02/07/2021

TÁ NO LIVRO, COM PAULO JORGE #11

O Bonsucesso tentou montar um time forte para brigar 'nas cabeças' em 1939
Foto: Reprodução/Globo Esportivo


Por: Paulo Jorge

1939, O ANO DO SONHO GRANDE

O time do Bonsucesso viveu um ano de grandes expectativas em 1939, quando tentou se projetar entre os melhores clubes da cidade com um investimento considerável do departamento técnico para aquisição de jogadores. Vestiram a camisa do time naquela temporada nomes como Bahia, Escobar, Sandro e Villa além de Jullinho, que segundo os jornais da época, eram qualificados e que outras equipes estavam também de olho.

Antes da chegada deles, é bem verdade que os resultados não eram favoráveis. O time tomou um sonoro 8 a 2 do Fluminense e voltou a perder para o Flamengo por 3 a 1. O Bonsuça queria ser considerado um grande, mas o primeiro passo seria superar oponentes como Madureira e America.

Apesar de todo o investimento, o Bonsucesso terminou em último lugar no Carioca daquele ano com apenas 13 pontos em 24 jogos. De qualquer modo, Vasco, Botafogo e São Cristóvão só conseguiram vencer o time suburbano por 1 a 0, em jogos considerados difíceis.

Na Teixeira de Castro, O Bonsuça conseguiu um empate em 2 a 2 com o Botafogo, vice-campeão do torneio. O Madureira foi derrotado por 3 a 0 e America perdeu por 2 a 0, mostrando a força do mando de campo.

Já no Flamengo, nosso ídolo Leônidas da Silva foi um dos protagonistas da competição. Arrastando multidões por onde jogava, ele comandou o título rubro-negro.

No dia 21 de junho, o jornal "O Globo Esportivo" fazia uma projeção de uma campanha melhor no segundo turno, mas o clube não conseguiu a tal façanha de figurar entre os melhores daquele ano. Cabe lembrar que não houve rebaixamento naquela edição. Confira abaixo a campanha da equipe no Carioca de 1939.


24 jogos
5 vitórias
3 empates
16  derrotas
29 gol marcados
61 gols sofridos


Fonte: O Globo Esportivo

29/06/2021

FERJ ASSINA CONVÊNIO COM TV ALERJ PARA TRANSMISSÃO DA SÉRIE C

Rubens Lopes assinou o convênio com André Ceciliano, presidente da Alerj
(Agência FERJ)

Fonte: Agência FERJ


O Presidente da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro, Rubens Lopes, e o Presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, André Ceciliano, assinaram na manhã desta terça-feira (29/06) o convênio de transmissão das partidas da Série C do Campeonato Estadual de 2021 pela TV Alerj.

Foi a formalização de uma parceria que, na prática, já está em andamento.

- A TV Alerj chega à Série C com sua qualidade e dá visibilidade à competição que tanto revela jogadores - disse Rubens Lopes.

André Lazaroni também marcou presença na celebração do convênio juntamente ao Procurador-Geral da FERJ, Sandro Trindade, e o diretor de Relações Públicas da FERJ, Sávio Franco.

25/06/2021

TÁ NO LIVRO, COM PAULO JORGE #10

Jornal dos Sports deu ampla cobertura ao título do Bonsucesso na Terceirona
Foto: Reprodução
 

TERCEIRA DIVISÃO NÃO É MEU LUGAR, MAS SUBI CAMPEÃO!

2003 era um ano de reconstrução e não poderia terminar de melhor maneira sem ser campeão. O maior vencedor da Segunda Divisão teve que suportar as mazelas da Terceirona, mas conquistou o caneco às vésperas do Natal. 

Passando pelas adversidades da Série C, mas com grandes atuações, o Bonsucesso avançou com autoridade pelo Campo Grande na semifinal, incluindo um 5 a 0 na Teixeira de Castro. A final ocorreu contra o Mesquita, no Leônidas da Silva, que recebeu um excelente público com arquibancadas lotadas. 

O jogo foi bem disputado e o herói do título apareceu aos 37 minutos do primeiro tempo. Zezé é o nome do autor do gol que ficou eternizado na história e foi carregado nos ombros pelos companheiros durante a volta olímpica, como destaca o Jornal dos Sports. 

