1 de 2020:

08/04/2021

PROCURADOR DA FERJ RESPONDE BENEMÉRITOS: "O BONSUCESSO NÃO APRESENTOU ATA REGISTRADA"

Sandro Trindade é procurador da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro
Foto: Úrsula Nery/FERJ

A vida não anda fácil na Teixeira de Castro para Nilton Bittar. A FERJ mantém-se em compasso de espera quanto à ata da eleição presidencial para que o clube dispute as competições oficiais em 2021. Após a resposta concedida pelo diretor-jurídico Wlademir Monje aos beneméritos, desta vez, o procurador-geral Sandro Trindade também se posicionou via e-mail aos torcedores.

O Fanáticos pelo Cesso teve acesso à carta divulgada pelo representante jurídico da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro, que reafirma o posicionamento anterior e endossa a ausência de documentação que comprove a regularidade do atual mandato. Confira abaixo:

"Prezados, bom dia 

Complementando o aludido pelo Dr. Wlademir, vimos atestar que até o presente momento o Bonsucesso FC não apresentou à FERJ uma ata de eleição devidamente registrada indicando um novo mandatário para o período subsequente ao mandado do Sr. Ary Amâncio.

Vale registrar que o Bonsucesso FC possui plenas condições de dirimir suas questões internas de forma administrativa ou judicial, observada sua autonomia constitucional (artigo 217 da CF) e seu Estatuto. 

Neste sentido, a FERJ permanecerá no aguardo da indicação regular do novo mandatário do clube.

Atenciosamente,

Sandro Trindade
Procurador-Geral da FERJ" 

Veja o que representa o artigo 217 da Constituição Federal:

Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não formais, como direito de cada um, observados:

I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua organização e funcionamento;

II - a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto educacional e, em casos específicos, para a do desporto de alto rendimento;

III - o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não profissional;

IV - a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação nacional.

§ 1º O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei.

§ 2º A justiça desportiva terá o prazo máximo de sessenta dias, contados da instauração do processo, para proferir decisão final.

§ 3º O poder público incentivará o lazer, como forma de promoção social.

Os beneméritos do Bonsucesso tem conversado internamente sobre ações que possam contribuir para a transparência do imbróglio político no clube. O RCPC-RJ voltará a funcionar a partir da próxima sexta-feira com o fim do decreto municipal de combate à COVID-19. Por ora, o Bonsucesso está impedido de disputar as competições oficiais organizadas pela FERJ sem a figura de um presidente. A demora para regularizar a ata da eleição tem causado fissuras no relacionamento interno de dirigentes do clube, que já ameaçam a amigos mais próximos deixar o Conselho Gestor, caso a situação não seja resolvida em breve.

06/04/2021

JURÍDICO DA FERJ CONFIRMA QUE BONSUCESSO ESTÁ SEM PRESIDENTE


O Departamento Jurídico da FERJ ratificou o não reconhecimento do mandato de Nilton Bittar após sete meses da eleição no Bonsucesso, considerada fora do prazo por muitos sócios que reivindicam uma intervenção. O Fanáticos pelo Cesso teve acesso exclusivo a resposta do Diretor-Jurídico da entidade, Vlademir Monje e do Procurador Sandro Trindade aos beneméritos do clube que pediram providências da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro.

A FERJ se absteve de julgar o mérito e através dos representantes por e-mail, dispensou intervir na agremiação, que luta para ter a ata da eleição registrada no RCPC-RJ e posteriormente, na entidade esportiva. Confira abaixo a íntegra do comunicado enviado pela FERJ aos beneméritos:

"Prezados,

Em resposta às colocações feitas via e-mail em 02 de abril de 2021 relacionadas a eventuais irregularidades na administração do Bonsucesso FC, entendemos que não compete à FERJ adotar medida tão contundente como a intervenção, especialmente quando a agremiação possui um estatuto em vigor que, certamente, conta com dispositivos que regulem situações de instabilidade como as que foram relatadas.

Acreditamos que os membros dos Poderes do clube devam encontrar um caminho que leve ao restabelecimento da ordem administrava do tradicional clube, recorrendo à Justiça, se assim entenderem, inclusive para a decretação de interventor judicial para coordenar eventual processo eleitoral, se for o caso.

