Revista Rubro-Anil, Ed. Dez/1938. Acervo George Joaquim.
Sua partida inaugural foi cinco dias depois, uma vitória de 3x1 sobre o CA Riachuelo. Mandava seus jogos nas terras do antigo Engenho da Pedra e arredores, que o engenheiro Guilherme Maxwell havia adquirido para urbanização e loteamento. Mais especificamente, na região em que seriam construídas a Praça das Nações e a Estação Bonsucesso, da então The Leopoldina Railway (Estrada de Ferro Leopoldina, a partir da década de 1940).
Segundo o site do clube, seu primeiro campo oficial foi na Rua Uranos, inaugurado em 03.02.1918, numa derrota de 3x4 para o River FC, arbitrado por Máximo Martins. Seu segundo campo, na Av. dos Democráticos, inaugurado em 03.05.1927. Na preliminar, o time da casa goleou o Olaria AC por 4x1. No jogo principal, o São Cristóvão ACaplicou um 4x2 no CR Flamengo.
Em 1931, o clube deu início a um projeto: montar um time imbatível e, para isso, dar todas as condições necessárias. O homem forte do clube era Juan Manuel Cabalero, um uruguaio radicado no Rio, e o diretor de esportes era Aníbal Bastos. Para o time, conseguiu um jovem que estreara no ano anterior, pelo Syrio e Libanez AC, clube que foi desligado da Associação Metropolitana de Esportes Atléticos (Amea): Leônidas da Silva, o famoso Diamante Negro. Para técnico, outro novato: Gentil Cardoso, também do Syrio. Quando a maioria dos clubes ainda era reticente na aceitação de jogadores afro descendentes, o surpreendente Bonsucesso de 1932 tinha sete negros em campo e Gentil no comando.
Quanto à infra-estrutura para esse projeto, o Bonsucesso se mudara para uma sede mais ampla e moderna, com um campo melhor, que inaugurou em 1929, no nº 54 da Av. Teixeira de Castro (nome de um médico que era dono de uma farmácia (sic) no Largo de Bonsucesso, foi benfeitor do bairro e amigo do clube; curiosidade: a sala de troféus do Fluminense se chama Afonso Teixeira de Castro, que foi atleta e dirigente do tricolor), antiga Estrada Nova do Engenho da Pedra. Ali, construiu um estádio todo em concreto, considerado por Adolpho Schermann, ainda na década de 60, um dos melhores da cidade: com cobertura nas sociais, instalações elétricas, gerador próprio, alambrado, vestiários amplos e arejados. Anos depois, foi batizado como Estádio Leônidas da Silva, em homenagem à maior revelação de toda a história do clube. Sua capacidade, inicialmente para 10 mil torcedores, já comportou 15 mil e atualmente é de 2 mil (cf. Cadastro Nacional de Estádios de Futebol, da CBF, de 2009). Além do estádio, a sede do clube conta com uma piscina, uma academia de artes marciais e uma boutique, em que é possível adquirir camisas e calções do Rubro-Anil – expediente: de 3ª a sábado, das 9:00 às 18:00.
O Bonsucesso é conhecido como grêmio leopoldinense. Ou simplesmente Leopoldino, a mascote criada pelo cartunista argentino Lorenzo Molas, na década de 1940 (ver o capítulo “Primeira mascote”, em nosso livro Do fundo do baú). “Seu” Leopoldino, um distinto cavalheiro de terno, gravata, cartola e guarda-chuva, era uma personagem que buscava retratar uma espécie de torcedor-símbolo do clube. Nas palavras do rubro negro José Lins do Rego (apud Coutinho), “é homem de bem, de boa consciência, de bom proceder”, e que “um dia terá sua grandeza”.
Falando em Leopoldino, os jogos com o Olaria são conhecidos como “Clássico Leopoldinense”. A própria região em que ficam ambos os clubes é conhecida como Zona da Leopoldina. Das quinze estações da EF Leopoldina até Gramacho, dez compõem a Zona da Leopoldina, de Manguinhos a Vigário Geral, passando por Bonsucesso e Olaria. E com estações bem próximas a ambos os clubes: Estação Bonsucesso e Estação Pedro Ernesto, respectivamente.
Por que Leopoldina? O famoso Samba do crioulo doido, de Sérgio Porto, diz que “Dona Leopoldina virou trem”. Noronha Santos e Charles Dunlop dizem que foi uma homenagem à Princesa Leopoldina, filha de Pedro II. Outros, contudo (Rodriguez, Gerodetti, Cornejo, Campos e Silva), dizem que o nome decorre, na verdade, da cidade mineira de Leopoldina, por onde passava o primeiro ramal da estrada de ferro.
Fonte: Webartigos.comAbração a todos.