Efemeridades
(porque a última semana concentrou boas doses)
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16 de julho
Um jogo, um esporte e uma nação eternizados no silêncio de um estádio
inteiro: maracanazo. Mesmo o Brasil
abrindo o placar no início do segundo tempo, vinte minutos depois o Uruguai
empata e, faltando onze para acabar, vira o jogo. A multidão, a cidade e o país
que viu a foto dos campeões nos jornais matutinos daquele domingo custou a
acreditar. Tanto que não foram capazes de um ato de vandalismo, um
quebra-quebra, uma pedra sequer no ônibus da delegação da Celeste. Respirava-se perplexidade na terra de Santa Cruz.
A culpa era deles, e eles puseram a culpa em quem eles quiseram. Aqui, o
Galeano, embora também uruguaio, caiu como uma luva: "carrega nas costas o número um. Primeiro a receber? Primeiro a pagar."
Não consta que Barbosa usasse proteção nas mãos, nem que sua reputação como goleiro
tivesse sido posta em dúvida antes daquele gol do Ghigghia. Também falaram do
Bigode, quem devia marcar o autor do segundo gol. E ainda houve quem reclamasse
do Juvenal, o homem da sobra a cobrir o Bigode. Não era coincidência que os
apontados fossem, como na música de Caetano e Gil, todos pretos: na Copa de 50,
a vitória foi do preconceito. Adivinha quem foi vice?
Ora, pois: como se técnico, médico, massagista e dez jogadores do Brasil
não fossem... do Vasco. Estigma de vice? Na época, falava-se que o time da
colina não conseguia era ser bi-campeão. 45, 47 e 49 não conseguiram fazer
esquecer 46 e 48 na trave, com histórias de entorpecentes em garrafas térmicas
e tudo. 1950, portanto, não era o ano... e não foi mesmo. Tanto que o time que
tem o nome de um vice-almirante conseguiu ser bicampeão: a final foi disputada
em 28 de janeiro de 1951. Mais de 120 mil fizeram o maior público da história
do "clássico da paz" e viram a equipe de São Januário fazer 2 a 1
sobre o América. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Cl%C3%A1ssico_da_Paz_(Rio_de_Janeiro)).
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19 de julho
Não é piada, mas foi quando um grupo de alemães, ingleses, portugueses e
brasileiros fundou, em 1900, o primeiro clube de futebol no Brasil, digo, no
Rio Grande do Sul. Graças à CBF e ao Sport Clube Rio Grande, é considerado o
Dia do Futebol por estas bandas. Parece que, por lá, também.
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23 de julho
"A explosão da multidão em
júbilo com o apito final e os torcedores invadindo – digo, ocupando
democraticamente – o campo, o cheiro de luva na mão após os sinceros
cumprimentos ao goleiro (quem ocupa a posição sabe do que falo) e as lágrimas
quase infantis daqueles senhores de cabelos brancos e camisas vermelho-azuis
compuseram finalmente a foto da qual eu, até então, tinha apenas a legenda - a
advertência daquele honrado argentino. E a escolha, até então de consciência,
fincou os pés naquele gramado, apesar de irregular, alcançando o coração."
Se a Federação impedia a massa rubro-anil de entrar na Bombonera Suburbana, a dona Olga orientava
os menos afoitos a buscar a porta da rua de trás. Lá, malandramente, o Russo
esperava que o delegado desse as costas para, de um em um, sem correr ou chamar
atenção, os torcedores se "infiltrassem" com sucesso. E que sucesso.
De virada, pra variar, 2 a 1 sobre o Estácio. Estava nublado, fazia frio, mas a
tarde foi brilhante nos arredores da Praça das Nações. Os primeiros raios
vieram da Teixeira de Castro.
Que venham os próximos.
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