26/11/2020

BONSUCESSO FOI PIONEIRO NO FUTEBOL FEMININO E CAMPEÃO INVICTO EM 1983 NO JUVENIL

Jogadoras comemoram o título carioca invicto da categoria juvenil na Teixeira de Castro
Foto: Armando Gonçalves/Revista Passarela/ 1984

Colaborador: George Joaquim/Folha Rubro-Anil

O futebol feminino surgiu no Brasil em meados da década de 20 no século passado no Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. Longe dos grandes clubes, as mulheres praticavam o esporte mais popular do mundo nas comunidades, porém, sempre houve um preconceito muito grande ao classificar a modalidade como masculina justificando-se pela violência.

Em 1941, o Governo proibiu a atividade para as mulheres sem citar diretamente o futebol. Já na ditadura, em 1965, o regime militar tornou a proibição expressa pelo CND, através da Deliberação nº. 7: “Não é permitida a prática feminina de lutas de qualquer natureza, futebol, futebol de salão, futebol de praia, polo, halterofilismo e beisebol.”

Apenas em 1979, o futebol voltou a ser permitido para as mulheres. Quatro anos depois, em 1983, a modalidade foi regulamentada. A partir de então, elas começavam a escrever uma nova página. No Rio de Janeiro, existiam duas categorias: juvenil (até 18 anos) e adulta (maiores de 18 anos). O Radar, fundado em 1932, era o 'papa-títulos'. O clube com sede em Copacabana faturou todos os torneios estaduais entre 1983, ano da criação, até 1988. Com exceção de um na categoria juvenil...


Da esquerda para a direita, atletas em pé: Pequena, Liana, Vânia, Batata, Osana, Elane, Vera, Karl, Cristina. Agachadas: Suzete, Toy, Gleydi, Miriam, Denise, Rita e Fátima. Foto: Armando Gonçalves/Revista Passarela/ 1984.

Nesse mesmo período de ressurgimento do futebol feminino, o Bonsucesso também abraçou as meninas e abriu espaço para elas, sendo um dos pioneiros no país. Em 1983, na categoria juvenil, as 'Leoas da Leopoldina' conquistaram o troféu de forma invicta em uma competição que contou com a participação do America, Botafogo, Radar, São Cristóvão e Bangu.

Na categoria adulta, o Bonsucesso terminou em 8º. No ano seguinte, em 1984, o clube terminou em terceiro lugar.

Supervisor do futebol feminino na década de 80, Fernando Meirelles, de 72 anos, concedeu entrevista ao Blog Fanáticos pelo Cesso recordando o trabalho na Teixeira de Castro com as jovens e lembrou o início da criação das categorias.

"Fizeram uma peneira. Apareceram meninas de todas as partes para participar. Era muita gente. Os dirigentes não eram bobos. Eles iam peneirando as melhores e fizeram um timaço. Tanto o principal como o juvenil eram muito bons. O principal só tinha um problema. A goleira não era das melhores, então, não conseguiu ir longe. Mas, o time do 'Cacareco' (técnico Roberto Martins) foi campeão invicto. O Bonsucesso não era mole", disse citando a temporada de 1983 com o título juvenil.

Meirelles recorda que existia hostilidade entre as próprias jogadoras, mas nos dias de jogos, como o ambiente era familiar, as torcidas aliviavam nas arquibancadas que abrigavam bons públicos nos finais de semana.

"Tinha problema sim. Sempre tinha alguém falando que fulana era 'sapatão'. Infelizmente isso não deveria existir. Era difícil lidar com elas pra caramba. Tínhamos reuniões constantes devido indisciplinas, não seguiam regras e elas botavam pra quebrar. Eu tinha um jeito diferente de lidar. Eu dizia que não queria saber o que elas faziam. Queria que jogassem e ganhassem. Não queria que barrasse ninguém. Era para botar pra jogar. Dava certo. Jogávamos em todos os cantos. Quando éramos mandantes, atuávamos na Teixeira de Castro. Ia muita gente porque ninguém pagava nada. Era sempre sábado ou domingo à tarde, às 13h e 15h. Tinha muita família e isso ajudava no ambiente menos hostil. Quem sofria muito eram os árbitros e as bandeirinhas", disse.

Apesar do jeito durão, Fernando Meirelles afirmou que sempre foi tratado como um 'paizão' pelas jogadoras do Bonsucesso.

"Elas sempre me trataram bem, sempre me respeitaram não só como dirigente como também como homem. Sempre fui mais velho que elas, eu sempre tratei todas de maneira igual. Eu ajudava como podia. Me pediam dinheiro para comprarem fita para amarrarem o cabelo nos jogos. Eu dava. Não tinha problema. Sempre me dei bem com elas. Cobrávamos também constantemente as notas escolares. Tudo passava pela supervisão do clube, dos técnicos e dirigentes."

