Ex-árbitro Luis Carlos Gonçalves 'garfou' o Bonsucesso contra o Flamengo
Foto: Arquivo Pessoal
O ex-árbitro Luis Carlos Gonçalves, o Cabelada, virou um dos personagens do documentário da Globoplay, Doutor Castor, por ter beneficiado o Bangu em determinados jogos com a presença do patrono do clube em campeonatos estaduais.
Cabelada, porém, já teve o nome relacionado a outras polêmicas no Rio de Janeiro. De personalidade forte, mas de imparcialidade duvidosa, ele já chegou a ser apontado como rubro-negro por muitos durante sua carreira no quadro de árbitro da FERJ na década de 80 e 90. Entretanto, o coração do ex-juiz sempre bateu forte pelo Vasco da Gama.
Isso, porém, não se sobrepôs ao jogo Flamengo x Bonsucesso, em 1982, em Moça Bonita, pela 7ª rodada da Taça Guanabara. O jogo se encaminhava para um placar final em 2 a 2, mas nos acréscimos do segundo tempo, Adílio 'marcou de cabeça'. O gol é escrito entre parênteses porque a bola não entrou já que Ademir Vicente tinha salvado em cima da linha, mas Cabelada apontou para o centro do campo, favorecendo o Rubro-Negro. O Leão da Leopoldina era garfado na cara dura.
O ex-dirigente William Bittar chegou a invadir o campo e dias depois, pediu a anulação do jogo no TJD-RJ, sem sucesso. Em entrevista ao Globoesporte.com em 2013, Luis Carlos Gonçalves deu sua versão do lance e negou que o gol fosse irregular.
"O Bonsucesso tinha o mando de campo, mas não podia jogar em Teixeira de Castro e levou para o campo do Bangu. O Flamengo tinha o escrete com Andrade, Leandro, Zico... E virou o primeiro tempo 2 a 1 para o Bonsucesso. Aí voltaram para o segundo tempo, o jogo duro, e o Flamengo empatou. Naquela época, quando o time de menor investimento retardava a partida, eu ia até 49, 50 minutos. E saiu aos 49 o gol do Adílio. A bola bateu na rede e saiu. Na posição que eu estava, deu para me certificar de que a bola entrou. Foi um jogo difícil, me cercaram...", afirmou. (veja o vídeo abaixo).
Em contato exclusivo com o Fanáticos pelo Cesso, Dé Aranha, que tinha marcado o segundo gol do Bonsuça, relembrou a atuação patética do Cabelada:
"O Flamengo jogou com o time completo. Era aquele time com Zico, Mozer, Leandro... Um timaço. Mas, jogamos pra c***. A bola nem de longe pensou em entrar. O Ademir tirou a bola por trás do goleiro. Ele estava a um passo da linha (do gol). Mas, como estava em cima da hora, quarenta e porrada do segundo tempo, o Flamengo tinha que ganhar o jogo... o cara meteu a mão. O bandeira foi firme. Ele nem se mexeu. Foi muito longe do gol. Ele cabeceou e caiu para trás. Cabelada era esquema monstruoso. Todo mundo já sabia. Quando colocavam ele para apitar era porque o jogo era de risco. O Bonsucesso nessa época ficou em 5º lugar e disputou a Taça de Prata. Foi um timaço que foi montado! Foi um roubo filho da p***. Foi um dos maiores assaltos à mão armada. Na filmagem, parece que ele (Ademir) estava perto do gol, mas não estava. O Jurandir (goleiro) estava a uns três passos à frente, mas o Cabelada colocou a bola na marca do cal e encerrou o jogo uns dois minutos depois. Esse era o Cabelada. Quando ele apitava, time pequeno já sabia que ia perder", garantiu Dé Aranha completando.
"Ele roubou muito pra mim quando eu joguei no Bangu do Castor de Andrade, Vasco e Botafogo. Ladrão, mas gente muito fina. Gosto dele, pois é um papo sensacional. O bom malandro", terminou Dé Aranha sorrindo.
Designado a dedo para jogos importantes do Carioca, o ex-árbitro revelou, em recente entrevista para o Esporte Espetacular, usando uma figura de linguagem para se designar como um juiz que já sabia para qual lado ele deveria favorecer.
"Eu era esse árbitro confeiteiro, que confeitava o jogo. Existe o sistema. E para você ser fiel ao sistema, tem que ser confeiteiro, se não você não é fiel", disse.
Flamengo 3 x 2 BonsucessoTaça Guanabara: 7ª RodadaData: 21/08/1982Local: Proletário Guilherme da Silveira Pilho (Rio de Janeiro)Árbitro: Luís Carlos GonçalvesRenda: Cr$ 2 505 000,00Público: 8 350Gols: Peninha 16, Leandro 24, Dé 28 e Zico 42 do 1.º; Adilio 43 do 2.°Bonsucesso: Jurandir, Ademir, Osmar, Denilson e Galvão; Carlos Roberto, Wilson e Edson; Peninha (Silvinho), Dé e Jorginho, Técnico: Carlos Roberto Flamengo: Cantarele. Leandro, Marinho, Mozer e Júnior, Andrade. Adilio e Zico; Wilsinho, Tita (Zezé) e Lico (Jasson). Técnico: Paulo César Carpegiani
Cabelada foi um folclórico árbitro da FERJ no século passado
Foto: Arquivo Pessoal
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