A Federação de Futebol acatará as decisões emanadas da Justiça, deixando claro que seu estatuto exige que clubes e Ligas filiados apresentem atas devidamente registradas por Cartórios de Pessoas Jurídicas e que o não cumprimento deste requisito faz como que seus associados fiquem em situação irregular e com seus direitos estatutários e desportivos suspensos.

Em relação ao Bonsucesso FC, especificamente, há a necessidade do clube apresentar documento registrado que ateste a regularização de seus mandatários. Esperamos que o clube apresente-se em condições regulares até o início da próxima competição obrigatória da qual deverá participar.

Vlademir Monje"

Na década de 80, o Bonsucesso chegou a sofrer uma rápida intervenção da FERJ sob responsabilidade de Luiz Desiderati, ex-dirigente da entidade. Beneméritos do Rubro-Anil e demais sócios tentam agora a todo custo o amparo legal para que novas eleições sejam proclamadas.

Enquanto as ações no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro não chegam ao fim, Nilton Bittar mantém as rédeas no Bonsucesso e se apoia no gestor do futebol José Agnaldo Sena, que tem assumido as contas e apostado na reformulação da base e no trabalho embrionário para montagem do elenco que tentará retornar à Série B1. A inscrição do elenco, entretanto, necessita do reconhecimento do presidente  na FERJ. A Copa Rio começa em agosto e a 4ª Divisão, em setembro.

BONSUCESSO ULTRAPASSA FRONTEIRA E GANHA 'FANÁTICO' NA ARGENTINA


O centenário Bonsucesso cruzou a fronteira com a Argentina e conquistou um coração 'hermano', que tem difundido todas as informações do clube em espanhol. Com similaridades ao San Lorenzo, o jornalista e torcedor do rubro-anil de Mar Del Plata, Pablo Del Bianco se encantou com o Bonsuça ao descobrir toda a história do clube da Zona Norte do Rio de Janeiro.

Fundado em 2018, o 'Bonsucesso Desde Argentina' é uma página no Facebook que traduz todo o noticiário do clube carioca para os fãs do Leão da Leopoldina, espalhados pela América do Sul, que predominantemente falam espanhol.

Mas como surgiu essa paixão pelo nosso clube?! O Fanáticos pelo Cesso foi atrás de Pablo para conhecer essa ligação que vai muito além das cores que unem os dois times.

"Conheci o Bonsucesso por uma mera casualidade. Estava projetando visitar o Rio de Janeiro e acabei me deparando com um estádio que tinha as cores azul e vermelho, que são as mesmas cores do San Lorenzo, meu clube aqui na Argentina. Adorei o estádio e comecei a pesquisar. Me identifiquei com o clube e o bairro de Bonsucesso. Daí, começou essa paixão desde 2017", disse Pablo.

Encantado com o Rubro-Anil, Pablo Del Bianco citou as semelhanças com o San Lorenzo que fazem os clubes se tornarem coirmãos.

"As semelhanças não ficam apenas nas cores. Possuem as listrar verticais e é uma equipe de bairro, assim com o San Lorenzo. Talvez seja a característica mais acentuada. São bairros importantes em cada cidade. Bonsucesso é um bairro tradicional no Rio de Janeiro assim como San Lorenzo, em Buenos Aires. Outra semelhança atual é que o Bonsucesso não pode jogar em sua casa e o time argentino também ficou muito tempo sem atuar no seu estádio. Em 1979, perdemos nosso local e ficamos até 1995 atuando em outras sedes", afirmou Pablo.

Atualmente, o San Lorenzo joga no Estádio Pedro Bidegain, o Gasômetro, com capacidade para até 47 mil pessoas.

Pablo reconhece que na Argentina os 'hermanos' estão mais adaptados a outros nomes de clubes cariocas, mas a sua paixão pelo Bonsucesso faz expandir o nome do Leão da Leopoldina por toda a Buenos Aires.

"Os argentinos mais apaixonados por futebol sabem quem é o Bonsucesso, entretanto, os mais conhecidos são Flamengo e Vasco da Gama além de Fluminense e Botafogo. Também conhecem outras equipes de São Paulo e Belo Horizonte. Em um segundo escalão no Rio, estão o próprio Bonsucesso, Olaria, America, Portuguesa, Madureira... São clubes tradicionais que eles identificam. Não perco nenhum jogo do Bonsucesso."    