Na história do Bonsucesso, o clube pode se gabar de ter lançado para o mundo do futebol a zagueira Elane, autora do primeiro gol da Seleção Brasileira em uma Copa do Mundo. Capitã do Brasil durante a década de 1990, Elane participou de quatro Copas do Mundo, uma Olimpíada e três Sul-Americanos. A ex-jogadora iniciou a carreira no São Cristóvão, mas com apenas um mês de clube, foi integrada ao Rubro-Anil. No estádio Leônidas da Silva, ela fez parte do time campeão juvenil de 1983 e teve grandes atuações pela equipe profissional. Ao longo da carreira, defendeu a Portuguesa, Radar, Corinthians, Santos e São Paulo.

"A Elane jogava demais! Me recordo que ela defendeu o Brasil no Mundial. Ela participou do nosso timaço. No profissional, ela formou a dupla de zaga com a Penha. Quando ela foi convocada já não jogava mais pelo Bonsucesso, mas surgiu conosco", disse entusiasmado.

A zagueira Elane defendeu o Brasil entre 1988 a 1999
Foto: Divulgação

Assim como Elane que precisou conciliar a carreira de jogadora com outras profissões como babá e empregada doméstica, Meirelles relata a dificuldade de profissionalizar o futebol feminino na década de 80.

"Não era fácil. As meninas tinham que se desdobrar porque não existia dinheiro para custear a modalidade. Muitas delas tentavam conciliar, mas outras largaram o futebol e foram trabalhar em outras funções como cobradora de ônibus, doméstica, enfermeira..."

Apaixonado pelo futebol feminino, Meirelles acompanha os jogos que são televisionados e se derrete pelo futebol da 'Rainha' Marta.

"Gosto muito de ver. Vi no último domingo. Adoro ver elas jogando. A Marta sem dúvidas ainda é a melhor. Ela não tem mais a mesma mobilidade, mas está no mesmo patamar que o Pelé em genialidade. A Marta é um fenômeno. Quem viu, viu. Quem não viu, não verá ninguém igual. Há uns 10 anos atrás, ela jogaria fácil entre os homens", disse lembrando que o time feminino do Bonsucesso jogava constantemente com a equipe masculina:

"Elas treinavam. Não eram mole. Quando perdiam, perdiam jogando muita bola. Por isso, que tínhamos um timaço. O futebol feminino tinha que voltar não só no Bonsucesso, mas em todos os clubes. A modalidade foi esquecida e precisava voltar em todos os clubes. Sou fã", disse o ex-supervisor em tom de esperança.

Em 1989, o Campeonato Carioca Feminino foi interrompido por questões financeiras, sendo retomado apenas entre 1996 e 2001. Depois de uma nova pausa, em 2005, o Estadual foi reativado. 

Em 2011, o Bonsucesso teve a sua melhor colocação entre as profissionais, terminando em quarto lugar. Atualmente, o clube conta apenas com o elenco masculino profissional. As categorias de base estão paralisadas devido à pandemia e o futebol feminino foi suspenso.

Mônica foi a camisa 10 do Bonsucesso em 1983
Foto: Reprodução/
Revista Bonsucesso

25/11/2020

BONSUCESSO É GOLEADO PELO SERRANO NO FIM DA SÉRIE B1

Foto: Reprodução

Acabou! O Bonsucesso encerrou sua participação na Série B1 sofrendo mais uma goleada. Desta vez, para o Serrano por 4 a 1, no Atílio Marotti, em Petrópolis, pela 9ª rodada da Taça Corcovado. Accioli aos 21 minutos, Adrianinho, aos 47, Pablo, aos 5 do segundo tempo e Nandinho, aos 26 da etapa complementar, fizeram os gols do time da Região Serrana. Juninho descontou para o Rubro-Anil aos 43 minutos do segundo tempo após boa jogada individual.

Com o resultado, o Leão da Leopoldina terminou em último lugar no Grupo B do segundo turno com apenas dois pontos. Na classificação geral, foi o penúltimo com oito pontos e está rebaixado para a 4ª Divisão em 2021 ao lado do Campos, que perdeu para o Gonçalense por 3 a 2.

Em 16 jogos no Estadual, o Bonsucesso somou uma vitória, cinco empates e 10 derrotas. 10 gols marcados e 30 sofridos, aproveitamento de 16%. Como mandante no Joaquim Flores, somou três pontos. Foram quatro derrotas, três empates e nenhuma vitória (14,3%). Já como visitante, foram cinco pontos com uma vitória, dois empates e seis derrotas (18,5%). 

