20/06/2022

TÁ NO LIVRO, COM PAULO JORGE #37



Por: Paulo Jorge

DA VILA PARA A TEIXEIRA: COUTINHO ENTRE NÓS

Parece estranho, mas poucas pessoas lembram dessa passagem mais que histórica do clube. Um técnico que foi jogador super campeão pelo Santos de Pelé, treinou o time suburbano. O ano de 1993 foi considerado de mudança para o Bonsucesso. A diretoria desejava voltar aos tempos de glória do passado com as boas campanhas no Carioca.

O ano começaria com grande aposta na chegada do técnico Coutinho, eterno companheiro do Rei do Futebol, aos 49 anos. O compromisso do novo comandante rubro-anil era levar o Bonsuça de volta à elite.

Coutinho encerrou a carreira de jogador muito cedo, aos 30 anos, sendo que defendeu o Peixe por 13 anos. O motivo dele ter parado foi a balança. Segundo o jogador, ele sempre teve dificuldade de emagrecer e chegou um momento que não conseguia mais se controlar.

A diretoria abriu os cofres e o presidente José Ferreira Simões não pouparia esforços para isso, e não foi só a contratação do Coutinho que movimentou a Teixeira de Castro. Outros jogadores chegaram para acrescentar o elenco. O maior desejo de todos era fazer o Bonsucesso campeão.

"Estamos apenas iniciando a realização de um velho sonho, que é o de fazer o Bonsucesso grande, forte e vencedor. As dificuldades são muitas, mas conseguimos alguns patrocínios e estamos certos de que outros virão. O Bonsucesso voltará a ter uma equipe competitiva e brigando pelo título", afirmou ao Jornal dos Sports. 

Simões estava no cargo desde 1991, e nos primeiros dois anos, ele investiu nas divisões de base com a intenção de montar uma equipe competitiva e lucrativa. Tão logo, ele estaria pronto para investir no profissional. 

Os juniores ficaram 30 jogos sem derrotas, um recorde para um time de base. Alguns desses jogadores seriam incorporados a equipe principal.

"Traçamos um plano de trabalho, e estamos procurando atingir as metas às quais demos prioridade. Montamos um time de juniores forte, que ficou inclusive 30 jogos sem perder, e agora o próximo passo é investirmos nos profissionais", afirmou o presidente.

Todos os salários seria pagos em dólares, isso era uma mostra da mudança de mentalidade. Coutinho chegava com salário de CR10 milhões mensais e o clube conseguiria um novo patrocínio: a Vidraçaria Paris, que lhe renderia 10 mil dólares por mês.

"Não vim para o Rio por uma questão de necessidade financeira. O que consegui no futebol já dá para viver com relativa tranquilidade. Aceitei o convite do Bonsucesso porque é um desafio gostoso de ser encarado. Não gosto de estabelecer comparações se o futebol mudou ou não. A bola não mudou. O que pode ter mudado é o estilo de jogar, mas não me atrevo a dizer se para melhor ou para pior. Estilos são estilos e isso não pode ser discutido. No Rio, por exemplo, o futebol é mais técnico. Em São Paulo é jogado mais na base da garra. Mas não é por isso que vou dizer que um é melhor que o outro", afirmou Coutinho acrescentando sobre a chegada ao novo clube.

"Primeiro vou sentir o material que tenho em mãos. Depois disso converso com os dirigentes para ver se estes jogadores me bastam ou se teremos que pensar em alguma aquisição. Sobre isso, não gosto de falar muito, pois em futebol quando se fala demais, as coisas não vão para frente", concluiu.

A chegada de Coutinho também tinha em paralelo um trabalho em conjunto com o União Uanco de Guadalajara, clube que poderia ser uma ponte para a vinda de jogadores que estavam despontando através do empresário Rubens Peres, influente na América Central.

Na sua passagem pela Teixeira de Castro, Coutinho teve uma campanha convincente no Grupo B da 1ª Divisão Estadual (1º turno), levando o clube ao Grupo A para disputar a Taça Rio (2º turno) ao lado dos quatro grandes do futebol carioca. Apesar da promessa, sem grandes investimentos, o técnico não conseguiu deixar o Bonsuça no Grupo A e no fim da Taça Rio despediu-se do futebol carioca retornando a Santos.

No geral, foram nove vitórias, um empate e uma derrota. Confira abaixo os jogos sob o comando do eterno Coutinho, que faleceu em 2019, aos 75 anos, vítima de um infarto.

06/02: Bonsucesso 1 x 0 Olympico
14/02: Mesquita 0 x 1 Bonsucesso
27/02: Bonsucesso 2 x 0 Madureira 
03/03: Itaperuna 1x 0 Bonsucesso 
06/03: Bonsucesso 1x 0 Goytacaz
14/03: Friburguense 0 x 1 Bonsucesso 
20/03: Bonsucesso 1x 0 Barreira
28/03: Campo Grande 2 x 3 Bonsucesso
04/04: Serrano 1 x 1 Bonsucesso 
07/04: Bonsucesso 3 x 1 Portuguesa
11/04: Saquarema 0 x 2 Bonsucesso

 
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Fonte: Jornal dos Sports e Blog Folha Rubro-Anil

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