Como o jogo de ida foi 1 a 0 para o Rubro-Anil, no Louzadão, o time entrou em campo com o regulamento embaixo do braço e preocupado em se defender. O Mesquita pressionou desde o primeiro minuto. A pressão foi tão grande que podemos dizer que temos um outro herói: o goleiro Caetano, que fez milagres e em um contra-ataque saiu o gol do Zezé.

Dessa vez, o caminho será ainda mais longo. O Bonsucesso disputará a 4ª Divisão, mas estaremos na torcida do mesmo jeito!


TORNEIO INÍCIO SEM TRÊS TITULARES? 


Já imaginou iniciar uma competição sem três titulares? Foi assim que o Bonsucesso precisaria se virar na estreia do Torneio Início de 1942. Com um time remontado e com a presença de algumas figurinhas conhecidas, o elenco tentaria construir uma campanha melhor do que a da temporada passada, quando terminou na lanterna. 

O periódico “A Noite”, do dia 28 de fevereiro, fez uma reportagem destacando as baixas que o time teria para enfrentar o tradicional Canto do Rio. Nesses dias de treinamento, o Bonsucesso procurava aprimorar a parte física já que parte dos jogadores tinha outras ocupações além do futebol.

Segundo a publicação à época, o Bonsuça não teria à disposição os jogadores Filuca, Demerval  e Maduro. Mas parece que o Bonsucesso já conseguia despistar os adversários pela imprensa, pois apenas o Maduro não entrou em campo.

De qualquer modo, o Rubro-Anil acabou sendo derrotado na estreia por 1 a 0, gol de Geraldinho. 

Bonsucesso 0 x 1 Canto do Rio

Árbitro: Durval Caldeira Martins.
Gol: Geraldino

Bonsucesso: Maneco; Aralton e Benedito; Bibi, Filuca e Dedão; Lindo, Selado, Maduro, Careca e Odir.

Canto do Rio: Evaldo; Granham Bell e Gerson; Rogaciano, Portela e Vicentino; Mestiço, Caldeira, Geraldino; Joãozinho e Vadinho.


Fontes: A Noite, Jornal dos Sports e Blog do Marcão

22/06/2021

DOSSIÊ BONSUCESSO


Por: Globoesporte.com

O Estádio Leônidas da Silva, charmoso palco futebolístico do subúrbio do Rio de Janeiro inaugurado em 1947, já não pertence por inteiro ao Bonsucesso Futebol Clube. Chega a ser curioso, mas imagine que o time que vá jogar lá tenha um lateral que adora ir à linha de fundo ou um atacante que joga espetado pelas pontas. Pois bem, eles correm o risco de entrar e sair do terreno do qual o clube é proprietário diversas vezes durante a mesma partida. É que o Bonsucesso perdeu em leilão um pedaço equivalente a 23 m² do seu maior patrimônio: o campo de futebol.

A área (que agrega também o ginásio, os vestiários do estádio e seis lojas) foi arrematada em setembro de 2013 por uma empresa do ramo imobiliário, mas só no mês passado o clube chegou a um acordo com a 3 Relup Empreendimentos Ltda para desapropriação do espaço. Levou esse tempo todo principalmente porque foi preciso negociar um a um com os comerciantes que tinham contrato de aluguel com o Bonsucesso - ainda há ordens de despejo tramitando na Justiça.

Em outras palavras, embora seja dona legítima do terreno há aproximadamente oito anos, a empresa de fato só tomou posse agora em maio.

O leilão ocorreu graças a uma dívida de R$ 161.382,89 que o clube tinha com o INSS, e o espaço foi arrematado pelo lance único de R$ 1,8 milhão. Na ocasião, o Bonsucesso interpelou na tentativa de desfazer o negócio, alegou que desenvolve projetos sociais no espaço e citou a Lei Municipal nº 3.372/02 de 2002, que proíbe edificações em diversos campos de futebol da cidade do Rio de Janeiro. Mas teve os recursos negados.

"Por mim, eu iria até o Superior Tribunal de Justiça", garantiu ao ge o ex-presidente Zeca Simões, que foi acusado de improbidade administrativa e acabou sendo afastado do clube em 2017. Embora negue tais acusações, ele conta que se sentiu desgostoso após o episódio, não recorreu da decisão e acabou se distanciando do dia a dia da agremiação.

