Os últimos serão os primeiros
(mas o quinto lugar não subirá)
Cajá é um distrito do município de Caldas Brandão, quase o meio do caminho das duas principais cidades da Paraíba - 60 km a oeste está Campina Grande; 75 para o leste, a capital João Pessoa.
1985: eleição indireta de Tancredo Neves, que não levou por veto do
Departamento Médico. Os motivos de sua morte são tão controvertidos quanto o
título do Campeonato Paraibano do mesmo ano. O Treze, time de futebol mais
antigo da Rainha da Borborema, questionou na Justiça Comum a realização da
competição. Resultado: enquanto os juízes determinaram a divisão do título
entre o Galo e o Botafogo de João Pessoa, a Federação de Futebol até hoje não
reconhece nenhum campeão.
Resultado: pergunte do sertão até Cajá, fim do agreste paraibano, e o
campeão será o Treze. Dali pra Jampa, entra na Zona da Mata, litoral e o título
passa ao alvinegro da estrela vermelha.
Vinte e sete anos depois, a história se repete num misto de farsa e
tragédia. E, como se não bastasse, ao custo do atraso de um mês no início da
Série C (a se iniciar na sexta, 29/6) e de três semanas para o pontapé da Série
D do Brasileirão. Curioso é que os últimos na classificação geral foram os
primeiros a correr, prejuízo à frente.
Quando a OAB do Ceará - Estado que possui quatro times na Terceirona
(Fortaleza, Guarany de Sobral, Icasa e Horizonte) - ajuizou uma Ação Civil
Pública pedindo a paralisação das séries A e B do Brasileiro, o calendário - e
os orçamentos dos clubes das duas séries inferiores - já tinham uma defasagem
de duas semanas. Em termos de grana, só os do Ceará, em 21/06/2012, somavam
R$1,6 milhão (http://globoesporte.globo.com/ce/noticia/2012/06/sem-series-c-e-d-prejuizos-de-clubes-cearenses-ultrapassam-r-16-milhao.html).
Qual era mesmo o Estado da OAB?
“Aos amigos,
tudo; aos inimigos, a lei; e, de preferência, burlada”
O regulamento do Campeonato Brasileiro da Série D previa, em sua edição
de 2011, o ascenso de quatro equipes para a Série C. Tupi (MG), Santa Cruz
(PE), Cuiabá (MT) e Oeste (SP) encabeçaram a classificação e, logo depois,
havia o Treze da Paraíba.
Na série C, no entanto, nem tudo foram flores. O Rio Branco (AC) se
envolveu numa briga de foice após o Ministério Público requerer - e conseguir -
a interdição de seu estádio para a presença de público, acarretando punição por
parte da CBF.
Recorrendo à Justiça Desportiva, o time do Acre chegou a ter suspensa a
punição até o término da primeira fase, quando a sua exclusão foi confirmada.
Partindo para a Justiça "comum", o time conseguiu a paralisação de
parte da segunda fase da competição, mas um acordo envolvendo ainda a entidade
então presidida por Ricardo Teixeira e o STJD reconhecia o exagero na dose e garantiria
a permanência do clube acreano, desde que o mesmo desistisse do procedimento
iniciado perante a justiça comum. Dito e feito.
Mas nem tanto.
O Araguaína (TO), último colocado no grupo do Rio Branco
durante a primeira fase - quando se deu a punição ao clube acreano, pleiteava
manter-se na terceirona buscando no Judiciário a anulação do acordo entre o
Estrelão - como é conhecido o time do extremo oeste do país - e a entidade (de
segurança) máxima, visando sua permanência na divisão. O Treze da Paraíba,
lembrando os tempos de Tancredo, embarcou na onda e também se achou no direito
de pleitear a vaga que já não mais havia sido deixada pelo Rio Branco.
Como se não bastasse, o Brasil de Pelotas (RS) também recorreu à justiça
comum para tentar reverter a punição sofrida pela escalação de jogadores
irregulares na competição - o time perdeu seis pontos e, devido a isso, acabou
rebaixado.
Pra formar o sururu, o Rio Branco resolveu entrar de novo na Justiça –
acreana, lógico – exigindo da CBF o cumprimento do acordo firmado perante o
STJD.