Maricá e Duque de Caxias se classificaram para às semifinais no Grupo A. Já no Grupo B, Nova Iguaçu e Sampaio Correa avançaram. 

Audax, Serrano, Serra Macaense, Rio São Paulo, Olaria, São Gonçalo e Nova Cidade estão rebaixados para a 3ª Divisão no ano que vem.

Confira abaixo os resultados da última rodada:

Serrano 4x1 Bonsucesso
Serra Macaense 2x1 Angra dos Reis
Rio São Paulo 2x2 Goytacaz
Olaria 2x0 São Gonçalo
Nova Cidade 1x3 Nova Iguaçu
Maricá 0x2 Sampaio Correa
Gonçalense 3x2 Campos
Audax 2x3 Artsul 




23/11/2020

FERJ CONFIRMA MANUTENÇÃO DOS REBAIXAMENTOS NA SÉRIE B1

Bonsucesso está rebaixado para a 4ª Divisão
Foto: Marcos Faria Melo

O site Futebol do Rio trouxe uma 'bomba' neste domingo ao informar que os clubes da B1 se articulam para propor uma alteração no regulamento e consequentemente evitar o rebaixamento abrupto. Segundo a reportagem, presidentes se alinham nos bastidores para propor à Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro uma reavaliação do quadro que confirma o descenso de sete agremiações para a Terceira Divisão e de dois times para a 4ª Divisão.

Segundo o site, o presidente do Olaria, Augusto Pinto Monteiro, estaria liderando o movimento e tentando uma aproximação com a alta cúpula da FERJ para buscar um entendimento em meio à crise instaurada nos clubes de menor investimento devido à pandemia.

De acordo com a apuração do site "Futebol do Rio", a sugestão seria adiar o projeto de reformulação das divisões para 2022, evitando assim, o rebaixamento em massa de clubes na atual temporada.

A movimentação interna surge na última semana da fase classificatória da Taça Corcovado, o segundo turno da Série B1. Entretanto, em contato com o diretor de competições da FERJ, Marcelo Vianna descartou voltar atrás e aceitar uma 'virada de mesa'.

"Não existe essa possibilidade. Tudo foi aprovado em Conselho Arbitral e regulamentos são para serem cumpridos. Não tenho conhecimento de movimento. Nenhuma reunião será agendada para tratar do que já foi tratado. Cada série estará com 12 clubes. Normatizará em regulamento único", afirmou com exclusividade ao Fanáticos pelo Cesso.

O Bonsucesso era interessado direto, caso houvesse uma mudança no regulamento. O clube está rebaixado para a B2 de 2021, ou seja, a 4ª Divisão. O Rubro-Anil soma apenas oito pontos na classificação geral e é o penúltimo (16º colocado). Apenas o Campos (com sete pontos) tem uma campanha pior. O time da Teixeira de Castro encerra sua participação melancólica nesta quarta-feira, às 15h, contra o Serrano, em Petrópolis. 

22/11/2020

EDITAL DE ELEIÇÕES DO BONSUCESSO É PUBLICADO FORA DO PRAZO


Confirmado o rebaixamento do Bonsucesso para a Série B2 (4ª Divisão) em 2021, o que será do futuro do clube? Os problemas judiciais acometem a instituição há anos. 
O 'X' da questão é que a atual administração estava empossada até o dia 3 de setembro de 2020, após decisão da justiça que tornou inelegível o ex-presidente José Simões por irregularidades. Por não ter concorrentes no pleito, o atual mandatário Ary Amâncio e demais integrantes da diretoria foram confirmados à frente do Bonsucesso por três anos a partir do escrutínio, ou seja, desde a votação sob anuência do desembargador Mário Guimarães Neto (foram 66 votos a favor e três votos em branco).

Entretanto, deliberadamente o atual presidente Ary Amâncio prorrogou o mandato até 31 de dezembro de 2020 sem o consentimento dos poderes do clube e por fim, o presidente da Assembleia Geral, Brazelino Vieira de Antunes convocou erroneamente no último dia 7 de novembro o edital para novas eleições, agendadas para o dia 12 de dezembro, na sede na Teixeira de Castro.



O Blog Fanáticos pelo Cesso entrou em contato na quinta-feira (19) com o presidente da Assembleia Geral para questionar o por quê das eleições não terem sido convocadas anteriormente. Brazelino Vieira garantiu que o pleito ocorrerá normalmente na primeira quinzena do próximo mês, não soube informar sobre o prazo para lançamento das chapas e se eximiu de responsabilidade quanto a votação tardia no clube.