Mas, afinal, por que só aquele pedaço do gramado foi a leilão? Qual é o interesse de uma empresa do ramo imobiliário num terreno que avança sobre um campo de futebol? O Bonsucesso corre efetivamente o risco de perder essa área?

- Não vai haver nenhuma mudança no campo - garante Fernanda Costa Pagani, advogada da 3 Relup Empreendimentos e responsável pela condução do acordo com o clube.

Ela conta que sua cliente vislumbra apenas a parte do terreno que corresponde às lojas, ao ginásio e aos vestiários.

- O imóvel não pode ser arrematado pela metade. Todo e qualquer imóvel tem uma matrícula junto ao registro de imóveis com a descrição determinada da unidade. A Relup foi lá e arrematou, mas o interesse é nas lojas, que dão numa rua com bastante movimento (Avenida Teixeira de Castro) - explica ela, acrescentando que, embora não exista essa intenção no momento, a empresa pode passar a cobrar do clube uma taxa pela ocupação do pedaço do campo quando bem entender.

Em outubro de 2018, após a saída de Zeca Simões e com o clube já sob comando do presidente Ary Amâncio e de seu vice Nilton Bittar, a 3 Relup Empreendimentos notificou o Bonsucesso extrajudicialmente para que desapropriasse a área arrematada, mas a diretoria não respondeu. A empresa, então, entrou com ação em agosto de 2020 para garantir seu direito na Justiça. Com exceção do acordo firmado no mês passado em que aceitou deixar o terreno, desde que sejam construídos em contrapartida um vestiário de arbitragem, dois de visitantes e um banheiro público em outro pedaço do estádio, o Bonsucesso preferiu não se pronunciar no processo.

Três sócios do clube acusam a atual gestão, em processo ajuizado em outubro de 2020 (ou seja, antes mesmo da existência do tal acordo), de entregar o terreno de mão beijada.

"Sem qualquer defesa, os sócios e o próprio clube perderam parte gigantesca de seu patrimônio", afirmam eles na peça inicial.

Ary Amâncio, em novembro de 2019, precisou se afastar da presidência em função de consequências graves da diabetes (ele teve uma das pernas amputadas), de modo que Nilton Bittar assumiu como presidente desde então. Bittar foi procurado pelo ge para comentar sobre todas as informações contidas nesta reportagem, mas não respondeu. Nos autos do processo, ele informou que nada poderia fazer se o imóvel foi arrematado em 2013 e alegou que qualquer tentativa de responsabilizá-lo "chega ao ridículo".

Cláudio Francisco Menezes Filho, George Joaquim Ferreira Machado (ambos sócios-beneméritos do clube) e Ronaldo do Nascimento (associado há mais de 30 anos) acionaram recentemente o deputado federal Otávio Leite (PSDB), autor da lei de 2002 que proíbe construções em campos de futebol do Rio. Ao ge, ele afirmou que vai tomar "todas as providências cabíveis" para proteger o Estádio Leônidas da Silva.

- Fui procurado por sócios indignados com essa realidade e já abri um canal junto ao Ministério Público, minha ideia é levar ao MP essa possibilidade de invasão e usurpação do campo. Há nesse caso um nítido indicativo de desídia, de deixar rolar (por parte do Bonsucesso). É no mínimo uma desatenção inaceitável - destaca o deputado, antes de completar:

- O meu foco é essa questão do campo. Só que, pelo que me foi passado, mexendo com o campo a gente abre um fio de novelo...

CASO DE POLÍCIA

Com o afastamento de Zeca Simões da presidência do Bonsucesso em 2017, a Justiça determinou um novo pleito para o dia 3 de setembro daquele ano com vitória da chapa única que tinha Ary Amâncio Pereira como presidente e Nilton Ricardo Bittar como vice.

No dia seguinte, 4 de setembro de 2017, uma das primeiras ações da nova diretoria foi firmar um acordo de fim de litígio com a empresa L&S Assessoria e Empreendimentos, a quem o clube havia confiado sua gestão num movimento comum em times pequenos que terceirizam seu departamento de futebol. A L&S cobrava indenização por danos morais, multas, entre outras demandas. No acordo, além de aceitar renovar o contrato com a empresa por mais três anos, o Bonsucesso assinou uma confissão de dívida de R$ 2,5 milhões.


