INSCRIÇÃO DO BONSUCESSO NA CBF NÃO CONSTA NOVO PRESIDENTE

Nilton Bittar (à direita) posa em evento do projeto Segurança Presente em Bonsucesso

Foto: Reprodução

Um clube sem presidente. Assim está sendo considerado o Bonsucesso por quem tem ido a sede na Avenida Teixeira de Castro. Eleito em dezembro sob desconfiança, Nilton Bittar tem delegado aos 'Senas' a responsabilidade de reestruturar a base rubro-anil com a criação das categorias de base a partir do sub-11 até o sub-20. Um mês depois das eleições, porém, o clube continua sem o reconhecimento do mandato pela FERJ e a CBF  já que constam pendências. O Boletim Informativo Diário, ferramenta da Confederação Brasileira de Futebol também aponta para uma vacância de cargo (documento abaixo) assim como o registro do clube em âmbito estadual.

O Fanáticos pelo Cesso apurou que o Bonsucesso necessita regularizar a taxa de Recadastramento Anual na FERJ no valor de R$2,5 mil até 31 de janeiro, caso contrário, o preço será duplicado e ainda não realizou o pagamento de R$2,5 mil na CBF para que a gestão tenha elegibilidade e o clube possa registrar atletas em 2021 e participar de campeonatos.

Cabe ressaltar que o pleito estar sob júdice na 10ª Vara Cível do Rio de Janeiro. A ação está nas mãos do juiz Ricardo Cyfer, que aguarda a volta do recesso a partir de 20 de janeiro para dar o veredito depois de convocar Nilton Bittar para novos esclarecimentos no processo que acusa a antiga administração de gestão temerária e improbidade administrativa.

Apuramos que a ata da eleição ainda não consta na secretaria do clube um mês depois do pleito. A chapa vencedora da eleição precisa regularizar a posse com os documentos cabíveis em cartório antes de apresentá-los à FERJ e CBF. Resta saber se a eleição do dia 12 de dezembro foi apenas um 'jogo de cena' ou se terá validade perante a justiça e as esferas esportivas.

BONSUCESSO ATUOU NO CARIOCA DA B1 COM JOGADOR IRREGULAR

Mateus Bastos defendeu o Serra Macaense e Bonsucesso na mesma competição
Foto: Divulgação

O Bonsucesso foi rebaixado para a 4ª Divisão no campo, mas os adversários poderiam se beneficiar de uma verdadeira 'trapalhada' do clube nos bastidores para impedir no Tribunal de Justiça Desportiva do Rio de Janeiro que o Leão da Leopoldina permanecesse ao menos na Série B1 em 2021.

O Fanáticos pelo Cesso recebeu a denúncia que a diretoria rubro-anil contratou o atacante Mateus Bastos (formado na base do Botafogo) durante o Estadual, porém, ele já tinha atuado pelo Serra Macaense na Taça Santos Dumont (1º turno). O artigo 39 do Regulamento Geral de Competições da FERJ é claro ao informar que 'durante uma competição, os atletas que fizerem parte da relação de jogo de uma partida por uma associação não poderá fazê-lo por outra, para fins de condição de jogo, salvo a disposição diversa do REC e o registro ocorra no prazo de inscrição do REC'.

Ou seja, nenhum jogador poderia disputar a mesma competição por duas equipes diferentes. Mateus Bastos já tinha disputado três jogos pelo Serra Macaense na 1ª, 2ª e 4ª rodadas contra Serrano, Nova Cidade e Audax Rio. Em todas as súmulas, o jogador é apelidado de Robinho e inscrito na FERJ com o número 192543 - nascido em 22 de junho de 1999.

Contra o Serrano e o Nova Cidade, Mateus Bastos foi titular. Diante do Audax Rio, ele entrou no intervalo na vaga de Guilherme e logo depois não foi relacionado para as demais partidas da fase de grupos.

Matheus Bastos foi contratado no início da nova gestão do futebol do Bonsucesso e atuou em sete jogos com a camisa do clube já na Taça Corcovado (2º turno): Nova Cidade, Serra Macaense, Audax Rio, Olaria, Duque de Caxias, Rio São Paulo e Maricá. O meia-atacante foi titular em todas as partidas. 

