De
Domingos Caruso a Leônidas da Silva: o Estádio do Bonsucesso.
Os
caminhos para se chegar ao campo do Bonsucesso já foram tortuosos, com muita
poeira e terra. E se chovesse, muita lama. Mas a história de superação do mais
querido do subúrbio da zona norte, também passa por uma evolução de seu
campo.
Desde
1913, o Bonsucesso Futebol Clube busca um campo capaz de abrigar com conforto,
segurança e boa visibilidade os seus torcedores fanáticos. E conseguiu. O
estádio cresceu com o clube. O clube que partiu do subúrbio para a cidade e da
cidade para o Brasil incentivou investimentos para a sua casa. A ordem de
grandeza foi estabelecida, do campo para o estádio, da madeira para o concreto.
O
Cesso iniciou suas atividades jogando onde existe hoje a “Praça das Nações”,
terras pertencentes ao antigo Engenho da Pedra. O primeiro jogo dos bravos
rapazes fundadores foi nessas terras em 17/10/1913. O jogo foi contra o
Riachuelo e o Cesso venceu por 3 a 1.
O
1º campo oficial foi na Rua Uranos, inaugurado em 03/02/1918. A derrota para o
River por 4 a 3 na inauguração não foi um freio para as pretensões do
Rubro-Anil. Neste ano o nosso clube foi Campeão da segunda divisão da Liga
Suburbana de Futebol.
O
2 º campo oficial foi na Avenida dos Democráticos, inaugurado em 03/02/1927. O
jogo principal, comemorativo, foi com o Olaria. O Cesso venceu o vizinho por 4
a 1. O 2º jogo da festa foi com o São Cristóvão e o Flamengo. Os Cadetes
venceram os Rubro-Negros por 4 a 2. Em 1927 o Bonsucesso foi Campeão da segunda
divisão com uma espetacular campanha, vencendo todos os jogos do campeonato.
Infelizmente neste ano não houve acesso para a 1ª divisão.
Escola de
Instrução Militar do Bonsucesso formada diante da arquibancada social. Foto:
Revista Rubro-Anil nº 7 de 1938.
As
atividades esportivas do novo campo foram curtas. O 3º campo oficial, de 102 metros
de comprimento e 70 de largura, é o que existe até hoje. Segundo Laércio Becker
no seu artigo “O Rubro-Anil da Leopoldina”, o novo campo da antiga Estrada do
Norte foi inaugurado em 1929 para a disputa da 1ª divisão, alcançada pelo
Bonsucesso ao ser Tricampeão da segunda divisão em 1928.
A vida de suburbano
não é mole! O Bonsucesso precisou ser Tricampeão para ter o direito de assento
à mesa da elite esportiva carioca. A Revista Rubro-Anil, Edição nº 1 de maio de
1938, informa que a 1ª partida oficial da Estrada do Norte foi 28 de abril de
1929 contra o Vasco da Gama. Os vascaínos venceram por 2 a 1. A 1ª vitória do
Cesso no novo campo foi contra o Bangu por 2 a 1 em 26/05/1929. Todas as duas
partidas foram válidas para o Campeonato Carioca da AMEA.
Vista parcial
da arquibancada social do Bonsucesso separada por uma pista de 2,40 (metros)
entre o campo e a cerca interna. Foto: Revista Rubro-Anil nº 2 de 1938.
O
progresso avança para o estádio e no dia 29 de junho de 1947, o Presidente do
Bonsucesso Dr. Floriano de Góes, entrega à torcida a nova arquibancada social
de concreto. Uma grande festa marcou esse dia com a realização de três jogos. O
primeiro foi um encontro de Vasco e Flamengo na categoria aspirante.
Infelizmente não há divulgação do placar da fonte pesquisada. O segundo jogo
foi o amistoso festivo entre Bonsucesso e Madureira. No Clássico Suburbano
vitória do Cesso por 3 a 2. O terceiro jogo foi o amistoso envolvendo Botafogo
e Fluminense que resultou no placar de 5 a 5.
A
Estrada do Norte mudou de nome para Av. Teixeira de Castro. O Dr. Teixeira de
Castro foi um dos três primeiros beneméritos do clube. O Estádio do Bonsucesso,
também conhecido como Estádio da Av. Teixeira de Castro, teve a 1ª iniciativa
de nominá-lo com um grande benfeitor do Clube em 1948. O escolhido foi o Grande
Benemérito Domingos Vassallo Caruso, empresário do ramo de cinemas no Rio de
Janeiro e que muito fez para o engrandecimento de nosso clube. Seu nome foi
escolhido para batizar o estádio por iniciativa de um grupo de sócios e conselheiros
que encaminharam o pedido para aprovação do Conselho Deliberativo. O Presidente
da Federação Metropolitana de Futebol, Dep. Vargas Netto, apoiou a indicação
através de uma crônica publicada na Revista Bonsucesso de junho de 1948
Sem as
cadeiras, amplo espaço para torcida. Foto: Arquivo.
Na
década de 60 o estádio do Bonsucesso foi considerado por Adolpho Schermann como
um dos melhores da cidade, em razão do mesmo apresentar cobertura na social,
instalações elétricas, gerador próprio, alambrado, vestiários amplos e
arejados.
Com
capacidade para 10 mil pessoas, antes da colocação das cadeiras do Maracanã,
outro nome foi dedicado ao estádio rubro-anil. Provavelmente por razão da morte
de um ex-presidente, o estádio passou por um novo batismo e muda de nome para
Rubens de Araújo Reis, falecido em 1983. Nos últimos anos um novo batismo e
dessa vez homenageando o craque Leônidas da Silva, falecido em 24 de janeiro de
2004.
Em
2012, depois de prestar relevantes serviços ao esporte por 83 anos, um dos mais
antigos estádios e patrimônio histórico do subúrbio do Rio de Janeiro, é alvo
de interdição da Federação de Futebol de nosso estado para realização de
partidas válidas da Série A. A remodelação com as cadeiras do Maracanã, ampla
reforma e colocação do novo alambrado, não foram fatores suficientes para a sua
liberação junto a Federação.
Abração a todos.
Palco de
emoções no futebol. Foto: Arquivo.
Fontes: “O Rubro-Anil da
Leopoldina”, artigo de Laércio Becker; FFERJ; Site rsssfbrasil.com; Acervo particular.