O sócio-proprietário da L&S Assessoria e Empreendimentos é Marcelo Salgado, ex-presidente da Superintendência de Desportos do Estado do Rio (Suderj). No ano passado, a Procuradoria do Estado pediu sua condenação por improbidade administrativa pelos tempos em que dirigiu a Suderj: Salgado é acusado de fraude de documentos e desvio de mais de R$ 2 milhões dos cofres públicos. Ele comandou o futebol do Bonsucesso nos últimos seis anos (de 2014 a 2020).

Na ação que corre na 10ª Vara Cível da Comarca da Capital, os sócios alegam que a confissão de dívida feita pelo clube é irregular e criminosa. Segundo eles, principalmente por dois motivos: 1) ela se deu no dia seguinte (segunda-feira) à eleição que ocorreu no domingo, logo a ata do pleito ainda não havia sido registrada em cartório; 2) a decisão de assumir uma dívida de R$ 2,5 milhões deveria ter sido discutida pelo Conselho Deliberativo, o que não ocorreu.

Nilton Bittar respondeu à acusação (para ele, o "absurdo campeão") dentro do próprio processo e definiu o acordo como "uma negociação espetacular": "(No litígio) a empresa não só buscava o ressarcimento dos valores que foram inadimplidos pela gestão anterior, como também de uma multa no importe de R$ 5 milhões. [...] (Foi um) ato de extrema competência da gestão atual".

Outro ponto discutido pelos sócios, sendo esse o principal objeto da ação judicial, diz respeito ao tempo do mandato de Bittar. O artigo 69 do Estatuto do Bonsucesso diz que as eleições presidenciais devem ocorrer de três em três anos, e o desembargador Mário Guimarães Neto reforçou esse prazo quando, após a saída de Zeca Simões, decidiu marcar um novo pleito para 3 de setembro de 2017: "[...] devolvendo-se o período integral de 3 (três anos) para o exercício do novo mandato". Mas as eleições que deveriam acontecer em setembro de 2020 foram realizadas no dia 12 de dezembro.

Portanto, houve um vácuo de aproximadamente três meses no poder. Bittar foi reeleito em chapa única num pleito em que a oposição alega ter sido impedida de se candidatar. A ata do processo foi registrada no cartório central do Rio, o RCPC-RJ, apenas no dia 20 de abril deste ano. Advogado que representa os sócios, Marcelo Santiago acredita que o processo eleitoral foi estapafúrdio do início ao fim.

- Houve irregularidade logo na confecção do edital. Esse edital foi publicado sem qualquer prazo para apresentação das chapas e sem estipular uma comissão eleitoral para apreciar se a chapa está apta ou não, por exemplo. Sem cumprir essas exigências estatutárias, eles remarcaram por eles mesmos essas eleições, jogando lá para dezembro, descuprindo a ordem judicial - explica.

"Se você for ler a ata e ler as exigências do cartório, a gente comprova que eles não cumpriram essas exigências. E, mesmo assim, de forma estranha, a ata foi registrada", acrescenta.

Nesse tempo em que o Bonsucesso na prática ficou sem presidente, o clube teria fraudado as informações do mandato no BID da CBF para poder registrar jogadores e disputar a Série B1 do Carioca do ano passado, conforme publicou o jornal O Globo dois meses atrás. Os sócios acreditam que a diretoria acessou a Gestão Web, que é o sistema interno da CBF para qual cada agremiação do país tem seu acesso, e mudou a data do fim do mandato de Amâncio/Bittar de 2 de setembro para 31 de dezembro de 2020.

Pela denúncia dessa fraude, o Bonsucesso está sendo investigado em inquéritos abertos nas Delegacias de Defraudações e de Repressão aos Crimes de Informática do Rio. Além disso, o clube também foi denunciado à Comissão de Ética da CBF. O ge procurou a entidade para comentar o caso, mas não houve resposta até o fechamento desta reportagem. O Estatuto da CBF diz que os clubes são responsáveis por toda e qualquer informação lançada na Gestão Web.



