A Associação Atlética Vila Isabel já foi um importante centro esportivo do Rio de Janeiro
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Sair de casa para encontrar amigos, parentes, vizinhos e conhecidos nos clubes de bairro já foi um hábito muito comum entre os cariocas. Contudo, a visita para atividades esportivas e sociais está cada vez menos presente na rotina dos moradores do Rio de Janeiro. Isso porque esses tradicionais espaços de convivência vêm passando por muitos problemas que acabam culminando no fechamento.
Estudiosos do tema estimam que a decadência dos clubes de bairro vem acontecendo desde a década de 1970. Segundo o professor Victor Melo, especialista no assunto, são alguns os fatores que culminam na situação: a “domesticação das experiências” (pessoas cada vez mais em casa, muito por conta das tecnologias); dificuldades financeiras da classe média; especulação imobiliária e a construção de condomínios residenciais que têm quase tudo o que um clube pode oferecer.
“A conjunção de tudo isso leva os clubes a não conseguirem pagar as dívidas, a manter os espaços, e a estrutura. Alguns clubes tentaram fazer festas, bailes, mas não é o suficiente para todos”, destaca o professor Victor Melo.
Um dos casos mais recentes de fechamento de um clube histórico para a cidade foi a Associação Atlética Vila Isabel. O local, que por um bom tempo passou por dificuldades, encerrou as atividades para virar um empreendimento imobiliário.
“A maior parte dos clubes que não resistem e fecham as portas viram empreendimentos imobiliários”, frisa Victor Melo.
A situação se espalha por outros bairros e clubes. No ano passado, o jornal O Dia publicou que o Olaria Atlético Clube devia, aproximadamente, R$ 100 mil reais à Ligth. Na mesma reportagem, o clube do Bonsucesso é citado em um débito de mais de R$ 224 mil com a Cedae. Há alguns anos, o Olaria chegou a tentar vender seu estádio para pagar dívidas. Em 2020, o Bonsucesso transformou o hall de entrada do clube em um estacionamento para tentar arrecadar algum dinheiro neste período de crise.
“A consequência desse problema é a perda de espaço de referência. Os clubes foram mais que espaços só de diversão ou só de esporte. Grande parte da vida politica, social, cultural, passaram pelos clubes. Os clubes são importantes agentes de identidade local. Em geral, envolviam uma elite local, mas também havia espaço de contato com os populares dos bairros. Importantes políticos da cidade vieram dos clubes, os clubes sempre foram centros sociais. Os clubes foram referenciais para a vida pública, comunitária. Quando você perde esse espaço, você perde espaço de convenção comunitária. Essa perda é relevante para entender os movimentos de construção dos cotidianos das cidades”, afirma o professor Melo.
Muitos dos clubes em crise ficam na Zona Norte, nos subúrbios da cidade do Rio de Janeiro, enquanto na parte de maior poder aquisitivo da cidade, a Zona Sul, espaços históricos de convivência e prática esportiva, como Clube Monte Líbano, Caiçaras, entre outros, se mantém firmes.
“É muito triste assistir a depreciação dos subúrbios sendo refletida nos clubes e agremiações de nossos bairros. O impacto é direto não só na autoestima, como também na identidade e na memória do local, que vão perdendo vida cada vez que os clubes vão encontrando a falência”, opina o historiador Vitor Almeida, criador da página Suburbano da Depressão.
Diante do problema, algumas soluções são apontadas por especialistas: “Estamos reconfigurando os espaços públicos. Hoje temos outros grupos que de alguma maneira têm uma atuação parecida com as dos clubes. ONGs, grupos culturais, que tentam ter seus espaços físicos ou usam espaços públicos, governamentais. Mas a dinâmica é diferente do funcionamento dos clubes, que tinham essa coisa da base associativa comunitária. Eu acho que era possível recuperar os clubes em crise se o Poder Púbico investisse nesses espaços. Em áreas, bairros que têm poucas opções de lazer e clubes estão em situação difícil, a Prefeitura poderia, ao invés de construir praças, vilas olímpicas, investir nesses clubes e torná-los públicos, em uma parceria entre o público e o privado. O fim dos clubes não significa o fim dos espaços de lazer, eles só se reconfiguraram e estão diferentes do passado, mas faz falta o espaço, a dinâmica dos clubes. Eles são muito importantes e mereciam mais cuidado para ou se manterem ou voltarem a ter o papel que já tiveram no passado”, declara o professor Victor Melo.
o nome disso é realidade e o bonsucesso está categoricamente inserido nesse contexto.
ResponderExcluiralém disso, a recuperação desses clubes passa por reinvestimentos de ordem financeira e organizacional; essa derrocada enfrentada por esse clubes está também associada a um declínio social no cotidiano contemporâneo, o que leva, invariavelmente, a estragos em todas as relações sociais, seja entre amigos, familiares, parentes, ou mesmo conhecidos e por aí vai. a chamada cultura do ódio prolifera no meio social, principalmente no virtual, o que acaba se traduzindo no exterior, quando do convívio turbulento, onde se tem a crença comum de que tudo quanto é tipo de sacanagem é considerado normal, legal até. e outra coisa que contribui para esse declínio social, que, como já mencionei, é também determinante para a crise social contemporânea, são os programas "reality shows", que promovem péssimos exemplos, em especial a quem assiste. No caso de reerguimento dos clubes, só mesmo um milagre, e mais ainda no caso do bonsucesso, onde a crise é muito maior do que no caso do olaria, por exemplo. o madureira por outro lado inclusive é um exemplo de persistência, pois está na primeira divisão do cariocão desde 1994 de forma ininterrupta. uma série de fatores levou o bonsucesso a essa queda vertiginosa no cenário estadual, e, ao que parece, ele não tem força pra se reerguer, e nem muito menos moral pra buscar uma reabilitação, haja vista os infindáveis escândalos que levaram o clube da avenida teixeira de castro a falência financeira e moral. dura a vida do bonsucesso nesses novos tempos. bem dura.
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