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31/10/2013

POLÍCIA INVESTIGA SE VINGANÇA MOTIVOU A MORTE DO EX-JOGADOR JOÃO RODRIGO


A Divisão de Homicídios (DH) da Polícia Civil investiga se postagens feitas numa rede social por João Rodrigo Santos Silva, que foi decapitado e teve a cabeça abandonada na casa da família na madrugada de terça-feira, em Realengo, na Zona Oeste do Rio, podem ter relação com o crime. No dia 15 de outubro, o perfil da loja de João no Facebook publicou imagens que seriam de três criminosos responsáveis por um roubo ao estabelecimento dois meses antes, em 13 de agosto.

Na página, que leva o nome da loja - “Força Natural Produtos”, onde João vendia suplementos alimentares -, o comerciante escreveu: “Pessoal, me ajude a colocar esses ladrões de lojas na cadeia. Fui furtado por esses criminosos, quem reconhecer um desses me ajude!”. A postagem incluía 20 imagens de câmeras de segurança, que mostram três homens caminhando pela rua. O roubo, que causou um prejuízo de cerca de R$ 10 mil, foi registrado na 33ª DP (Realengo) na ocasião.

- Vamos comparar com a filmagem que flagrou dois homens, um deles armado, rendendo a vítima na porta da loja na noite de segunda-feira. A hipótese de que sejam as mesmas pessoas é uma das linhas de investigação - explicou o inspetor Rafael Rangel, chefe de investigação da DH. 

Funcionários da loja de suplementos alimentares de João, que fica perto de sua casa, disseram aos policiais que o ex-jogador teve uma rotina normal na segunda. A DH já sabe que João foi rendido na porta do comércio pelos dois homens que aparecem nas imagens, às 19h45m. Um terceiro ficou na cobertura, em um veículo Astra verde, o mesmo carro que foi visto deixando a cabeça na calçada. Os bandidos colocaram João no banco do carona de seu carro - um Hyundai i30, que ainda não foi encontrado - e seguiram com ele.

Corpo encontrado em Rio

Na noite desta terça-feira, a polícia localizou um tronco, duas pernas e um braço no Rio Guandu, no trecho próximo à Rodovia Presidente Dutra, em Queimados, na Baixada Fluminense. A esposa de João - a policial militar Geísa Silva, de 31 anos, que atual na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Morro de São Carlos, na Zona Norte - reconheceu uma das pernas como sendo do marido, por conta de uma tatuagem. O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML), no Centro da cidade, e o exame de DNA que comprovará sua identidade só deve ficar pronto no fim de novembro.

A polícia não trabalha, em um primeiro momento, com a possibilidade de o crime ter relação com o trabalho da mulher da vítima, que cumpre apenas funções administrativas na PM. Até o momento, dez pessoas já foram ouvidas pela DH, que tenta localizar outras possíveis testemunhas que também possam prestar depoimento.

- Pedimos que quem tenha qualquer informações procure a polícia. Foi um crime de uma brutalidade sem precedentes - afirmou Rafael Rangel.

Em choque

Colegas de farda de Geísa contaram que ela está em estado de choque. Segundo elas, a PM ainda não consegue aceitar a morte brutal do marido, com quem estava casada há 11 anos. O casal não tinha filhos - João tinha um menino de um relacionamento anterior.

De acordo com policiais que trabalhavam com a soldado, João e Geísa eram muito felizes. Ela comentava com os colegas que se dava muito bem com o marido e costumava contar de surpresas que o ex-jogador fazia.

A mochila onde estava a cabeça de João foi encontrada pela própria esposa, por volta das 5h30m de terça-feira. Ela reconheceu o objeto como sendo do marido e o abriu. Vizinhos ouviram a PM gritar: “Meu Deus, é o João! É a cabeça do João!”. Em depoimento prestado nesta terça, Geísa contou que nem ela nem o marido sofriam ameaças.

Carreira no futebol

Antes de se dedicar ao comércio, João foi jogador de futebol. A carreira durou nove anos - entre 1996 e 2005 -, durante os quais marcou 33 gols em 103 partidas. O comerciante era atacante, conhecido pelo apelido de Herói Humilde, e passou pelo Bangu, Madureira, Boavista, Volta Redonda, Tigres, Duque de Caxias, Olaria e Bonsucesso (times que disputam o Campeonato Carioca). Ele também jogou no paraense Remo, no Botafogo de Brasília e ainda em clubes fora do Brasil - o Oster, da Suécia, e o Olimpia, de Honduras.

Fonte: O Globo