EXAMES FALSOS DE COVID

Além da suposta fraude no BID, o Bonsucesso ainda é alvo de um segundo inquérito na Delegacia de Defraudações do Rio, que apura se o clube falsificou resultados de exames de coronavírus durante a disputa da Série B1 do Carioca do ano passado.

Mais uma vez, a denúncia partiu dos próprios sócios do clube, que desconfiaram da assinatura do dr. Antônio Carlos Naine nos exames apresentados à federação mesmo após o desligamento do médico. Ele deixou o Bonsucesso no dia 4 de outubro. Depois disso, a equipe disputou 11 jogos (todos com assinatura do médico nos testes PCR):


Goytacaz 2 x 1 Bonsucesso
Angra dos Reis 2 x 1 Bonsucesso
Nova Cidade 1 x 1 Bonsucesso
Bonsucesso 0 x 1 Serra Macaense
Audax 2 x 1 Bonsucesso
Bonsucesso 1 x 4 Olaria
Duque de Caxias 5 x 0 Bonsucesso
Bonsucesso 0 x 0 Rio São Paulo
Maricá 2 x 0 Bonsucesso
Bonsucesso 0 x 2 Gonçalense
Serrano 4 x 1 Bonsucesso

Em depoimento à polícia em fevereiro, Antônio Carlos Naine explicou que era o responsável por monitorar e coordenar os exames RT-PCR feitos pelo Bonsucesso até a quinta rodada da competição e disse que desconhece qualquer exame com sua assinatura após esse período. Perguntado se reconhecia um exame apresentado pelo clube no dia 17 de outubro (13 dias após sua saída), ele "respondeu que NÃO, ressaltando que, além de parecer uma xerox, a sua assinatura é diferente do documento apresentado".

O médico na ocasião foi procurado pelo ge, mas não quis se pronunciar.

Um dos pontos investigados pela polícia é a apresentação de um atestado clínico e epidemiológico escrito à mão e assinado pelo supervisor técnico do clube (e não pelo médico). O documento foi apresentado na partida contra o Angra dos Reis, no dia 17 de outubro - após a data em que o médico diz ter deixado o clube, portanto.

O Protocolo Jogo Seguro elaborado pela Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj), além da obrigatoriedade de exames de coronavírus na véspera de cada partida, obriga os clubes a entregarem ao delegado do jogo até 90 minutos antes de rolar a bola a relação com nomes de atletas e membros da delegação declarando que todos foram submetidos a testes e estão aptos para participar daquela partida. Sempre assinada pelo médico do clube, essa relação é anexada à súmula do confronto.

Na derrota por 2 a 1 para o Angra, consta na súmula um atestado escrito à mão e assinado por Raphael Silva de Sena, que se identifica como supervisor técnico do Bonsucesso. No documento, ele garante que os jogadores foram "avaliados clínica e epidemiologicamente, não apresentando manifestação ou dados indicativos da doença ou contagiosidade".



A Ferj diz que não vê problemas num documento escrito à mão e assinado por um dirigente, contanto que os resultados dos exames tenham sido enviados previamente por e-mail. À polícia, o presidente Nilton Bittar disse desconhecer qualquer fraude e alegou que o departamento de futebol estava cedido desde o dia 14 de outubro à empresa Alvo Certo Roupas e Eventos LTDA.

A reportagem procurou José Agnaldo de Sena e seu filho, Lorran Leandro Sousa de Sena, que são sócios-proprietários da empresa e responsáveis pela gestão do clube, mas eles não retornaram às tentativas de contato. Em depoimento na delegacia, José Agnaldo afirmou que o médico está mentindo.

Esse fato novo foi incluído nos autos do processo. Com base noo que foi apresentado desde o ajuizamento da ação, os sócios pedem para que haja uma intervenção da Justiça por gestão temerária e aguardam uma decisão do juiz Ricardo Cyfer, que é o titular do caso.

Enquanto isso, o Bonsucesso se candidata para sediar eventos que vão de encontro às normas de saúde pública impostas no município do Rio de Janeiro, como o da peça de divulgação abaixo, que anunciava uma festa para o Dia dos Namorados com presença de DJs e artistas. O ge comunicou ao Instituto Municipal de Vigilância Sanitária, Vigilância de Zoonoses e de Inspeção Agropecuária (Ivisa-Rio) e à Coordenadoria de Licenciamento e Fiscalização (CLF) sobre o evento, e ambos imediatamente informaram que o clube seria inspecionado e notificado. A conclusão foi de que "o alvará do local não permite eventos com venda de ingressos" e que "o descumprimento desta norma acarretará multa gravíssima".