Pablo Del Bianco revelou que já esteve no Rio de Janeiro, mas ainda não conseguiu visitar à Teixeira de Castro.

"Já estive no Rio há muito tempo. Era criança e foi em 1981. Tinha apenas cinco anos quando fui a cidade com minha família. Tenho poucas recordações. Espero visitar com meus filhos. É um dos grandes objetivos da minha vida. É uma visita obrigatória ir à Zona Norte e conhecer o estádio Leônidas da Silva. Espero que até lá, o Bonsucesso já esteja jogando em casa. Torço para voltar à Série A. É um grande caminho porque está na 4ª Divisão. Quero conhecer pessoalmente meus amigos do Bonsucesso. Quero ver nossa torcida rubro-anil. Ficaria encantado", projetou.

Por que criar essa página dedicada as informações do Bonsucesso como um verdadeiro tradutor? Pablo Del Bianco explicou ao Fanáticos.

"A decisão de criar a página parte da união de duas paixões. A primeira que me despertou pelo Bonsucesso e suas histórias. Sou jornalista esportivo e gostaria que o clube fosse ainda mais conhecido na Argentina. Queria criar um canal de informações no nosso idioma, o espanhol. Por isso, criei o canal em 2018. São três anos e estou muito contente com a aceitação que tivemos. Os irmãos cariocas nos aceitaram com muito afeto também", disse o criador da página 'Bonsucesso Desde Argentina'.

Nos gramados brasileiros, Leônidas da Silva foi um dos maiores craques que já tivemos, porém, Pablo Del Bianco 'puxou a sardinha' para os argentinos.

"Para mim Maradona é o maior jogador de todos os tempos. Sou 'Maradoniano'. Vivi 1986, a Copa do Mundo do México. Foi o momento que mais desfrutei com 10 anos de idade. Vi também o Mundial de 1990. Foram os dois melhores mundiais do Maradona. Seus últimos dias foram muito tristes. Ele segue sendo o meu ídolo. Quanto ao San Lorenzo, considero Silas o maior jogador da nossa história. Ele foi campeão em 1995. Romagnoli também é outra fera. Foi campeão em 2001 e 2002", citou.

O Bonsucesso só volta a campo a partir de agosto. Enquanto isso, estaremos na torcida pelo San Lorenzo, que enfrenta o Santos, hoje à noite, às 21h30, no Gasômetro, pela abertura da 3ª Fase da Pré-Libertadores.

Se não for pedir muito, que o Papa Francisco, torcedor declarado do San Lorenzo, também nos abençoe.

Acompanhe o 'Bonsucesso Desde Argentina' pelo Facebook e também no Twitter pelo @CessoDesdeARG.

05/04/2021

CRIA DO BONSUCESSO, CHAY É UM DOS DESTAQUES DA LUSA NO CARIOCA

Chay foi uma das revelações do Bonsucesso e deixou o clube cedo rumo à Ásia
Foto: Arquivo Pessoal

O Bonsucesso se caracterizou ao longo das últimas décadas como celeiro de bons jogadores. Um dos últimos a surgir no clube foi o atacante Chayene, atualmente na Portuguesa. Autor de dois gols (sobre o Fluminense e Botafogo) no Carioca, o jogador vem despertando o interesse de outros clubes em mais uma boa temporada pela Lusa.

Chay, como é atualmente chamado, deixou a Teixeira de Castro muito cedo rumo à Ásia. Após participar da Série B do Carioca em 2020, ele foi contratado pelo Muangthong United, da Tailândia.

"Fui (para o Bonsucesso) através de um amigo, que considero um irmão. Ele jogava lá e surgiu essa oportunidade de me levar para ser avaliado. Fui aprovado e foi uma passagem muito bacana. Comecei a me destacar e ficava intercalando entre os profissionais e os juniores. Foi um período de muita aprendizagem", afirmou Chay em entrevista exclusiva à Rádio Globo/CBN

O atacante era um dos destaques da campanha do Bonsucesso, que terminou a Primeira Fase da Segunda Divisão do Estadual na 2ª posição do Grupo B, com 26 pontos, dois a menos que o Sendas. Ele ainda defendeu o Songkhla FC, antes de voltar para o Muangthong United. Passou ainda pelo Esan United e Buriram FC até chegar ao Kedah FA, da Malásia, em 2012.

