25/05/2012

COLUNA ''OPINIÃO E HISTÓRIA'' COM GEORGE JOAQUIM

  
De Domingos Caruso a Leônidas da Silva: o Estádio do Bonsucesso.

Os caminhos para se chegar ao campo do Bonsucesso já foram tortuosos, com muita poeira e terra. E se chovesse, muita lama. Mas a história de superação do mais querido do subúrbio da zona norte, também passa por uma evolução de seu campo.  

Desde 1913, o Bonsucesso Futebol Clube busca um campo capaz de abrigar com conforto, segurança e boa visibilidade os seus torcedores fanáticos. E conseguiu. O estádio cresceu com o clube. O clube que partiu do subúrbio para a cidade e da cidade para o Brasil incentivou investimentos para a sua casa. A ordem de grandeza foi estabelecida, do campo para o estádio, da madeira para o concreto.

O Cesso iniciou suas atividades jogando onde existe hoje a “Praça das Nações”, terras pertencentes ao antigo Engenho da Pedra. O primeiro jogo dos bravos rapazes fundadores foi nessas terras em 17/10/1913. O jogo foi contra o Riachuelo e o Cesso venceu por 3 a 1.
O 1º campo oficial foi na Rua Uranos, inaugurado em 03/02/1918. A derrota para o River por 4 a 3 na inauguração não foi um freio para as pretensões do Rubro-Anil. Neste ano o nosso clube foi Campeão da segunda divisão da Liga Suburbana de Futebol.

O 2 º campo oficial foi na Avenida dos Democráticos, inaugurado em 03/02/1927. O jogo principal, comemorativo, foi com o Olaria. O Cesso venceu o vizinho por 4 a 1. O 2º jogo da festa foi com o São Cristóvão e o Flamengo. Os Cadetes venceram os Rubro-Negros por 4 a 2. Em 1927 o Bonsucesso foi Campeão da segunda divisão com uma espetacular campanha, vencendo todos os jogos do campeonato. Infelizmente neste ano não houve acesso para a 1ª divisão.

 
Escola de Instrução Militar do Bonsucesso formada diante da arquibancada social. Foto: Revista Rubro-Anil nº 7 de 1938.

As atividades esportivas do novo campo foram curtas. O 3º campo oficial, de 102 metros de comprimento e 70 de largura, é o que existe até hoje. Segundo Laércio Becker no seu artigo “O Rubro-Anil da Leopoldina”, o novo campo da antiga Estrada do Norte foi inaugurado em 1929 para a disputa da 1ª divisão, alcançada pelo Bonsucesso ao ser Tricampeão da segunda divisão em 1928. 

A vida de suburbano não é mole! O Bonsucesso precisou ser Tricampeão para ter o direito de assento à mesa da elite esportiva carioca. A Revista Rubro-Anil, Edição nº 1 de maio de 1938, informa que a 1ª partida oficial da Estrada do Norte foi 28 de abril de 1929 contra o Vasco da Gama. Os vascaínos venceram por 2 a 1. A 1ª vitória do Cesso no novo campo foi contra o Bangu por 2 a 1 em 26/05/1929. Todas as duas partidas foram válidas para o Campeonato Carioca da AMEA.

Vista parcial da arquibancada social do Bonsucesso separada por uma pista de 2,40 (metros) entre o campo e a cerca interna. Foto: Revista Rubro-Anil nº 2 de 1938.

O progresso avança para o estádio e no dia 29 de junho de 1947, o Presidente do Bonsucesso Dr. Floriano de Góes, entrega à torcida a nova arquibancada social de concreto. Uma grande festa marcou esse dia com a realização de três jogos. O primeiro foi um encontro de Vasco e Flamengo na categoria aspirante. Infelizmente não há divulgação do placar da fonte pesquisada. O segundo jogo foi o amistoso festivo entre Bonsucesso e Madureira. No Clássico Suburbano vitória do Cesso por 3 a 2. O terceiro jogo foi o amistoso envolvendo Botafogo e Fluminense que resultou no placar de 5 a 5. 

A Estrada do Norte mudou de nome para Av. Teixeira de Castro. O Dr. Teixeira de Castro foi um dos três primeiros beneméritos do clube. O Estádio do Bonsucesso, também conhecido como Estádio da Av. Teixeira de Castro, teve a 1ª iniciativa de nominá-lo com um grande benfeitor do Clube em 1948. O escolhido foi o Grande Benemérito Domingos Vassallo Caruso, empresário do ramo de cinemas no Rio de Janeiro e que muito fez para o engrandecimento de nosso clube. Seu nome foi escolhido para batizar o estádio por iniciativa de um grupo de sócios e conselheiros que encaminharam o pedido para aprovação do Conselho Deliberativo. O Presidente da Federação Metropolitana de Futebol, Dep. Vargas Netto, apoiou a indicação através de uma crônica publicada na Revista Bonsucesso de junho de 1948

 Sem as cadeiras, amplo espaço para torcida. Foto: Arquivo

Na década de 60 o estádio do Bonsucesso foi considerado por Adolpho Schermann como um dos melhores da cidade, em razão do mesmo apresentar cobertura na social, instalações elétricas, gerador próprio, alambrado, vestiários amplos e arejados. 

Com capacidade para 10 mil pessoas, antes da colocação das cadeiras do Maracanã, outro nome foi dedicado ao estádio rubro-anil. Provavelmente por razão da morte de um ex-presidente, o estádio passou por um novo batismo e muda de nome para Rubens de Araújo Reis, falecido em 1983. Nos últimos anos um novo batismo e dessa vez homenageando o craque Leônidas da Silva, falecido em 24 de janeiro de 2004. 

Em 2012, depois de prestar relevantes serviços ao esporte por 83 anos, um dos mais antigos estádios e patrimônio histórico do subúrbio do Rio de Janeiro, é alvo de interdição da Federação de Futebol de nosso estado para realização de partidas válidas da Série A. A remodelação com as cadeiras do Maracanã, ampla reforma e colocação do novo alambrado, não foram fatores suficientes para a sua liberação junto a Federação.

Abração a todos.

 Palco de emoções no futebol. Foto: Arquivo.

Fontes: “O Rubro-Anil da Leopoldina”, artigo de Laércio Becker; FFERJ; Site rsssfbrasil.com; Acervo particular.