24/07/2012

"A CRÔNICA CRÍTICA DE UM RUBRO-ANIL" COM DÊRAUÊ


Efemeridades
(porque a última semana concentrou boas doses)

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16 de julho


Um jogo, um esporte e uma nação eternizados no silêncio de um estádio inteiro: maracanazo. Mesmo o Brasil abrindo o placar no início do segundo tempo, vinte minutos depois o Uruguai empata e, faltando onze para acabar, vira o jogo. A multidão, a cidade e o país que viu a foto dos campeões nos jornais matutinos daquele domingo custou a acreditar. Tanto que não foram capazes de um ato de vandalismo, um quebra-quebra, uma pedra sequer no ônibus da delegação da Celeste. Respirava-se perplexidade na terra de Santa Cruz.

A culpa era deles, e eles puseram a culpa em quem eles quiseram. Aqui, o Galeano, embora também uruguaio, caiu como uma luva: "carrega nas costas o número um. Primeiro a receber? Primeiro a pagar." Não consta que Barbosa usasse proteção nas mãos, nem que sua reputação como goleiro tivesse sido posta em dúvida antes daquele gol do Ghigghia. Também falaram do Bigode, quem devia marcar o autor do segundo gol. E ainda houve quem reclamasse do Juvenal, o homem da sobra a cobrir o Bigode. Não era coincidência que os apontados fossem, como na música de Caetano e Gil, todos pretos: na Copa de 50, a vitória foi do preconceito. Adivinha quem foi vice?

Ora, pois: como se técnico, médico, massagista e dez jogadores do Brasil não fossem... do Vasco. Estigma de vice? Na época, falava-se que o time da colina não conseguia era ser bi-campeão. 45, 47 e 49 não conseguiram fazer esquecer 46 e 48 na trave, com histórias de entorpecentes em garrafas térmicas e tudo. 1950, portanto, não era o ano... e não foi mesmo. Tanto que o time que tem o nome de um vice-almirante conseguiu ser bicampeão: a final foi disputada em 28 de janeiro de 1951. Mais de 120 mil fizeram o maior público da história do "clássico da paz" e viram a equipe de São Januário fazer 2 a 1 sobre o América. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Cl%C3%A1ssico_da_Paz_(Rio_de_Janeiro)).

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19 de julho

Não é piada, mas foi quando um grupo de alemães, ingleses, portugueses e brasileiros fundou, em 1900, o primeiro clube de futebol no Brasil, digo, no Rio Grande do Sul. Graças à CBF e ao Sport Clube Rio Grande, é considerado o Dia do Futebol por estas bandas. Parece que, por lá, também.

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23 de julho

"A explosão da multidão em júbilo com o apito final e os torcedores invadindo – digo, ocupando democraticamente – o campo, o cheiro de luva na mão após os sinceros cumprimentos ao goleiro (quem ocupa a posição sabe do que falo) e as lágrimas quase infantis daqueles senhores de cabelos brancos e camisas vermelho-azuis compuseram finalmente a foto da qual eu, até então, tinha apenas a legenda - a advertência daquele honrado argentino. E a escolha, até então de consciência, fincou os pés naquele gramado, apesar de irregular, alcançando o coração."



Como bem lembrou o http://fanaticospelocesso.blogspot.com.br/2012/07/230712-ha-01-ano-bonsucesso-conseguia.html, na última segunda-feira registrou-se o primeiro ano da histórica conquista do heptacampeonato da segunda divisão do Rio de Janeiro pelo Bonsucesso Futebol Clube. E foi a primeira vez que eu vi o Leão da Leopoldina campeão, sim, depois daquilo era, ainda que faltasse uma rodada para o fim do campeonato.

Se a Federação impedia a massa rubro-anil de entrar na Bombonera Suburbana, a dona Olga orientava os menos afoitos a buscar a porta da rua de trás. Lá, malandramente, o Russo esperava que o delegado desse as costas para, de um em um, sem correr ou chamar atenção, os torcedores se "infiltrassem" com sucesso. E que sucesso. De virada, pra variar, 2 a 1 sobre o Estácio. Estava nublado, fazia frio, mas a tarde foi brilhante nos arredores da Praça das Nações. Os primeiros raios vieram da Teixeira de Castro.
Que venham os próximos.

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2 comentários:

  1. O goleiro Barbosa participou de uma homenagem do Programa Domingão do Faustão. No programa, emocionado, declarou que "pagou a vida toda" o fracasso da perda do Mundial de 50. E por falar desta "tragédia do futebol" lembrei de outra ocorrida no Maracanã e de acordo com cronistas da época, comparada a de 50. Foi a vitória do Bonsuça sobre o Flamengo por 2 a 0 em 1968, adiando a decisão da Taça Guanabara (campeonato independente do Carioca). Abração Dêrauê.

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  2. Salve, professor! Obrigado pela leitura! Tragédias à parte, o nosso triunfo de 68 merece ser sempre lembrado. Grande abraço!

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