Olá Amigos!
Domingo, 15 de abril de 2012.
Teleférico, Quinze - 15/04/2012
A alegria irreverente do vendedor de DVDs pirata que faz ponto em frente às Sendas, ali pertinho da Rua Bonsucesso, amanhã estará cabisbaixa. Os trens, ao passarem de Ramos, vindo de Gramacho, andarão mais devagar em respeito à tristeza. Esta, que não tomou conta de um clube, mas de um bairro, depois da esperança vivida por 15 rodadas.
Se o camisa 9 tivesse alguns centímetros a mais de perna, agora não estaríamos onde estamos. Se o juiz tivesse visto aquele pênalti como o Benemérito Dr. Meirelles viu, agora não estaríamos onde estamos. Se aquela cabeceada do Edmário tivesse ido para baixo em vez de isolado a bola, agora não estaríamos onde estamos. Aqueles dois pontos que não ganhamos frente ao Olaria e ao Bangu fez falta. Faltou à turma jogar em casa, a linha ia arrasar. Enfim, não acabaríamos esta semana se tivéssemos de enumerar tudo aquilo que nos fez, hoje, estar onde estamos, porque houve muitos detalhes.
Apontar os erros, no entanto, só pode servir de aprendizagem se, humildemente, pudermos admiti-los. Sem humildade, veremos apenas plataformas eleitorais fora do prazo para campanha. Não que o debate deva ser sufocado: a diversidade de opiniões é fundamental. E elas existem no seio do quadro social. É preciso que os clamores sejam ouvidos, e uma resposta oficial seja dada. Sem meias histórias. Sem disse-me-disse. Democracia se faz com diálogo.
Mas Democracia também se faz com rostos. Com braços e pernas. Com cabeças. Com ideias. Corações. Rubro-anis, por favor. É preciso ainda vozes que compareçam não só à internet, mas aos estádios, para gritos de estímulo ou desabafo; compareçam à sede do clube - e é preciso que a diretoria incentive a reocupação deste espaço, para além da "feirinha de itaipava". Compareçam às reuniões de Diretoria e Conselho, para que não se repita o que sofremos quase vinte anos atrás. Sigamos o exemplo de 83, sem repetir os erros de 85.
Revolta ver que alguns saíram do Eduardo Guinle sem esboçar uma reação de tristeza, espanto ou algo similar: era domingo e pareciam voltar do Zoológico. O fim da linha é perceber que os bares aqui perto de casa fecharam mais cedo. Pelo menos a chuva fina que cai sobre este ramal lava o choro - anunciado - da Leopoldina. Empatamos e perdemos alguns com brio; outros, indignamente.
Xingamentos e denúncias vazias já circulam na velocidade da banda larga. Rumores falam em vandalismo às portas da sede. Pois que taquem pedras, joguem bombas, venham tanques ou inventem: vai fazer cem anos - e outros, muitos, mais, virão - que este pedaço do subúrbio carioca pulsa vermelho e azul. Dia e noite a Estação do Teleférico brilha, como se avisasse: querendo subir, estamos aí. Vai?
Vai, isso vai. Podem esperar, vós que zombais: o Leão vai voltar!
Com a autorização do autor desta obra-prima, o Sr. Alexandre Magno Gonzalez Dêrauê,
Gostaria apenas de acrescentar que agora não adianta apontar os culpados, precisamos urgentemente desde já nos planejarmos para a Série B de 2013. Todos nós sabemos os erros cometidos, e com isso, a reestruturação tem que ser baseada numa possível projeção a volta da série A em 2014. Não queríamos, depois de 19 anos voltar a disputar a segundona, que por sinal a cada ano que passa fica mais difícil almejar as duas vagas.
Claro que dói muito no ano em que o clube completa o seu centenário, voltarmos a conviver com todo o sofrimento de conseguir voltar a elite do futebol carioca. A nossa torcida não merecia e não merece passar por isso. Sendo assim, cabe aos novos comandantes do futebol do Bonsucesso Futebol Clube, primeiramente entender o que significa vestir essa camisa rubro anil.
Não podemos deixar de aproveitar essa garotada do juniores que está fazendo uma bela campanha no estadual capitaneada pelo Baiano e o Evaldo Ruy, e com toda certeza, conforme sempre menciona o nosso Grande Benemérito Dr. Fernando Meireles, existem jogadores que já podiam estar jogando na equipe de profissionais.
Temos que montar uma base sólida e aproveitar que esse ano não haverá eleições e começar a montar um elenco sem esses tradicionais medalhões que são contratados a peso de ouro. As grandes equipes do Bonsucesso, na sua maioria sempre foram formadas com mais da metade dos jogadores oriundos das categorias de base do clube.
Com certeza serão noites sem dormir tentando acreditar que um sonho construido a menos de uma ano virou um pesadelo em menos de quatro meses. O meu coração doeu quando depois da transmissão regressando de Nova Friburgo, recebi uma ligação da minha filha de sete anos chorando porque o Bonsucesso caiu para a segundona.
Ela que ano passado acompanhou a nossa luta e muitas vezes deixei de brincar com ela e de dar atenção a minha família para acompanhar a minha eterna paixão. Com certeza a família de toda a torcida rubro anil está sofrendo, e todo um bairro acordou nesta segunda-feira triste.
Vida que segue, nada como o tempo para cicatrizar essa ferida. Com certeza o ano para mim e também para outras pessoas acabou no dia 15 de abril de 2012. E para o Bonsucesso o ano de 2013 já começou e vai ser um ano longo com muita luta e sofrimento, mais com certeza Papai do Céu está guardando uma grande surpresa para essa torcida rubro anil que mais uma vez deu um show de AMOR E PAIXÃO.
Gostaria de agradecer mais uma vez ao SR. Alexandre Magno Gonzalez Dêrauê por autorizar a publicação do seu excelente texto, e apesar de não conhece-lo pessoalmente dizer que foi um dos grandes amigos que conquistei nesses quatro meses trágicos.
Avante Bonsucesso!
Um abraço a todos!