O fim da sua curta trajetória pelo clube aconteceu contra o Maricá, na derrota por 2 a 0, no estádio Alziro de Almeida, dia 18 de novembro, pela 7ª rodada da Taça Corcovado. O Bonsucesso teve um pênalti a seu favor já no segundo tempo com o placar adverso, o camisa 10 teve a chance do empate (vídeo da penalidade abaixo com 1h18min30seg), mas cobrou mal e mandou nas mãos do goleiro.

O 'Fanáticos pelo Cesso' apurou que logo após o jogo, a diretoria tomou conhecimento da irregularidade, afastou o jogador e internamente, o fato gerou um tremendo mal estar que ampliou ainda mais a crise no Bonsucesso com jogadores cientes que nem mesmo um último esforço para salvar o time poderia ser suficiente já que o clube cometeu tal falha grave sem conhecimento prévio do regulamento.

Mateus Bastos ou Robinho como era chamado no Serra Macaense, está sem clube aos 21 anos. Após ser dispensado pelo Botafogo em 2019, ele passou pelo Resende antes de acertar com o Serra Macaense no ano passado e desembarcar para jogar irregularmente no Bonsucesso.

FFERJ NÃO RECONHECE MANDATO DE NILTON BITTAR NO BONSUCESSO

Reunião de arbitral na sede da FERJ antes da pandemia

Foto: FERJ/Divulgação

Nilton Bittar foi eleito presidente do Bonsucesso na conturbada eleição do dia 12 de dezembro na sede do clube, porém, a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro segue não reconhecendo o mandato posterior ao dia 3 de setembro. O presidente da FERJ, Rubens Lopes, convocou novamente os filiados, desta vez, para participarem da nova reunião da Assembleia Geral, que ocorrerá no próximo dia 12 de janeiro, para tratar do complemento das decisões do Regulamento Geral das Competições em 2021.

No gráfico apresentado pela entidade, o Bonsucesso segue em dissonância com 'mandato em vigor' e 'sem condições estatutárias até o mês antecedente da Assembleia Geral'. No mês de dezembro, a Federação já havia divulgado a lista incluindo o clube entre os que possuem irregularidades na administração.

Na ata assinada pelo presidente Rubens Lopes, a FERJ convoca os clubes para a reunião virtual 'em razão dos decretos governamentais que determinam o isolamento social e impedem a aglomeração de pessoas principalmente em ambientes fechados em razão da pandemia do Covid-19'.

A entidade informa que 'caso sobrevenha algum problema sistêmico que impeça a colheita dos votos no momento da realização do ato, os votos serão processados, alternativamente, por intermédio da manifestação formal do filiado via e-mail, ou através da manifestação formal do filiado em grupos de WhatsApp especificamente criados com esse fim. Inexistindo número legal em sua primeira convocação, a Assembleia Geral será instalada, com o mesmo objetivo, meia hora depois, com qualquer número, conforme dispõe o artigo 28 do Estatuto da FERJ'.

Tentamos contato com o presidente eleito, mas Nilton Bittar não atendeu nossas ligações.

MARCUS AMOROSO É CATEGÓRICO: "NÃO TINHA OUTRO RESULTADO SENÃO O REBAIXAMENTO"

Após o título da Copa Rio em 2019, os torcedores acreditavam que a última temporada seria a do acesso, mas todos 'caíram do cavalo'. O Bonsucesso sucumbiu diante da própria incompetência e acabou rebaixado para a 4ª Divisão com a mudança na fórmula de disputa do Campeonato Carioca organizado pela FERJ.

A campanha ruim que culminou com o penúltimo lugar entre 16 clubes na Série B1 (oito pontos em 16 jogos) além da crise administrativa tornava questão de tempo para decretar o descenso. Quem confirmou a tese foi o técnico Marcus Amoroso, que dirigiu o time na Taça Corcovado a partir do clássico contra o Olaria, na 4ª rodada.

"Foi a pior sensação possível que passei na carreira ainda mais por se tratar do Bonsucesso. Esperávamos salvar, mas tudo que aconteceu e pela situação que estava o dia a dia, infelizmente não tinha outro resultado senão o rebaixamento. Pensava que era difícil, mas no cotidiano era uma coisa impossível porque o resultado só poderia ser esse. É duro falar isso, mas por vários fatores isso ocorreu. Não tinha jeito, o Bonsucesso já estava rebaixado desde quando eu cheguei. Foi uma sensação de inoperância. Quis ajudar, porém via que não tinha o que fazer. Foi muito ruim", afirmou com exclusividade ao Fanáticos pelo Cesso o atual coordenador geral das divisões de base do clube.

