Legenda Foto abaixo:
Pôr do Sol no Lajedo Pai Mateus em
Cabaceiras, sertão paraibano.
Todo fim de jogo lá vai ele, barriga à
frente, levando os jogadores do banco ao gramado para confraternizar
com os atletas que terminaram a partida. Pois coisa pra comemorar é o que
não tem faltado ao Bonsuça: classificação na primeira fase da Copa Rio, cem por
cento de aproveitamento na segunda e ainda um aniversário de 99 anos no meio
disso tudo.
Orlando Caulim, o "professor"
do rubro-anil, completou dois meses de cargo no último dia sete, após ter
passado todo o returno da primeira fase sem saber o que é perder. Desde então,
o Leão também não sabe o que é sofrer gols: o último foi tomado nos acréscimos
do segundo tempo contra o Angra, no encerramento do Grupo B, quinze dias atrás.
Se agora o treinador é festejado pela
torcida e elogiado pelos comentaristas, o início das relações na Teixeira de
Castro não foi nada assim. Três semanas antes de sua chegada, a diretoria do
clube havia definido que o comando da equipe na Copa Rio ficaria a cargo dos
técnicos que levaram os juniores à quinta posição geral no último campeonato
estadual (série A). A decisão, porém, caiu através do anúncio de uma parceria
com um grupo de empresários que passou a tomar conta do departamento de Futebol
e trouxe reforços oriundos do futebol nordestino.
A surpresa do anúncio reavivou o
ressentimento pelo fiasco da participação na série A durante o primeiro
semestre, ainda presente nos corações rubro-anis. Quem acompanhou o processo de
desmonte da base que venceu a segundona de 2011 não poderia deixar de associar
as situações e ver com desconfiança a mudança repentina de rumo. Somou-se a
isso o preconceito pela origem do técnico e dos jogadores novos, e piadinhas
discriminatórias tomaram conta das arquibancadas do Leônidas da Silva.
As primeiras vitórias não convenceram,
as derrotas preocuparam e a competência do cearense foi posta em cheque. Mas quem
duvidou da competitividade do futebol nordestino não viu o "jegue
escondido na história", como dizia o samba-enredo da Imperatriz
Leopoldinense. Orlando foi vítima do mesmo mal que nós sofremos quando
terceiros não levam a sério a disposição de torcer para um time de menor
investimento e menos visibilidade na grande mídia, chamando-nos de
"pequenos" ou "de menor expressão".
A vida do suburbano não é fácil, como a
do sertanejo. E daí vem a sua - a nossa - força. Caulim perseverou,
demonstrando personalidade e dinamicidade na condução tática. Não fala muito
durante a partida, mas ao que parece os atletas têm seguido as instruções dos
treinos. Bateu duas vezes o arquirrival da rua Bariri e levou o Cesso à sua
primeira vitória em cima do Resende, exorcizando alguns fantasmas que rondavam
o campo da antiga Estrada do Norte - como bem comentou Diego Zurita na última
partida, cuja transmissão foi capitaneada pelo fanático André Veras.
"Pai" Orlando ainda terá
trabalho nas rodadas restantes do Grupo E. A última
partida contra o próximo adversário, o Goytacaz, há mais de dois anos,
terminou com vitória do Leão. Diferentemente daquela ocasião, quando se
anunciou que o embate se daria a portas fechadas, agora o time contará com a
torcida para apoiá-lo - como vem fazendo, aliás, durante toda esta Copa Rio. No
confronto seguinte, quarta-feira, às 16h, a tarefa será encerrar o turno
ganhando do alvirrubro da Moça Bonita e enterrando a triste lembrança do um a
um ocorrido em Edson
Passos na segunda rodada do returno da Série A deste ano.
O Rubro-anil tem todas as condições de
alcançar o topo da tabela já neste sábado, uma vez que o líder Bangu será o
"folgado" da rodada. A Teixeira de Castro, depois da passagem de
Manoel Neto, voltou a ter um técnico e um elenco dignos desses nomes. Os termos
da parceria que os trouxe ainda não se tornaram públicos, mas o público
presente vem aumentado a cada apresentação. Próximo sábado, o espetáculo - em
campo e nas arquibancadas - promete.
É pagar 10 reais (ou 5 para estudantes
e sócios do Rubro-Anil) para ver.
PRA CIMA DELES, CESSO!