Ajuizando suas demandas sempre "em casa", na prática os três
clubes acabaram obtendo liminares para que fossem incluídos no campeonato deste
ano. A resposta da Justiça Desportiva (STJD) foi a suspensão das séries C e D,
que já tinham tabela divulgada com antecedência, na forma do Estatuto do
Torcedor (Lei 10.671/2003).
Enquanto os presidentes das federações paraibana, tocantinense e gaúcha
esperavam o retorno do ora (?) todo-poderoso José Maria Marin de uma viagem à
Disneylândia com direito a ver três jogos dum time que lembra uma seleção
brasileira de futebol; diversos jogadores se desligavam de vários dos sessenta clubes
que participam das duas divisões, seja por cortes de orçamento ou propostas
externas. A angústia e as dívidas aumentavam, indefinição persitia.
Os dirigentes, então, conseguiram a desculpa para visitar Copacabana e,
de quebra, participar de um rega-bofe na sede da Confederação quando Marin finalmente
voltou da Flórida. Aproveitaram ainda a oportunidade alguns políticos como o
senador paraibano Vital do Rego Filho, que é torcedor do Campinense - e aí
param as coincidências com meu irmão, é preciso dizer.
Após a reunião, e mais algumas conversas, a pressão da CBF através da
lembrança aos clubes de que a FIFA odeia qualquer tipo de controle externo
levou Rio Branco, Araguaína e Brasil de Pelotas a desistirem das ações
judiciais através de uma acordo com a CBF e a Justiça Desportiva. O primeiro permaneceria
na série C, e os demais disputariam a D.
Com isso, o STJD liberou a quarta divisão, que começou no fim de semana
de São João, o santo mais festejado do Nordeste, em todas as noites de 23 de
julho, dois dias depois do dia em que a terra fica mais longe do sol, quando
costuma começar o inverno.
Faltou, no entanto, acertar com o alvinegro algarísmico, que não tinha
mais chances de jogar a série D novamente este ano, ao contrário dos demais
envolvidos (o galo ficou em terceiro no Paraibano). Ora, havia um papel
assinado pela juíza da 1a Vara Cível de Campina Grande dizendo:"- O Treze
Futebol Clube foi o quinto colocado do Campeonato Brasileiro da Série D, versão
2011, e como consequência, é legitimado a ser contemplado, a título de
ascensão, a vaga deixada pelo Rio Branco do Acre." Do mesmo modo, porém, o
Rio Branco tinha outro papel em que algo parecido também estava escrito, porém
a favor do Estrelão. O time do Acre, no entanto, resolveu acreditar nas
palavras do Zé das Medalhas.
E, assim, diante do fato de que três juízos proferiram três decisões
obrigando a CBF a fazer três coisas completamente incompatíveis entre si, a Entidade
pôde então "escolher" uma - a que, aliás, parece a mais sensata.
Afinal, o Rio Branco se manteve na série C ano passado - já que sua punição foi
revogada por acordo - e o regulamento das competições previa que apenas quatro
clubes ascenderiam na D. Antes de pensar como viável a "letra" do
Treze, é preciso lembrar que, caso o Rio Branco fosse excluído da competição,
mais lógico seria o Araguaína herdar sua vaga, uma vez que a equipe acreana
passaria a último do seu grupo, salvando os tocantinenses do rebaixamento.
No domingo (31/7), o Madureira receberá o Brasil de Pelotas às 15h na
Conselheiro Galvão, caso o STJD não suspenda o time do sul pelas
"aventuras" na Justiça "comum". Já sábado (30/7), é dia de
jogo para o Rio Branco, que jogará em casa contra o Salgueiro de Pernambuco. Enquanto
isso, a torcida do galo da Borborema terá precisado torcer na sexta-feira (29/6)
para que a equipe não saia do banco – dos réus, perante o STJD – punida e acabe
deixando de participar da Copa Paraíba de 2012, a começar apenas em setembro.
O Bonsucesso vai jogar um mês antes, na Copa Rio, como sabem (http://estopim.net/y7/?p=1627).
