Por: Paulo Jorge
O MAIOR TREINADOR DO BONSUCESSO?
Homem de frases marcantes, foi jogador e treinador do Bonsucesso e tinha um profundo amor e respeito pelo clube. Treinou todos os clubes da cidade, incluindo os quatro grandes e foi campeão carioca em 1946, pelo Fluminense, e em 1952, pelo Vasco.
Estamos falando de Gentil Cardoso, técnico que marcou seu nome na história do futebol carioca e foi o primeiro 'professor' de Garrincha. Apelidado de “Moço Preto”, Gentil ficou eternizado por frases como:
"Quem se desloca recebe, quem pede tem preferência";
"O craque trata a bola de você, não de excelência";
"Só me chamam pra enterro, ninguém me convida pra comer bolo de noiva";
"Se a bola é feita de couro, se o couro vem da vaca e se a vaca come capim, então a bola gosta de rolar na grama e não ficar lá por cima; portanto, meus filhinhos, vamos jogar com ela no chão".
Conhecido pelo seu megafone para se comunicar com os jogadores, Gentil Cardoso começou sua carreira no Sírio Libanês e aportou em 1931 no Bonsuça junto com Leônidas da Silva. A campanha no primeiro ano à frente do time teve destaque com a participação de Gradim na dupla de ataque.
Apesar do investimento baixo, o Bonsucesso teve o melhor ataque da competição com 58 gols em 20 jogos. Como o futebol condicionava muitos apelidos à época, o time rubro-anil no papel chegou a ser chacota devido os nomes para muitos, mas em campo foi um verdadeiro 'leão da Leopoldina': Medonho, Cozinheiro e Heitor; Lolô, Oto e Nico; Catita, Rapadura, Gradim, Leônidas e Prego.
No ano seguinte, Gentil Cardoso iniciou a temporada de forma avassaladora em amistosos em São Paulo. Bateu a Portuguesa Santista por 6 a 0 e derrotou o Palestra Itália por 3 a 1, gols de Miro, Leônidas e Gradim, tornando-se o primeiro clube carioca a vencer no Parque Antártica.
Entre 1935 e 1936, Gentil teve uma nova passagem pelo clube. Apesar da forte identificação com o Rubro-Anil, o técnico não conquistou nenhum título. Em Pernambuco, ele é 'rei'. Foi campeão estadual pelos três grandes times: Sport (1955), Santa Cruz (1959) e Náutico (1960).
Apesar de estrategista e grande conhecedor de tática, Gentil não foi muito valorizado no mundo do futebol em virtude de ser negro. Sim, o preconceito racial imperou no século passado. Apesar do diploma de técnico e engenheiro, ele nunca conseguiu alcançar o prestígio de Flávio Costa, por exemplo.
De todo modo, Gentil Cardoso rodou o país e chegou a comandar o Sporting, de Portugal, e a Seleção Brasileira para o Campeonato Sul-Americano Extra, em Guayaquil, no Equador.
Ao longo do fim da carreira, o técnico ainda encontrava seu porto no Bonsucesso para outras duas rápidas passagens. Devido uma úlcera gástrica, Gentil veio a falecer no dia 8 de setembro de 1970, no Rio de Janeiro, porém deixou uma legião de fãs e seguidores do seu futebol ofensivo.
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Fonte: Diário da Noite / Trivela