TÁ NO LIVRO, COM PAULO JORGE #88

Confira a nova coluna com o historiador Paulo Jorge

Por: Paulo Jorge

CESSO-URUGUAI X VASCO 

O início da temporada 2024 tem resgatado algo que foi frequente na vida dos clubes cariocas no século passado: os amistosos contra equipes internacionais. Em 1923, porém, o Bonsucesso se juntou com o time do Universal-URU para disputar uma partida contra o Vasco da Gama.

O time Uruguaio estreou na 1º Divisão em 1912 e participou ativamente do torneio nacional até 1927, quando foi dissolvido. Ao menos deixou sua história com a conquista da Copa da Honra Nacional, importante título à época no país vizinho.

Na ocasião do amistoso, os jornais apontavam que aquele seria o primeiro duelo internacional do Vasco. No dia 2 de janeiro, o boa equipe do Bonsucesso reforçada pelos uruguaios empatou com o Gigante da Colina por 1 a 1. 

Russo marcou para o Vasco e Bruno deixou tudo igual para o combinado. O jogo marcou a despedida de Adão Antônio Brandão pelo Vasco. Segundo os periódicos, o Universal-URU foi reforçado por quatro jogadores do Bonsuça.

No jogo de fundo, a equipe principal do time uruguaio venceu por 3 a 0 o combinado Flamengo/Paulistano

Confira abaixo as formações das equipes, segundo dados extraídos do Almanaque do Vasco.

Vasco: Amaral; Mingote e Hespanhol; Arthur, Magalhães e Miranda; Adão, Russo, Pires, Badú e Godoy.

Universal/Bonsucesso: Vidal; Minol e Caldas; Mathias *, Eurico * e Galbo; Affonso *, Bruno, Scarone, Maldonado e Lucio *.

* JOGADORES DO BONSUCESSO TITULARES


Fonte: Almanaque do Vasco e Netvasco (Alexandre Mesquita)

TÁ NO LIVRO, COM PAULO JORGE #15

Jornal dos Sports retrata chegada de Álvarez ao Bonsucesso
Foto: Reprodução/Jornal dos Sports 

Por: Paulo Jorge

GUARDIÃO URUGUAIO

Em 25 de junho de 1948, o jornal dos Sports trouxe uma notícia muito interessante. O Bonsucesso estava trazendo mais um jogador estrangeiro para seu 'quadro'. Tratava-se de Álvarez. Não pensem vocês que ele veio de um time pequeno. Ele era goleiro reserva do grande Nacional, multicampeão uruguaio.  A diretoria procurava reorganizar o elenco para fazer um bom papel no 'certame' e apostava na vinda de alguém da América do Sul. 

Naquela década, o Bonsucesso se notabilizou por contratações de 'gringos', que posteriormente ficariam eternizados no futebol brasileiro. Um exemplo foi Armando Renganeschi, que fez história pelo Fluminense e São Paulo após ser emprestado pelo Independiente ao Bonsuça.

A previsão de desembarque era para o dia 26, às 17h, no Aeroporto Santos Dumont, indo direto para a Teixeira de Castro.

Apesar da campanha irregular no Carioca, Álvarez teve partidas de destaque durante a competição. Em 1949, ele retornou ao Nacional, mas logo depois, voltou para o Bonsucesso, permanecendo no clube até 1951, quando se transferiu para o rival Olaria. Durante a trajetória na Zona Norte, ele chegou a ser especulado no Torino após a tragédia com o clube italiano. 

Logo após o fim da carreira, Álvarez iniciou o trabalho de auxiliar técnico no Nacional. Recomendado por Zezé Moreira e com raízes no Brasil, o uruguaio veio para o Paysandu e a passagem foi muito vitoriosa sendo cinco vezes campeão estadual em 1965, 1966, 1971, 1972 e 1976. Ele também teve uma passagem pelo Remo, rival do Papão, e dirigiu o time durante parte da campanha do título em 1977. No país, ainda dirigiu o Moto Club e Ferroviário.

Álvarez é o segundo técnico mais vezes campeão estadual no Pará, abaixo de Nagib Coelho Matni. Faleceu em 2008 e pediu para que suas cinzas fossem espalhadas pelo gramado do Paysandu.