***
O Friburgunse estreou com vitória fora de casa na Série D, sobre o
Guarani de Minas, por placar simples. Já o Volta Redonda, que somente confirmou
sua participação no último dia 22, após a desistência do Resende, fará sua
primeira partida contra o tricolor serrano, em partida válida pela segunda
rodada da peleja. A Federação de Futebol do Rio de Janeiro tem direito a dois
representantes na Série D, pelo fato de estar entre as nove melhores no ranking
da CBF (http://www.cbf.com.br/media/346814/of%20dco-ger%20306.11%20de%2014.12.11%20-%20rnc%202012%20%28errata%29.pdf).
Além destes, ainda participam do Brasileirão os quatro assim chamados “grandes”
na primeira divisão e ainda Duque de Caxias, Macaé e Madureira na série C.
Nenhum time do Rio joga, atualmente, na segundona.
Único time da Paraíba que já jogou a segunda divisão nacional, o
Campinense (http://www.campinenseclube.net/)
possui torcedores ilustres como o Senador Vital Filho, e o não menos conhecido José
Laurentino Neto, também chamado de meu irmão. O rubro-negro da Bela Vista começou
perdendo, mas virou bonito e definiu o placar no 2 a 1 contra o Petrolina-PE,
num Amigão de público bom para um jogo adiado por um mês que foi parar no
domingo depois da noite de São João.
O destaque da partida, infelizmente, foi a
arbitragem, que prejudicou todos os lados: dos times à torcida, que teve de
acender isqueiros e luzes de celular para compensar a torre de refletores que
permaneceu apagada boa parte do segundo tempo, devido ao risco de sobrecarga e
pane no sistema de todo o estádio. A bem da verdade, o juiz paralisou por duas
vezes a partida e consultou os capitães quanto às condições de jogo, e estes
aquiesceram.
E ainda pode ter gente dizendo que eu não falei de futebol.
(com informações de http://betovetromille.blogspot.com.br/2012/05/futebol-de-mesa-outra-da-serie-c-agora.html,
http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/esportes/santa-cruz/noticia/2012/06/27/cbf-consegue-manobra-juridica-e-serie-c-comeca-neste-fim-de-semana-47108.php,
http://brasileiroseried.blogspot.com.br/2012/06/campinense-2x1-petrolina.html,
http://www.trezegalo.xpg.com.br/1985.html,
http://espn.estadao.com.br/noticia/264387_volta-redonda-confirma-participacao-na-serie-d-no-lugar-do-resende,
http://www.contilnet.com.br/Conteudo.aspx?ConteudoID=18048).
Espetacular matéria. Tudo que vc escreveu é resultado de regulamentos mal elaborados, fórmulas malucas de classificação, acordos de portas fechadas e um festival de besteiras administrativas executadas pelos dirigentes associadas a lerdeza da justiça ou a intervenção desta onde não devia. Abção a todos.
ResponderExcluirDêrauê muito boa esta materia agora vem a minha cabeça que a sacanagem não é só no Rio de Janeiro não acontece em todo o Brasil E devido a termos uma corja de safados no futebol a coisa existe escrevo isto pois nosso clube sentiu na pele pois não queriao que nosso clube subisse exemplo disto ainda na segundona interditarão nosso campo e tivemos que jogar algums jogos ou com o campo fechado ou em outro estádio sem nossa torcida .
ResponderExcluircomo eramos indesejaveis na serie A do carioca não achavao que nosso clube com muita luta conseguiria subir e conseguimos mais no ano da subida de novo a sacanagem reina e não deixarao nosso clube jogar em seu campo e acabamos rebaixados uma injustiça e sacanagem que fizerao conosco .
se o orgao responsavel pela organização fosse sério e competente nada disto teria acontecido mais e bom para aprendermos com nossos propios erros pois não existe esta de clube co-irmão , parceiro é tudo um jogo politico e cada um por si .
galera, sera que nosso campo esta pronto para podermos usar na segundona e não haver intervençoes como as anteriores ?
deixo meu recado !
Valeu pela leitura, gente! Ronaldo, precisamos combater os desmandos da Federação. Precisamos também descobrir como fazer isso de maneira eficaz. Eu não acredito que tentar
ResponderExcluirqualquer acordo de portas fechadas, como bem falou o prof. George, resolva a situação. Precisamos lutar por transparência. Abraços a todos!
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