"Vai (sic) ter eleições. O edital já foi convocado. Estou acabando de conferir tudo isso agora para dar o parecer ao clube. (O mandato) Vai até o final do ano. Não sei (sobre a prorrogação do mandato). Não estava lá. Estou conseguindo entrar no clube só agora. Fiquei distante o ano todo. Estou resolvendo apenas esse problema das eleições. O resto é com o Conselho Fiscal, Deliberativo e com eles lá que devem resolver essa parada aí. O meu negócio são eleições", concluiu Brazelino Vieira.

O Bonsucesso pode sofrer sanções no âmbito estadual e nacional já que a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro não reconhece a prorrogação do mandato do presidente Ary Amâncio (imagem abaixo extraída do site da FERJ) e no registro eletrônico da agremiação na CBF, houve a alteração manual e inconsequente do período de posse, constando apenas a ata da última eleição.

O Rubro-Anil corre o risco de ser denunciado no Conselho de Ética da CBF e pela Procuradoria do Superior Tribunal de Justiça Desportiva por 'falsificar, no todo ou em parte, documento público ou particular, omitir declaração que nele deveria constar, inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que deveria ser escrita, para o fim de usá-lo perante a Justiça Desportiva ou entidade desportiva', como consta no artigo 234 do CBJD, com pena de  suspensão de 180 a 625 dias, multa de R$ 100,00 a R$100.000,00 e eliminação na reincidência; se a infração for cometida por qualquer das pessoas naturais elencadas no art. 1º, § 1º, VI, a suspensão mínima será de 360 dias. Portanto, os dirigentes também podem ser penalizados desportivamente e judicialmente, confirmadas as possíveis irregularidades.

Mandato que consta na FERJ contempla entre 03/09/2017 a 02/09/2020

Registro eletrônico do Bonsucesso foi alterado manualmente na CBF


 Documento alterado no sistema de registro de clubes da CBF

   Ata geral do processo eleitoral do Bonsucesso em 2017

Um sócio que não quis se identificar criticou a postura da atual diretoria que manteve o clube fechado mesmo após receber a autorização dos órgãos governamentais para reabrir a sede com os cuidados contra a COVID-19 em setembro, data que deveria abranger as eleições presidenciais no Bonsucesso. 

"Tudo foi feito na canetada! É uma pena tudo isso que o clube está passando. É uma triste página para toda a comunidade da Leopoldina. O Bonsucesso simplesmente está definhando", alertou.

O estatuto do Bonsucesso não cita a permissão de ampliação de mandato em nenhuma hipótese, nem mesmo há alusão a uma situação atípica como a pandemia. O artigo 74-A informa que a Assembleia Geral deve convocar eleições de três em três anos, na primeira quinzena de dezembro, para eleger os presidentes e vice-presidentes, membros efetivos e suplentes dos poderes do clube. Mas, como já informamos, as últimas eleições foram judicializadas e o mandato teria validade somente até o dia 3 de setembro. Portanto, a convocação feita pela Assembleia Geral descumpre a ordem judicial. 

O regimento do Bonsucesso ainda informa que a Assembleia Geral deve convocar novas eleições para preencher vagas do Conselho Deliberativo, quando seu mínimo atingir o total de 20 conselheiros  e os cargos de presidente e vice-presidente dos poderes do clube. Ou em qualquer tempo  para preencher vagas ocorridas com vacância dos membros eleitos dos poderes do clube. Ou em qualquer tempo para apreciar matéria referente aos incisos II (alteração do estatuto) e IV (destituir a diretoria administrativa) do artigo anterior (73). 
 

21/11/2020

AQUI JAZ O BONSUCESSO! CLUBE É REBAIXADO PARA A 4ª DIVISÃO!

Foto: Gabriel Farias/Gonçalense

É com extremo pesar que comunicamos o passamento do Bonsucesso para a 4ª Divisão do Campeonato Carioca após a derrota por 2 a 0 para o Gonçalense, neste sábado, no estádio Joaquim Flores, pela penúltima rodada da Taça Corcovado.

Com o resultado, o Rubro-Anil se manteve em 16º na classificação geral, sem chances de evitar o rebaixamento já que o Nova Cidade bateu o Angra dos Reis por 2 a 1, no Jair Toscano e alcançou os 13 pontos com apenas uma rodada a mais pela frente.

O sepultamento do Bonsucesso está marcado para quarta-feira, às 15h, em Petrópolis, diante do Serrano.

Que Deus o tenha em um bom lugar em 2021!

Confira abaixo os resultados da 8ª rodada da Taça Corcovado, a classificação do turno e geral: 





GAFE

A Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro cometeu um deslize neste sábado. A FERJ informou que o jogo entre Bonsucesso e Gonçalense terminou empatado em 0 a 0. O confronto, na verdade, terminou com a derrota do Leão da Leopoldina por 2 a 0. O time da Teixeira de Castro não vence há 13 jogos.