Depois de alguns meses de discussões, o movimento Bom Senso FC
concluiu a proposta do novo calendário para o futebol brasileiro que irá
apresentar a público e à CBF (Confederação Brasileira de Futebol) na
próxima semana. O movimento, que já conta com mais de mil jogadores de
todas as divisões do futebol nacional, sugere a criação de uma Série E
para o Campeonato Brasileiro e propõe mudanças também no formato dos
campeonatos estaduais.
Segundo apurou a BBC Brasil, o calendário
idealizado pelo Bom Senso tem o Campeonato Brasileiro começando em
fevereiro, logo após uma pré-temporada de um mês, e se estendendo ao
longo do ano todo, até o início de dezembro. A novidade, além das datas
da competição - que atualmente é disputada de maio a dezembro - seria a
quinta divisão, criada para alocar 430 clubes.
A proposta também
inclui novidades para os campeonatos estaduais, que hoje começam em
janeiro (o que inviabiliza a pré-temporada integral) e duram quatro
meses em alguns Estados, como São Paulo e Rio de Janeiro. No novo
calendário pensado pelo Bom Senso, as competições regionais teriam um
formato de Copa do Mundo, com sete ou oito datas, e aconteceriam durante
o mês de julho.
Desta forma, o movimento dos jogadores acredita
que conseguirá solucionar o principal problema do calendário do futebol
brasileiro: o excesso de jogos para as equipes grandes e a escassez
deles para os clubes menores, sem tanta expressão nacional.
O
Bom Senso chegou a falar sobre o calendário idealizado pelos jogadores
na reunião que teve com o Ministro do Esporte, Aldo Rebelo, nesta
segunda-feira, em São Paulo. O ministro recebeu bem a ideia, que agora
será apresentada oficialmente na próxima segunda, em um seminário a ser
realizado na sede da faculdade Uninove, na Barra Funda, também em São
Paulo. O movimento convocou a CBF para o evento, mas não obteve
confirmação de presença da entidade por enquanto.
Detalhes da proposta
Desde que surgiu, em setembro do ano passado, o Bom Senso começou a
discutir possíveis soluções para reformular a temporada do futebol
brasileiro, que respeitassem suas principais reivindicações: o período
de férias e de pré-temporada (um mês para cada), o mínimo de 30 e o
máximo de 70 jogos disputados por ano, a distribuição melhor do
calendário ao longo do ano e pausas nas datas oficiais da Fifa para
amistosos de seleção.
Com a criação da Série E, a quinta divisão
do Campeonato Brasileiro, o movimento propõe "preencher" o calendário
de mais 430 clubes que atualmente não têm compromissos ao longo do ano
todo, quando os estaduais se encerram. Assim como as Séries A, B, C e D,
a ideia é que a Série E comece a ser disputada em fevereiro e termine
em dezembro.
Os detalhes da nova divisão proposta pelo movimento
serão apresentados no seminário da próxima segunda-feira. Mas o Bom
Senso garante ter encontrado um formato viável economicamente para
sustentar a Série E e "empregar" os atletas dos 430 clubes que
participarão dela o ano inteiro. As Séries C e D, que existem hoje com
20 e 40 clubes, respectivamente, são subsidiadas pela CBF.
Para
manter os tradicionais estaduais no calendário, o Bom Senso sugerirá um
formato de Copa para as competições em cada estado. Os times - incluindo
os clubes grandes, que seriam mantidos na disputa - seriam divididos em
grupos em uma primeira fase, os dois melhores de cada chave avançariam
às oitavas e o mata-mata seguiria até a decisão. Sempre em jogos únicos.
Dessa forma, os estaduais teriam 7 ou 8 datas, dependendo de cada
região, e ocorreriam somente no meio do ano, entre junho e julho, quando
também ocorrem quase que anualmente as competições de seleções, que
acabam desfalcando os clubes por um período - Copa América, Olimpíada,
Copa das Confederações, etc.
Próximos passos
Com a proposta elaborada e documentada, o Bom Senso irá seguir tentando
um diálogo com a CBF para conseguir implantar as mudanças pretendidas
no calendário já na temporada de 2015.
O movimento chegou a ser
recebido pela entidade máxima do futebol nacional no ano passado e
conseguiu alguns avanços - como o aumento da pré-temporada para o ano
que vem -, mas ainda não obteve mudanças mais efetivas nas principais
reivindicações: o calendário e o fair-play financeiro.
A
proposta do fair-play inclui a criação de um sistema de controle de
finanças para impedir que os clubes gastem mais do que podem em salários
e compras de jogadores, por exemplo. A ideia funciona parcialmente na
Europa, onde foi implementada pela Uefa (Federação Europeia de Futebol).
O Bom Senso também sofreu um "desfalque" do ano passado para cá com a
saída do seu antigo líder e porta-voz, o zagueiro Paulo André, que saiu
do Corinthians recentemente para jogar no Shanghai Snhenhua, da China.
Ainda assim, o movimento tem se estruturado cada vez mais e agora busca
o apoio da opinião pública para pressionar a CBF por mudanças. Por meio
do site bomsensofc.org, os jogadores tentam reunir assinaturas em uma
petição que pede à entidade que atenda às demandas do movimento. Até
agora, o abaixo-assinado já tem mais de 46 mil nomes.
Fonte: UOL