"Após me destacar no Bonsucesso, fui perguntado pelo ex-preparador do clube, Leonardo Neiva, se tinha o interesse de jogar no exterior. Ele tinha ido para Mianmar e foi quem intermediou a minha ida para o Muangthong United, onde assinei contrato por três anos", afirmou.

Chay foi campeão pelo Flamengo no Fut7
Foto: Arquivo Pessoal

Chay trouxe uma informação reveladora para explicar o motivo da sua volta ao Brasil após duas temporadas na Ásia. Segundo ele, um acidente no Rio de Janeiro custou a sua continuidade no exterior.

"Foi uma decisão que poucas pessoas sabem. Eu recebi uma nova proposta e sai da Tailândia para o Kedah FA, da Malásia. Nesse período, vim para o Brasil. Eles me deram 15 dias de férias porque o calendário na Malásia e na Tailândia são diferentes. Queria aproveitar esse período para me revigorar e rever minha família, mas acabei sofrendo um acidente de bala perdida no terceiro dia de descanso no Rio. Isso prejudicou meu rendimento porque não alcancei meu auge físico para poder ajudar o (novo) clube. O treinador não estava com muita paciência. Em comum acordo, acabamos rescindido. Essa rescisão demorou a sair e a janela acabou fechando na Tailândia, onde eu tinha outras propostas. Voltei para o Brasil, isso me desanimou, coloquei na cabeça que eu não queria mais porque era injusto, mas o processo de adaptação lá foi bem tranquilo. Estava há dois anos e meio e a decisão de voltar foi apenas pelo desânimo como fui tratado", desabafou Chay.

O ex-jogador do Bonsucesso sempre foi considerado promissor, porém essa dificuldade na carreira após ser mais uma vítima da violência no Rio de Janeiro fez o atacante refugar nos seus sonhos.

"Fiquei realmente desanimado com o futebol. Não tinha empresário, logo após, fechei com uma empresa, mas como o mercado tailandês não estava tão em alta, foi tudo se tornando ainda mais difícil pra mim. O que aparecia não era interessante e o tempo foi passando, diferente do que eu apostava", afirmou.

Chay é um dos destaques da Portuguesa com dois gols no Carioca
Foto: Nathan Diniz / AAP

Sem chances no campo, Chay apostou no Fut7, e na modalidade do society, ele se tornou um dos principais nomes com as camisas do Flamengo, Fluminense e Botafogo nos quatro anos seguintes. O sucesso o levou até a Seleção Brasileira, onde foi campeão da Copa América e do Mundial.

"O Fut7 nunca passou pela minha cabeça. Sempre joguei futebol de campo e desde menino só pensava nisso. Aprendi muito o que é o comprometimento tático e jogo curto. Foram as coisas que eu trouxe comigo", disse na entrevista à Rádio Globo/CBN.

Após o período na categoria, Chay aceitou o convite do Bela Vista, da 3ª Divisão do Rio, em 2017, para voltar aos gramados. Em seis jogos, foram quatro gols, o que rapidamente o levou para o Mogi Mirim, no ano seguinte. Apesar das boas atuações, o atleta não conseguiu evitar a queda do time paulista para a Série A3.

Chay foi campeão da Taça Santos  Dumont pelo America em 2019
Foto: Arquivo Pessoal

Após uma passagem pelo Rio Branco-AC, Chay voltou ao Rio de Janeiro para defender o America, em 2019. No Alvirrubro, o atacante foi campeão da Taça Santos Dumont e vice-campeão da Série B1 do Carioca. Logo depois, Chay chegou à Portuguesa, da Ilha do Governador, e tem sido um dos principais nomes nas duas edições da Série A do Estadual. Em 2020, foi o artilheiro do time com quatro gols. Já em 2021, ele soma dois.

"A Portuguesa foi um divisor de águas na minha vida. Você fica naquele período desacreditado, mas o clube acreditou em mim. As coisas aconteceram e seguem acontecendo. O clube é muito importante pra mim. Almejo voos altos o tempo todo. Trabalho forte a minha mente diariamente pra isso. Me vejo vestindo a camisa de um clube de mais visibilidade. Hoje, me sinto mais preparado e qualificado para isso. Espero meu momento", afirmou o atacante de 30 anos.