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16/04/2021

GRUPO 'POR UM NOVO BONSUCESSO' SE SENSIBILIZA, DOA UNIFORME PARA LEILÃO E IDOLO VISITA MIKE TYSON

Júlio Galvão esteve na casa de Mike Tyson para autografar a camisa que será leiloada
Foto: Fanáticos pelo Cesso

Os sócios do grupo de oposição 'Por Um Novo Bonsucesso' se sensibilizaram com a trajetória de vida de Enéas de Andrade, o Mike Tyson, ex-maqueiro do Maracanã, após a diretoria do clube não doar nenhum uniforme para o leilão solidário e sequer enviar um representante ao evento organizado pelo Museu da Pelada, na última terça-feira, no Maior do Mundo. O Bonsucesso foi a única ausência entre os 12 times mais tradicionais do Rio de Janeiro, todos representados por ex-jogadores. 

Para reparar imediatamente a falha da diretoria rubro-anil, os sócios recolheram autógrafos do ex-zagueiro Hélio e do ex-goleiro Júlio Galvão (integrantes da lista dos 100 maiores jogadores do centenário do Bonsucesso) e fizeram a doação da camisa para ajudar o ex-funcionário do Maracanã, que passa por dificuldades financeiras e perdeu a visão devido o glaucoma. 

Além da singela ajuda, a reportagem do Fanáticos pelo Cesso acompanhou a visita de Júlio Galvão (campeão da Segunda Divisão pelo Bonsuça em 1984) até a casa de Enéas de Andrade, que mora a poucos quilômetros da Teixeira de Castro. Além de presenteá-lo com um novo uniforme e autografar a camisa na presença de Mike Tyson, presenciamos várias histórias da lenda viva do 'Velho Maracanã'.

"O Maracanã me deixou famoso. Às vezes, me sentia até o dono do estádio. Participei de muitos eventos, concertos e shows internacionais lá. Eu tinha muita moral. Quando acabavam os jogos, eu esperava do lado de fora do Maracanã para pegar uma carona às vezes e ficava cercado para dar muitos autógrafos. Era popstar. Se eu não tivesse esse problema eu estaria no Maracanã até hoje. Poderia ser chefe dos maqueiros", disse Enéas de Andrade, de 80 anos.


Presente no evento que ocorreu essa semana no Maracanã, Mike Tyson não escondeu a felicidade de ser lembrado e reconhecido pelos serviços prestados. O ex-maqueiro ainda relembrou a amizade com os ex-jogadores e ídolos.

"Foi muito bacana. Conhecia todos os jogadores que foram me homenagear. Faltou apenas o Zico, que não está no Rio de Janeiro e o Roberto (Dinamite). Adoro eles dois. Igual a eles não tem. O Dinamite me ligou essa semana. O Adílio também estava no Maracanã. É um cara sensacional. O Zico tinha uma confiança em mim muito grande. Batia papo com o Edu na varanda da casa dele. Me perguntava quem eu era para viver aquilo tudo. Achava que vivia um sonho."

Enéas de Andrade, o Mike Tyson, relembrou uma passagem que ele considera marcante com o Galinho de Quintino.

"Eu já fiz a segurança para o Zico. Uma vez, estava olhando o carro dele e chegaram uns caras destinados a roubar. Eles me falaram que iam levar o veículo. Quando eu disse que o carro era do Zico, eles saíram correndo", disse reconhecendo o respeito que os bandidos tinham pelo camisa 10 do Flamengo.

Enéas que começou colocando as bandeiras no entorno do campo antes de ser maqueiro, demonstrou muita gratidão pelo ex-narrador Januário de Oliveira que o batizou com o apelido de Mike Tyson.

"Tenho muito respeito pelo Januário de Oliveira. Adorava quando ele dizia: 'está lá um corpo estendido no chão'. Era minha hora de atuar", disse Enéas que já esteve no Programa do Chacrinha para participar de um concurso.

"Concorri ao prêmio de homem negro mais bonito do Brasil. Não queria ir, mas acabei convencido a participar do Programa do Chacrinha. Me inscrevi e fiquei com o segundo lugar."

Fora do Maracanã desde as obras para a Copa do Mundo de 2014, Enéas de Andrade ainda aguarda uma homenagem dos administradores do estádio e sai em defesa do antigo Maraca.

"A SUDERJ me prometeu uma homenagem, mas não fizeram nada. Trabalhei por mais de 30 anos no Maracanã. Vamos aguardar se alguma coisa acontece após o fim da pandemia. Hoje, o Maracanã está diferente. É só luxo. Um Fla-Flu antigamente era especial. Era uma linda festa. A geral era a coisa mais linda. Foram vários craques que passaram por lá. O interessante do estádio era o portão 18. Sabe por que? Falava para muitos: 'Me espera no portão 18'. Coloquei muito 'geraldino', 'carona' para dentro. Era porteira aberta. A geral era o maior barato!"

Companheiro do pai, Mauro de Andrade, filho único de Mike Tyson, recordou os momentos ao lado dele no Maracanã.

"Com 10 anos eu era gandula. Quando não estava no campo, meu pai me deixava nas cadeiras assistindo os jogos enquanto ele trabalhava. Meu pai é Vasco e eu sou Flamengo. Eu fui mais inteligente (risos). Peguei a época do Zico. O espetáculo era diferente."

Mike Tyson posa com a camisa doada pelos sócios do grupo "Por Um Novo Bonsucesso"
Foto: Fanáticos pelo Cesso

Durante cerca de 1h da visita, Mike Tyson reviveu grandes momentos da sua profissão que ele tanto se dedicou e agradeceu pela gratidão dos sócios e ex-jogadores do Bonsucesso.

"Foi muito especial e bacana essa visita. Espero que vocês voltem mais. Adoro o Bonsucesso. Acompanhava muito os jogos lá. Não perdia nenhum jogo do Bonsucesso e do Olaria, mas na Teixeira de Castro era melhor", brincou Enéas de Andrade.

Hélio mandou um recado especial para o Mike Tyson e espera que o leilão ajude o ex-maqueiro nesse momento.

"Queria agradecer a oportunidade de participar e presentear junto ao grupo que está fazendo essa homenagem ao Enéas, o famoso Mike Tyson. É um grande prazer e orgulho contribuir e participar dessa homenagem a ele. Um grande abraço e muitas felicidades. O Bonsucesso está presente. Estava fora naquele dia, mas está sempre no seu coração" (veja o vídeo abaixo).

Hélio autografou a camisa do Bonsucesso e mandou um mensagem especial a Mike Tyson
Vídeo: Fanáticos pelo Cesso

Júlio Galvão ficou emocionado por rever Mike Tyson e poder contribuir com carinho com esse momento tão duro que atravessa aquele que tanto auxiliou os jogadores em campo.

"É muito especial a gente prestigiar quem tanto nos ajudou. Ainda mais em uma situação como essa que ele atravessa. Fico lisonjeado com a oportunidade de ter feito essa visita e ter assinado a camisa na presença dele. Como eu era goleiro, acabei não precisando do auxílio do Enéas, mas ele era um espetáculo à parte no Maracanã (risos)".

As camisas dos clubes participantes do evento já estão disponíveis no site Memorabília do Esporte com lances em até 15 dias.