Com a saída do antigo gestor (Bruno Carvalho) que culminou com a greve e a saída em massa de atletas, o Bonsucesso precisou reformular o elenco no meio da competição com a chegada da 'Família Sena', que aceitou o desafio de administrar o futebol rubro-anil. Marcus Amoroso opinou se houve falta de comprometimento por parte dos jogadores ou foi um problema técnico baseado na qualidade do time montado na fracassada tentativa de salvar o Bonsucesso do rebaixamento. 

"Tínhamos jogadores que estavam há um ano sem atuar e para as partidas não tínhamos às vezes um elenco completo. Vamos dizer que alguns foram pegos em casa para preencher uma lacuna porque o clube poderia tomar um segundo WO e ser rebaixado. Eu não estava ainda, não gosto de comentar muito, mas nos treinamentos víamos que era muito difícil sair dessa situação", afirmou.

Para a Série B2 que começa em setembro, Amoroso aposta na formação da base do Bonsucesso e a chegada de peças pontuais para reforçar o elenco.

"Temos que fazer com que o jogador entre em campo e dê o máximo pelas cores do Bonsucesso independente de qual competição seja. É no jogo que você muda a sua vida. Eles têm que entender que estão em um clube que tem uma história. Tivemos Flamengo e Bonsucesso aqui dentro. Os atletas precisam ter esse amor e vontade. É de baixo que resgataremos isso. Queremos que eles honrem o Bonsucesso", finalizou.

BONSUCESSO REESTRUTURA A BASE E ORGANIZA TORNEIO SUB-15 EM 2021

O Bonsucesso começou 2021 determinado a reestruturar as categorias de base a partir do sub-11. Sem calendário esportivo ainda por parte da FERJ para as competições abaixo do profissional, o clube deu o pontapé mesmo durante a pandemia e já está observando jovens para a montagem dos elencos. Quem está responsável pelo projeto é Marcus Amoroso, que assumiu como coordenador geral após ter dirigido a equipe principal até o fim da Série B1.

Amoroso afirmou que a 'convocação' partiu de José Agnaldo Sena, gestor do futebol do Bonsucesso e passa a ser um novo desafio como forma de colher os frutos nos próximos meses antes da retomada do Estadual (4ª Divisão) agendada para setembro.

"Não foi um convite. Lembro da pergunta que você me fez: por que aceitou o Bonsucesso? Tive uma infância aqui. Moro em Inhaúma. Tenho amigos aqui. Sou apaixonado pelo clube. Foi fácil aceitar. Sabíamos da dificuldade, mas cheguei com vontade de ajudar. Somos amigos. Ele (José Sena) tinha me pedido ajuda. Já tinha alertado que ele seria mais um entre tantos empresários que de repente entraria e quebraria a cara por já querer logo assumir o profissional. Todos querem começar de cima. E não é simples. Você monta um time com pessoas (jogadores) desinteressadas e no fim de carreira. Ninguém vai pegar uma Coca-Cola nas divisões inferiores. Vai gastando dinheiro e o clube vai ficando. Avisei que se quiser estruturar tem que começar por baixo, formando jogadores. O clube precisa ter uma identidade e uma alma. Disse a ele que não era gestor, mas tinha ideias. E quando o Sena disse que queria ajuda, eu topei", afirmou Amoroso que complementou.

"Estamos começando com o sub-11, 12, 13 e 14. Temos um projeto muito organizado para ter um sub-20 forte futuramente e que possamos fazer da nossa base o nosso time. Essa garotada é que vai jogar por amor e será criada conosco. Essa ligação no clube precisa existir. Estou tentando passar para eles isso. Não é minha área, mas faço por amor e vontade de querer ajudar. O trabalho está saindo. Convidei o Eduardo (preparador físico) e o Alexandre, que trabalhava na escolinha e estava no profissional, eles continuam comigo. Estamos fazendo um trabalho a nível profissional. Vamos tentar mostrar que não começa de cima", disse.