Pouco depois da denúncia do ge, a organização informou o adiamento do evento para uma data ainda indefinida.




O ESTRANHO CASO DO GOLEIRO

Os sócios autores da ação e algumas pessoas com quem o ge conversou viram com estranheza a campanha que culminou no rebaixamento do Bonsucesso à Série B2, o equivalente à quarta divisão do futebol do Rio de Janeiro. O principal motivo da suspeição foi a contratação de um goleiro que não atuava profissionalmente havia 12 anos.

João Paulo Sotero Fernandes, 32 anos, foi contratado no dia 21 de outubro, como consta no seu passaporte de atleta na imagem abaixo. O documento também aponta que, antes do Bonsucesso, o último (e único) clube pelo qual atuou como profissional havia sido o Pimentense, de Rondônia, do qual se desligou em junho de 2008.



Apesar do longo período de inatividade, João Paulo assumiu a titularidade logo que chegou e estreou no dia 28 de outubro, no empate por 1 a 1 com o Nova Cidade. Em seguida, atuou os 90 minutos de seis partidas consecutivas - uma delas foi a derrota por 5 a 0 para o Duque, cujos gols estão no vídeo abaixo.

Tentamos contato com João Paulo, mas ele não respondeu.

A campanha da equipe por si só foi toda conturbada. Ainda no primeiro turno da competição, os jogadores se recusaram a ir a campo alegando atrasos salariais, e a equipe perdeu por W.O. para o Artsul. Após esse episódio, diversos atletas, incluindo a comissão técnica encabeçada pelo treinador Ney Barreto, foram mandados embora, e outros tantos foram contratados às pressas - o goleiro João Paulo estava nessa leva.

O Bonsucesso volta a campo em setembro para a disputa da Série B2.

18/06/2021

TÁ NO LIVRO, COM PAULO JORGE #09


BONSUCESSO CAMPEÃO DO 1º TURNO DO CARIOCA SERIE B DE 1984

O maior campão da Segunda Divisão do Carioca, o Bonsucesso enche de orgulho os suburbanos pelo seu passado marcado por glórias e uma vasta história. O campeonato de 1984 talvez seja um dos mais marcantes do clube, pois o time passou por cima dos adversários como um 'rolo compressor' no início de competição.

Não são fáceis os recortes e documentos das divisões inferiores do Rio de Janeiro, mas encontramos essa raríssima matéria do Jornal dos Sports, que exalta a vitória do clube sobre a Portuguesa. Com grande atuação, o resultado por 1 a 0 traduziu o que foi aquela campanha invicta e o título antecipado do primeiro turno. 

Dependendo de uma vitória para levar a disputa para a última rodada, a Lusa logo se jogou para o ataque na esperança de surpreender o Bonsucesso, mas a defesa rubro-anil era uma verdadeira barreira, um muro impenetrável o que levou ao adversário ter apenas um ataque com reais chances de marcar, entretanto, já no final da partida.

O Bonsucesso jogou bem plantado na defesa, com saídas rápidas no contra-ataque e quase sempre levando muito perigo ao 'guarda-redes' da Lusa. O gol do título foi marcado ainda aos 11 minutos do primeiro tempo e o herói foi o atacante Nunes.

A partida foi realizada no alçapão da Teixeira de Castro e o campeão invicto foi escalado assim: Júlio Galvão; Paulinho, Edmundo, Roberto e Márcio; Luiz Augusto, Orlando e Vasconcelos; Nunes (Mauricinho), Paulinho carioca e Edson (Manoel); Técnico: Carlos Roberto.

O público presente no estádio foi de 780 pagantes. O jornal concluía o texto dizendo que a torcida do Bonsucesso, chefiada pelo 'Rei Camilo', fretou três ônibus e chegou ao estádio fazendo festa e prometia um número bem maior na última rodada para defender a invencibilidade na competição.

Alguém lembra desse campeonato ou de alguma história? Queremos saber. Deixe nos comentários!

Fonte: Jornal dos Sports (1984)