Marcus Amoroso afirmou que o Bonsucesso fará 'peneiras' para recrutar meninos que venham a se destacar diante dos observadores e que integrarão as categorias de base.

"Faremos peneiras a partir de janeiro. As inscrições estão abertas com valor de R$50,00. O garoto é orientado a vir com uniforme pessoal, ou seja, camisa branca, short e meião na cor azul. As últimas peneiras no clube foram desorganizadas. Vinham garotos de todas as categorias no mesmo dia. Era inviável analisá-los. Um garoto de 20 não pode ser avaliado com um de 14. Primeiro, estamos fazendo o recrutamento e logo após, vamos selecionar as equipes. Montaremos os grupos e direcionaremos através do whatsapp quais dias cada um irá treinar. É necessário ter tempo para avaliá-los."

O coordenador geral das divisões de base do Bonsucesso afirmou que a diretoria está seguindo os protocolos sanitários contra a COVID-19 e cobrando testes rápidos dos jogadores no início da temporada já que alguns deles estão integrados ao clube após serem aprovados através de indicações.

"A gente conta com a colaboração dos pais. Os meninos que já estão treinando conosco do sub-11 ao sub-14 foram integrados após o teste da COVID-19. Eles foram incorporados após indicações. Os pais estão acessando o estádio com o uso de álcool em gel que o Bonsucesso está cedendo na entrada, arquibancadas e demais acessos. Estamos separando os responsáveis pelos meninos nos dois níveis das arquibancadas e mantendo o distanciamento social. Todo acesso é com uso de máscara. Não temos como fazer testes semanalmente como nos profissionais, então, pedimos a colaboração de todos", avisou. 

Amoroso garantiu que todas as categorias de base do Bonsucesso a partir de então estão centralizadas na atual administração, mas irá convidar os jogadores do antigo gestor para formatar o sub-20.

"Antigamente tínhamos um responsável no sub-15 e sub-17. Foi algo até relatado que os meninos não conseguiam avançar nas divisões ao estourar a idade justamente porque não havia comunicação e sinergia entre aqueles que arrendavam as divisões no clube. Por exemplo, o garoto chegava no sub-17 e acabava. Ou é Bonsucesso ou não funciona. Por isso, tive a ideia de começar do sub-11 ao 14. Não ia me meter em algo contratual a partir do sub-15. Tivemos uma primeira conversa, o rapaz disse que estava precisando disso. Me disse que o 14 que sair será o 15 dele amanhã e assim sucessivamente. Todos os meninos sub-17 que estouraram a idade após um ano atípico, vamos recebê-los para formatar o nosso sub-20. Nada mais justo do que abrir as portas para eles. A partir desse trabalho pensaremos no profissional", garantiu Amoroso sem citar quem seria o arrendatário.

Amoroso afirmou que o Bonsucesso não irá construir o elenco profissional no início de 2021 já que a Série B2 começará apenas em setembro.

"É um gasto à toa e desnecessário. Nem sempre é possível manter os jogadores e se determinado atleta realmente vai render. É importante trabalhar o sub-20 e mostrar para os garotos que eles terão oportunidades para que ao chegar aos profissionais, eles comam grama. Quando tiver uma comissão formada, teremos que contratar peças pontuais que venham para agregar."

O Bonsucesso fará um torneio sub-15 com o convite feito a clubes e escolinhas do Rio de Janeiro. Marcus Amoroso que está à frente do projeto deu detalhes do que vem pela frente para captar novas joias para o Leão da Leopoldina.

"Criamos a Bonsucesso Cup e estamos convidando representantes de escolinhas para participarem e apresentarem jogadores. Serão 12 equipes com duas chaves de seis, classificando-se quatro times de cada grupo para às quartas de final. Em seguida, semifinais e a decisão. Seriam jogos nas quartas e finais de semana no Leônidas da Silva. Estamos abrindo as portas do clube para que o nome do Bonsucesso ressurja. O São Cristóvão e Campo Grande já confirmaram presença. Marcaremos o arbitral na próxima semana. A ideia é começar no dia 27 (janeiro) e terminar no dia 20 de fevereiro. Observaremos garotos das mais diversas escolas da Leopoldina, Nova Iguaçu, São João de Meriti... Tudo será analisado com a coordenação do sub-15 e sub-17", finalizou Amoroso confirmando os jogos com duração de 30 minutos.